Um rei de chinelos e mangas de camisa, circulando pelas periferias da existência com simplicidade, numa bicicleta velha, daquelas de barra forte e sem marcha, cercado de gente simples, sem dinheiro, sem poder, sem fama. Parece mais um personagem de filme ou uma das tantas figuras “exóticas” que vivem nas ruas e vielas de muitas cidades. No entanto – pode-se imaginar – seria a imagem mais ou menos atual do rei descrito pela profecia de Zacarias que a liturgia deste 14º Domingo do Tempo Comum nos apresenta: “Eis o teu Rei, justo e salvador, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho duma jumenta” (Zac 9,9). Não deixa de ser desconcertante que o enviado de Deus, aquele que vem anunciar a paz e trazer a justiça, aproxime-se com tanta simplicidade e discrição.

Mais uma vez somos confrontados com a sabedoria surpreendente de Deus que, em Jesus Cristo, assume integralmente este reinado de entrega e serviço. Aquele que se revela aos pequeninos se faz pequenino. Aquele que convida seus seguidores a carregarem seu fardo leve e seu jougo suave não se esquiva por nenhum momento de carregá-los também.

A liturgia deste final de semana é um convite de Deus para que seus seguidores esvaziem o próprio coração de qualquer tipo de ganância, orgulho, vaidade e ambição, a fim de criar em seu interior um trono simples, qual cadeira de palha e pau, para que nele possa reinar o Rei Jesus, simples, manso, humilde, obediente, fiel, humano e divino.

Frei Gustavo Medella