Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Regional Frei Bruno: fraternidade, jubileus e desafios para a missão provincial

24/09/2025

Notícias

Em Treze Tílias (SC), nos dias 22 e 23 de setembro de 2025, os frades do Regional Frei Bruno se reuniram para a celebração do Capítulo Regional com programação que incluiu Celebração Eucarística, momentos de formação, partilha fraterna e encaminhamentos para a vida e missão das fraternidades. A celebração das Chagas de São Francisco, realizada às 11h do dia 22 na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – que guarda marcas franciscanas -, foi o marco inicial do encontro; nela foram celebrados os jubileus de Frei Alcides Cella pelos 65 anos de presbiterado e 70 anos de vida religiosa, e Frei Mário Stein pelos 25 anos de presbiterado. Durante décadas, frades da Província da Imaculada Conceição atuaram na evangelização da região, deixando contribuição significativa na vida pastoral da comunidade.

Da esq. para dir. Frei Alcides , Frei Paulo e Frei Mário

Na homilia, Frei Paulo Roberto Pereira, Ministro provincial, fez um convite à identificação com Cristo crucificado e ressuscitado, tomando São Francisco e os estigmas como exemplo máximo dessa união. Lembrou que a experiência franciscana não é mera nostalgia de um acontecimento extraordinário, mas um caminho cotidiano: a cruz acompanha a conversão, aponta para um compromisso de vida e deve ficar visível não só nos ritos, mas nas escolhas e no vestir da própria existência.

Ainda ressaltou que a santidade não é algo a ser adiado para um futuro remoto, não se torna santo “depois” de um rito ou de anos de consagração, mas se constrói no cotidiano da vida. A Palavra viva, disse, é o critério que molda esse testemunho; São Francisco, segundo Frei Paulo, tomou essa Palavra como norma permanente de vida e por isso foi levando Cristo em todo o seu agir.

Por fim, o frade conectou essa identificação pessoal com a dimensão comunitária da vocação: o chamado não é só para o indivíduo, mas para a Igreja e para a fraternidade. Ao saudar os jubilandos e pedir que a comunidade os acompanhe, ele lembrou que a história vocacional se faz “no plural”, por laços de fé, escuta e serviço. “Nós somos lugar fértil para que se revele em nosso povo, na nossa vida, a opção de Jesus pela salvação de todos nós”. E, conclamou os frades a ajudarem-se mutuamente nessa caminhada.

Além da celebração litúrgica, o encontrou tratou de pautas essenciais para a vida provincial: apresentação dos vocacionados (FAVs), construção e revisão do Projeto de Vida Fraterna e Missão das fraternidades, agenda formativa, a implementação do pós-noviciado, organização das Frentes de Evangelização com a criação dos comitês, e temas estruturantes como a integração da comunicação, do trabalho paroquial e das obras educativas.

Nas reflexões e motivações trazidas pelo Ministro provincial, reafirmou-se a centralidade da vocação como dom da Igreja, a importância dos itinerários formativos adaptados aos sinais dos tempos, e o desafio de articular presença missionária e integração entre fraternidades diante da diminuição numérica em algumas casas.

Frei Paulo abriu a motivação explicando a rotina de participação do governo provincial nos regionais, ele e Frei Gustavo Medella se revezam para garantir presença anual junto às fraternidades, e situou a fala nos 350 anos da Província. Recordou que a criação histórica da Província respondeu à grande extensão territorial e à necessidade de favorecer a vida fraterna; por isso os regionais são hoje um instrumento prático de integração, partilha e mútua ajuda. Reforçou a ideia de que a vocação não é apenas pessoal, mas “dom da Igreja para servir a Igreja”, e que o papel dos ministros é, sobretudo, animar pela escuta: “Para animar, é preciso ouvir, é preciso estar atento, escutar os irmãos, escutar a realidade”.

No núcleo da mensagem, Frei Paulo apresentou prioridades concretas de formação: elogiou o crescimento das FAVs (fraternidades de acolhimento vocacional) como caminho mais adequado e humano de discernimento, e anunciou a consolidação do pós-noviciado como etapa formativa mais ampla, sendo o Convento São Francisco de São Paulo, como casa-referência, por oferecer melhores condições de estudo e apostolado. Destacou também a exigência de formação permanente (retiros) e a proposta prática de trabalhar um tema bimestralmente nas fraternidades para orientar o Projeto Fraterno de Vida e Missão.

Por fim, centrou-se na necessária integração missionária: a Província organizou cinco Frentes de Evangelização e agora o desafio é articular comunicação, educação, paróquias, missão e ação social para evitar iniciativas isoladas. Pediu criatividade para novas formas de presença geográfica e pastoral. Como sinal da dimensão missionária da Província, mencionou a criação da custódia em Angola – marco nos 350 anos -, e instigou a pergunta sobre o próximo passo missionário da Província: “Qual vai ser o desafio que a Província vai assumir, oferecendo da sua pobreza para ficar evidente o nosso compromisso com a missionariedade?”.

No segundo dia do regional, 23 de setembro, após a reflexão do texto formativo “Gratidão pela história, compromisso com o futuro”, os trabalhos avançaram para pautas práticas. Entre as propostas esteve a ampliação da presença franciscana na Caminhada Penitencial de Frei Bruno: além da missa e do almoço, sugeriu-se ensaiar um momento franciscano, com programação vespertina que visa dar uma “cor franciscana” ao evento, fortalecer a devoção a Frei Bruno e transformar a Caminhada Penitencial em oportunidade vocacional. Os frades discutiram também como envolver mais as juventudes neste evento.

Entre os demais pontos tratados, estiveram a avaliação do Retiro do Regional, a caminhada da Frente das Paróquias e o acompanhamento do Fórum Permanente da Evangelização, além das referências às comemorações dos 350 anos da Província, dos 150 anos da Paróquia de Curitibanos e dos 110 anos do Convento de Lages. Também se destacou a preparação da Caminhada Penitencial de Frei Bruno em 2026 e a definição da agenda para os próximos encontros regionais.


Frei Augusto Luiz Gabriel