Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Dominicanos celebram com os franciscanos

04/10/2013

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Moacir Beggo

São Paulo (SP) – A solenidade de São Francisco de Assis, nesta sexta-feira (4/10), foi celebrada no Convento São Francisco, no centro de São Paulo, durante a Missa das 10h30, que teve como presidente o dominicano Frei André Luís Tavares. Como explicou Frei Gustavo Medella, no início da celebração, os dominicanos vieram retribuir a visita que os franciscanos do Convento São Francisco fizeram por ocasião do dia de São Domingos. Coincidentemente, a celebração foi no Convento que nasceu com o nome de “Convento São Domingos e São Francisco”, para homenagear os dois fundadores das duas principais Ordens mendicantes da Igreja.

Fotos Moacir Beggo No altar, ao lado dos dominicanos, concelebraram os franciscanos Frei Luiz Henrique de Aquino, que é o guardião, e Frei David Raimundo dos Santos. Também participaram da celebração os beneditinos do vizinho Mosteiro São Bento.

A bela e centenária igreja do Convento ficou lotada de fiéis, que ouviram Frei André falar com carinho e profundidade do “Pai São Francisco”.

Frei André ressaltou que Francisco foi um homem extremamente livre e que só conseguiu isso vivendo o Evangelho. Segundo ele, olhando para a vida de Francisco e para os textos da liturgia, apresentou três importantes características “do que chamou liberdade evangélica da qual Francisco é um ícone, não somente para a Igreja mas para todo o mundo”.

Para o dominicano, em primeiro lugar, a liberdade de Francisco o faz ousar. “Cheio da liberdade que afasta todo o medo, cheio da mansidão daqueles que têm seu coração junto de Deus, Francisco teve autorização para ir ao Egito falar com o sultão para ali pregar o Evangelho. Numa época de grandes confrontos com o Islã, Francisco vai pregar a paz em meio aos sarracenos só com a sua fé. A sua ousadia se configurou em diálogo. Nesse sentido, quando refletimos em nossos dias sobre a nova evangelização não podemos confundi-la com novos métodos de propaganda religiosa. Evangelizar sempre será um processo de conversão”, destacou.

Frei André disse que a segunda característica da liberdade evangélica nos faz solidários. “No dia de hoje, o Papa Francisco visita Assis e começou a sua visita indo ao encontro das crianças doentes e portadoras de necessidades especiais assistidas pelo Instituto Seráfico. Afirmou o Santo Padre sobre o Patrono de seu Pontificado: ‘São Francisco é grande porque é tudo: O homem que quer fazer coisas, itinerante e missionário, é poeta, místico, constatou sobre si mesmo o mal e saiu dele. Ama a natureza, os animais, a erva do campo e os pássaros que voam no céu, mas sobretudo ama as pessoas, as crianças, os idosos, as mulheres. A grande mística dominicana Santa Catarina de Sena, certa vez, afirmou que, como não podemos amar a Deus como ele nos ama, proporcionalmente, ele nos dá a oportunidade de amá-lo em nosso próximo”. São Francisco, ao ir ao encontro do leproso, que antes o espantava, nos ensina que quem segue a Cristo compreende que o amor a Deus e o amor ao próximo não são dois mandamentos mas somente um”.

Fotos Moacir Beggo

Frei Alvaci, “Neguinha” e Francisca

Finalmente, uma terceira característica da liberdade evangélica: o amor à Igreja. “Parece paradoxal que um homem tão livre possa ser tão apaixonado por uma instituição que as pessoas de nossos tempos costumam ver como inibidora de quaisquer liberdades e castradora do crescimento humano. A liberdade evangélica permitiu que Francisco olhasse para a Igreja não como uma mera instituição, mas como mistério, como família de Deus, como povo do Senhor, convidado continuamente à docilidade ao Espírito de Jesus. O Livro do Eclesiástico nos remete a Francisco como verdadeiro restaurador da Igreja. Diz um adágio eclesiástico: só se corrije quando há esperança! E justamente por ter esperança na Igreja, Nossa Mãe, por sentir sua realidade profunda, é que Francisco pôde, sobretudo com a sua vida, ser um dos cristãos mais críticos que o mundo conheceu”, disse Frei André, mostrando que Francisco não se descuidava dos fundamentos evangélicos. “Quando isso ocorre, o mundanismo pode tomar conta da Igreja e daqueles que publicamente se consagraram ao Evangelho”, alertou.

Por fim, pediu: “Neste dia, peçamos ao Senhor a graça de sermos como o seu Filho e como nos ensina Francisco: dóceis ao seu Espírito”.

Bênção dos Animais

A cada ano, o povo vem com seus animais de distantes regiões da capital paulista para receber a bênção de São Francisco, como Francisca Silva, que trouxe a “Neguinha”. Mas ela também veio prestar homenagem a este santo tão especial em sua vida: “Nasci no dia de São Francisco, por isso me chamo Francisca!”.

Durante todo o dia os frades se revezaram para dar a bênção aos animais, às plantas, fotos etc. Para esteve no Convento, também não ficou sem levar um pedaço do tradicional Bolo de São Francisco.