“Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar”. Esta frase da canção “Eu quero apenas”, do cantor Roberto Carlos, pode muito bem resumir a Trezena e Festa de Santo Antônio, do Santuário São Francisco, do Largo que recebe o mesmo nome do santo, localizado no centro da capital paulista, a maior cidade do Brasil. 

Durante treze dias os fiéis foram envolvidos em importantes reflexões aproximando-se ainda mais do santo lisboeta, inspirados pelo tema das festividades deste ano: “Santo Antônio, nosso amigo, nosso irmão”. O lema proposto foi retirado dos sermões do taumaturgo: “o nosso melhor amigo é Jesus Cristo, que tanto nos amou a ponto de dar por nós a sua vida”. E a partir dessas ideias o santo cresceu na amizade com seus devotos e também, mais uma vez, apresentou o Cristo a muitos!

A Trezena contou com atividades diversas. O momento devocional acontecia durante uma missa do dia, contando com o acendimento de velas que, ao redor da imagem de Santo Antônio, foram completando 13 chamas. Durante a homilia, os frades que presidiam a celebração buscavam salientar um traço, um elemento, uma história em torno da vida do santo interligando com a liturgia do dia. Ao final todos rezavam apresentando ao santo os pedidos e agradecimentos e, em seguida, cantavam o famoso responsório.

Ponto forte da Trezena foi o décimo dia (09/06), o domingo que antecedeu a Festa de Santo Antônio. Como a data que se comemora o primeiro professor da Ordem dos Frades Menores caiu numa quinta-feira, foi escolhido o dia do Senhor para uma procissão, para facilitar a participação daqueles que depois trabalhariam na festa. Depois da missa das 10h, as ruas do centro encheram-se dos amigos de Santo Antônio que cantaram e rezaram pedindo ao santo a sua intercessão e agradeceram a Deus pelo dom de sua vida com louvores. O repicar dos sinos, o colorido das flores e luzes do andor, os sorrisos em festa garantiam: a comemoração ia ser cada vez melhor. E como se não bastasse, o santo ainda reservou aos seus amigos uma deliciosa feijoada e uma tarde de bons cantos sertanejos para todo mundo soltar a voz, confraternizar e festejar. Há quem diga que o torresmo estava delicioso, mas não sobrou um para contar a história.

E a alegria da festa do santo, que foi só crescendo durante a trezena, se confirmou no dia dele (13/06). De manhã cedo os frades já se reuniram para rezar as laudes solenes com todo o povo. As sete missas deixaram claro que Santo Antônio tem muitos amigos. A igreja do Santuário, sempre cheia, não se continha nos cantos e nos vivas. E, além das missas, os fiéis puderam receber bênçãos individuais dos frades, comprar itens devocionais, se deliciar com as comidas típicas de festa de Igreja, ganhar o famoso pão e levar para casa um pedaço do bolo de Santo Antônio – que deu o que falar – pois, como sempre, acabou faltando no final da festa, uma vez que o número de compradores foi maior que o imaginado, superando as expectativas. Antônio e seus amigos sempre fazem a festa ser grandiosa!

E o saldo final de tantas alegrias reforça que a Ordem Franciscana possui inúmeros tesouros e um deles é a devoção popular a Santo Antônio. Seja ele invocado como casamenteiro, como auxiliar nas causas difíceis, como pregador, como professor, como apoio dos necessitados, a sua intercessão é sempre forte. Isso não se dá por seus méritos, mas colocando-se como pequeno diante de Deus, foi engrandecido por Aquele que o chamou! E tendo reunido os seus milhões de amigos, de norte a sul, podemos bem mais forte cantar os louvores de Deus por nos dar tão virtuoso amigo.

---

Texto:Frei Gabriel Dellandrea / Fotos:Rita Pokorny