Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Atualizar : A Província que queremos

11/11/2024

Notícias

Nesta segunda feira, 11 de novembro, penúltimo dia do Capítulo Provincial 2024, as atividades começaram com a Celebração Eucarística presidida por Frei André Luiz da Rocha Henriques e concelebrada por Frei Robson Luiz Scudela, Definidor referência para a FIMDA, e Frei Samuel Ferreira de Lima, que já atuou como missionário em Angola. Eles representaram os demais frades da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, no dia em que celebramos a memória litúrgica de São Martinho de Tours.

Frei André pediu orações pela FIMDA e também pelos 49 anos da Independência de Angola. Na sua reflexão pediu ao novo Definitório eleito que aja segundo a vontade de Deus, citando a Carta de São Paulo a Tito 1,1-9): Porque é preciso que o epíscopo seja irrepreensível, como administrador posto por Deus. Não seja arrogante nem irascível nem dado ao vinho nem turbulento nem cobiçoso de lucros desonestos, mas hospitaleiro, amigo do bem, ponderado, justo, piedoso, continente, firmemente empenhado no ensino fiel da doutrina, de sorte que seja capaz de exortar com só doutrina e refutar os contraditores. Bem como precisam conceder misericórdia aos demais irmãos, como queria são Francisco de Assis, e como diz o Evangelho de hoje: Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe.  Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido, tu deves perdoá-lo. Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta a nossa fé! O Senhor respondeu: Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: Arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria (Lc 17,1-6).

Após a Santa Missa os frades se dirigem à Sala Capitular para as motivações feitas pelo Frei Francisco Morás, Frei Joao Manuel Zechinatto e Frei Elias Hebo Luís, que, a partir do questionamento sobre “a Província que queremos”, conduziram os frades para o tema: “Esperança como ação e forma de Vida”.

Os frades destacaram que, atualmente, vive-se uma fragmentação da racionalização da existência, apoiada pela técnica, o pragmatismo e imediatismo, que limitam ou mesmo eliminam os espaços de transcendência. Apoiados pelo filósofo e teólogo “Byung-Chul Han”, os confrades partilharam do pensamento do autor que descreve de forma sucinta e telegráfica, a “mudança de paradigma social”, em um cenário marcado pela falta de perspectivas, diante do excesso de positividade. Uma sociedade impactada pela negatividade, como também aborda o filósofo Michel Foucault, quando aponta os mecanismos de uma sociedade disciplinar, em sua obra Vigiar e Punir.

Nesse percurso reflexivo sobre a esperança e seu verdadeiro sentido, a imersão no tema também envolveu o teórico Erich Fromm, psicanalista, filósofo humanista e sociólogo alemão, que apresenta a esperança como um sentimento paradoxal. A partir dessa afirmativa percebemos que a esperança não é nem uma espera inativa, nem um irrealista desejo de forçar circunstâncias que não podem acontecer. Ela é como um tigre agachado, esperando para saltar apenas quando chegar a hora certa.

Esperar significa estar pronto a qualquer momento para o que ainda não nasceu. Quem tem uma fonte de esperança reconhece e ama todos os sinais da vida e está sempre preparado para ajudar a trazer à luz o que está pronto para nascer. Por vezes o óbvio é aquilo que mais nos escapa. Por isso, precisamos manter a consciência que: o futuro que começou no ontem, tem de passar pelo hoje para que, assim, possa ser no amanhã.

Vivemos num tempo de “conexões” virtuais e esquecemos das grandes conexões da vida. Neste entrelaçamento entre o digital e o real está o nosso ser, bem como os elementos físicos e espirituais que constituem a nossa presença em sociedade. Num ambiente controverso, no qual a negatividade muitas vezes é imperativa, “sabe esperançar quem conhece bem o mundo em que se vive. Esperançar é um exercitar da memória que consegue no vagar da vida lidar com as demoras e os processos que demandam tempo”. Diante de uma sociedade do medo, as instituições vivem num desespero angustiante de insegurança, quiçá nossa Província também! E, questionamos:

  • O que é que podemos esperar da Província?
  • Que província queremos?

Encontramos a resposta no conceito de esperança fortemente debatido neste penúltimo dia do nosso Capítulo Provincial.

Byung-Chul Han, entende que a angústia surge quando o edifício dos padrões familiares e cotidianos de percepção e comportamento, nos quais nos instalamos sem questionamento, desmorona e dá lugar a um “não-estar-em-casa”.

O espírito da Esperança transformado em ação e em forma de vida haverá de nos reanimar, num processo de construção do ainda-não-ser, um futuro como avenir. A marcha do pensamento esperançoso não é o “avançar para a morte”, mas o avançar para a nova existência. É ela que nos faz vir ao mundo. É “na esperança que fomos salvos” (Rm 8,24). Por isso mesmo somos peregrinos da Esperança.

Após este momento seguiu-se para as temáticas dos Trabalhos Capitulares: Proteção e Cuidado, sob condução do Frei Fidêncio Vanboemmel. Também foi apresentada a Proposta de Estatutos Particulares da Província (2024), com Frei Rodrigo da Silva Santos; assistência à OFS, com Frei Evaldo Ludwig; Capítulo das Esteiras, com Frei Diego Atalino de Melo e Under Tem e Frades Formandos, com Frei Jhones Lucas Martins.  No período da tarde, os capitulares se reunirão para discutir assuntos relacionados aos documentos em debate que serão apresentados. A previsão é de que as atividades sejam encerradas às 17h30, e em seguida haverá oração e o jantar, às 19h.


Frei Elias Hebo Luís e Frei Rodrigo da Silva Santos