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Frei Djalmo: A Festa da Penha é devoção e expressão da religiosidade do povo à sua Padroeira

08/04/2023

Notícias

A Festa de Nossa Senhora da Penha é celebrada anualmente na liturgia da Oitava da Páscoa, reverenciada com o belíssimo título mariano que a piedade popular deu à Mãe de Deus: Nossa Senhora das Alegrias. Essa devoção surge no início do século XV na Itália, entre os franciscanos, com a chamada “Coroa Franciscana” ou as “Sete Alegrias da Santíssima Virgem Maria”.

 Das três devoções marianas – Aparecida, Círio de Nazaré e Penha -, que reúnem os devotos na casa dos milhões, a mais antiga está no topo de um Morro, em Vila Velha, no Estado do Espírito Santo. Ali do alto, a Virgem das Alegrias acompanha os seus devotos, que sobem 154 metros de altitude em busca de sua proteção e reconhecimento pelas graças alcançadas.

 Nesta entrevista ao Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, o guardião do Convento da Penha, Frei Djalmo Fuck, fala de suas expectativas e de como foi preparada esta grande manifestação de fé no Estado do Espírito Santo. Acompanhe!

Site Franciscanos – Frei Djalmo, a festa da Penha é ligada à devoção, ao título Nossa Senhora das Alegrias. Qual é o significado desta Festa para o povo capixaba e também para o Brasil?

 Frei Djalmo – A Festa da Penha é aguardada pelo povo capixaba, afinal são 453 edições da Festa. Nossa Senhora da Penha é a Padroeira do Estado do Espírito Santo. E se nós olharmos para a bandeira do Espírito Santo, ela tem as cores da roupa de Nossa Senhora da Penha: branco, azul e rosa. É a terceira maior Festa mariana do Brasil, junto com o Círio de Nazaré, em Belém, e Aparecida, em São Paulo, temos a Festa de Nossa Senhora da Penha, que tem a sua origem no século 16, quando Frei Pedro Palácios, um frade franciscano, chega ao Espírito Santo trazendo esta devoção de Nossa Senhora das Alegrias, aqui invocada como Nossa Senhora da Penha porque fica exatamente no alto de uma pedra, no alto de um penhasco de uma montanha. A Virgem das Alegrias, a Senhora da Penha, que é sempre a mesma Nossa Senhora trazida por Frei Pedro Palácios há mais de quatro séculos.

Site Franciscanos – Por que a Festa da Penha começa no domingo de Páscoa e como são os preparativos para esta Festa?

  Frei Djalmo – A Festa da Penha é sempre uma data móvel que começa no domingo de Páscoa. Durante o Oitavário da Páscoa, nós celebramos a Festa de Nossa Senhora da Penha. E por que no domingo de Páscoa?  Porque celebramos a Ressurreição de Jesus e Maria se alegra com a Ressurreição do seu filho. Por isso, também nós, festejamos a Senhora das Alegrias que está junto ao seu filho ressuscitado e nos estimula na missão.

Os preparativos da Festa são feitos ao longo de todo ano. Nós temos uma comissão que trabalha a Festa da Penha, envolvendo o Estado, os Municípios da Grande Região Metropolitana de Vitória para preparar a Festa da Padroeira, afinal nós reunimos todas as Dioceses que compõem o Leste III da CNBB. Vitória, que é a Arquidiocese anfitriã, onde está o Convento da Penha, mas também a Diocese de Colatina, a Diocese de São Mateus e a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim se reúnem para celebrar a Festa da sua Padroeira. É um momento de muita alegria, mas também de muito trabalho porque envolve muitos aspectos em termos de segurança, de organização da Festa propriamente dita para que todos possam vir ao Espírito Santo e celebrar com alegria a sua Padroeira, para que todos ao chegarem em Vila Velha encontrem uma boa estrutura.

Site Franciscanos – Frei, um dos pontos fortes da Festa da Penha são as diferentes Romarias. Poderia falar um pouco sobre estas Romarias que são marca registrada de nossa querida Festa da Penha?

  Frei Djalmo – Na verdade, a Festa da Penha acontece basicamente por Celebrações Eucarísticas, mas é marcada sobretudo pelas grandes Romarias. Nós temos dez grandes Romarias que fazem as suas homenagens a Nossa Senhora da Penha. A Romaria mais tradicional é a dos Homens, que acontece sempre no sábado, já no final da Festa da Penha propriamente, uma grande romaria sai da Catedral de Vitória, cerca de 14 quilômetros, até o convento da Penha. Esta Romaria reúne cerca de um milhão de pessoas. É conhecida como a Romaria dos Homens porque na sua origem era só uma romaria de homens, mas hoje também é conhecida como a Romaria da Família, porque crianças, jovens, mulheres, idosos e idosas fazem esta peregrinação até o convento da Penha. No domingo, a grande Romaria das Mulheres, que começa no Santuário do Divino Espírito Santo de Vila Velha. É a mais próxima do Convento da Penha, organizada pelos frades do Santuário porque os frades da Província têm duas presenças franciscanas fortes no Espírito Santo: uma fraternidade no Convento da Penha e outra no Santuário do Divino Espírito Santo. São cerca de dois quilômetros até o Parque da Prainha, onde acontece a grande celebração. Mas independentemente do percurso, as romarias são expressões de profunda fé, de muita alegria e louvor à Padroeira do Estado do Espírito Santo.

Site Franciscanos – Neste ano, o tema da Festa é “Com Maria, chamados a servir”. É um tema vocacional. O que motivou a escolha desta temática?

  Frei Djalmo – Na verdade, a Festa da Penha deste ano se inspira no Ano Vocacional que a Igreja do Brasil está vivendo, que nós iniciamos no ano passado: “Corações ardentes, pés a caminho, vocação, graça e missão”. A Igreja Católica do Brasil, como um todo, está rezando pelas vocações e não poderia ser diferente que nós, aqui do Convento, também rezássemos pelas vocações. Afinal de contas, Maria é aquela que nos inspira a dar o nosso “sim”. Ao olharmos a história de Nossa Senhora, quando ela recebe o anúncio do anjo Gabriel, vai dizer: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa palavra”. Maria com plena disposição à vontade do Pai. E depois Maria que vai ao encontro de sua prima Isabel para servir num momento de necessidade da sua prima. Assim também nós nos colocamos a serviço como Maria e queremos refletir sobre as diversas vocações que animam a vida da Igreja, como a vocação à vida, a vocação batismal, que é a fonte de todas as vocações. Temos ainda a vocação leiga, as vocações matrimoniais, as vocações religiosas e as vocações sacerdotais. Então, nós queremos lembrar tudo isso na Festa da Penha. Será um grande apelo a refletirmos e rezarmos pelas vocações.

Site Franciscanos – Frei Djalmo, o Convento da Penha recebe milhões de peregrinos, devotos e turistas durante todo o ano e de maneira muito mais intensa neste período da Festa da Penha. O que as pessoas vão buscar ao visitar o Convento e participar da Festa da Penha?

 Frei Djalmo – Os motivos que levam as pessoas a celebrar a Festa da Penha, de subir ao Convento, são os mais diversos, mas eu penso que alguns merecem destaque. O primeiro deles, as pessoas vêm agradecer o dom da saúde, sobretudo o ano passado quando nós vivemos os dois últimos anos, agora já vai para o terceiro ano, de uma grande pandemia. As pessoas vêm agradecer o dom da vida, o do da saúde. Muitas pessoas também sobem para rezar pelo emprego, a rezar também por graças alcançadas, as mais diversas, além do emprego, a recuperação de uma doença, de uma cura milagrosa. Os motivos são os mais diversos, mas as expressões são as mais belas possíveis. As pessoas sobem ao Convento da Penha para fazer ali a sua homenagem à Padroeira do Estado Espírito Santo. Nós temos um local chamado a Sala dos Milagres, ali nós encontramos muitas fotografias que são a expressão mais singela, mais concreta da devoção do povo capixaba a Nossa Senhora da Penha, aquela que está ao nosso lado nos protegendo, intercedendo junto ao seu Filho Jesus para que nós sejamos atendidos em nossas necessidades. Então, vale a pena vir à Festa da Penha e ver a devoção e expressão de religiosidade do povo em relação à sua Padroeira.

Site Franciscanos – Quem não está nas proximidades e quiser acompanhar a Festa da Penha a distância, como deve fazer?

 Frei Djalmo – A Festa da Penha, as suas romarias, as suas missas, é toda ela transmitida pelas redes sociais do Convento. Aliás, esse é um formato que nasceu durante a pandemia, o formato on-line, que nós passamos a transmitir quando as pessoas não podiam se encontrar presencialmente na Festa, passamos a transmitir pelas redes sociais do Convento toda programação e esse modelo ele veio para ficar. Então, hoje a Festa da Penha tem um formato híbrido. Nós temos a programação que acontece presencialmente, todas as romarias, missas e os eventos, mas tudo isso também é transmitido pelas redes sociais, que tem um alcance enorme, não só no Espírito Santo, mas em outros Estados e até de outros países acompanham a Festa da Penha. Para acompanhar basta acessar as redes sociais pelo site do Convento: www.conventodapenha.og.br. Nele, encontra-se todas as informações para acompanhar a Festa.