Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Jovens revivem a despedida de Francisco

03/10/2013

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Moacir Beggo

Porciúncula, Assis: 3 de outubro de 1226. O sol sumia no horizonte e uma pequena chama saindo de uma lamparina ilumina a pequena igreja, berço da Ordem Franciscana. Cercado pelos irmãos, “desolados” como conta seu biógrafo Tomás de Celano, Francisco inicia a celebração de sua morte como um ágape. Manda trazer um pão, abençoa-o, e distribui a cada um. Pede, então, que leiam o Evangelho de São João, no trecho que começa “Antes do dia da festa da Páscoa…”. Com isso, recordava a última Ceia do Senhor. A febre aumenta e Francisco sentia a proximidade da irmã morte. Pede que o coloque no chão e cantem com ele o Salmo 141. Antes de terminar a última estrofe, Francisco vai de encontro ao Pai.

Vila Clementino, São Paulo: 3 de outubro de 2013. Dia chuvoso, frio, jovens das fraternidades da Paróquia São Francisco da Vila Clementino, da Jufra e vocacionados do Convento São Francisco fazem a encenação da morte de São Francisco. Mais de 800 anos depois, é impossível não se emocionar com tanto mistério, carinho, fé e entrega que envolvem esse momento da vida do Seráfico Pai Francisco de Assis. Com muita devoção, em silêncio, os jovens trouxeram para o presente, ao celebrar a morte de Francisco, um ensinamento: “A morte nunca vai fazer mal para aquele que passou a vida na busca do bem”, como bem disse Frei Fidêncio Vanboemmel.

A celebração do Trânsito de São Francisco foi presidida pelo Ministro Provincial da Província da Imaculada, Frei Fidêncio, e reuniu frades das três fraternidades de São Paulo (Vila Clementino, Centro e Pari), religiosos e religiosas, a Ordem Franciscana Secular, vocacionados, jufristas e fiéis da Paróquia São Francisco de Assis.

O momento sempre muito esperado da celebração é a encenação. Com as luzes apagadas, o grupo de jovens veio do fundo da igreja carregando o santo já agonizante, enquanto Frei Alvaci Mendes da Luz, o comentarista, explicava que era 3 de outubro de 1226 e o cortejo caminhava para a Porciúncula, o lugar sagrado da Ordem Franciscana.

Deitado numa padiola, no presbitério da Igreja, os jovens representaram os últimos momentos de Francisco, quando ele dita o seu Testamento espiritual. Depois, colocam o seu corpo numa padiola e deixam o presbitério em silêncio.

“Ao celebrar o Trânsito de São Francisco, nós celebramos aqui a história e a vida de um homem que passou a vida inteira à procura do bem”, disse Frei Fidêncio. “E esse bem foi encontrando no Evangelho, na Eucaristia, na Cruz, no Menino de Belém, mas também no pobre, no leproso, no príncipe, nos jovens, nas crianças. Enfim, na criação toda, porque todo ser criado é parte Daquele que é o Bem pleno, o Sumo Bem ou Bem Universal, como rezava”, acrescentou o Ministro Provincial.

“No momento da morte, nessa busca incansável pelo bem, ele diz: Louvado  sejas meu Senhor pela irmã a morte corporal. Porque a morte é exatamente a libertação da pessoa para contemplar o Bem Maior que sempre ansiou encontrar em vida”, explicou Frei Fidêncio.

Segundo o Ministro, antes de morrer, Francisco deixou três coisas importantes para que, franciscanos e franciscanas, perpetuassem na história: Primeira: sempre se amem como eu vos tenho amado e ainda amo; segunda: não perder de vista a pobreza; e terceira: fidelidade à Santa Igreja. “Vamos pedir neste dia da Festa do nosso Padroeiro que sejamos incansáveis arautos na busca do bem!”, completou Frei Fidêncio. A celebração terminou com a Bênção de São Francisco dada por todos os frades presentes.