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Missa de Finados: “A Irmã Morte nos conduz à terra dos vivos”, diz Frei Almir

03/11/2021

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Petrópolis (RJ) – “A oração pelos mortos nos ensina que os laços de amor subsistem após a morte. A oração incita nosso coração a continuar a amar para além do visível e do imediato”. Foi com essa motivação que o vigário paroquial, Frei Almir Ribeiro Guimarães, presidiu a solene Celebração de Finados nesta terça-feira, 2 de novembro, às 18 horas, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus. A Santa Missa que foi transmitida pelo Facebook e YouTube do Sagrado, contou com uma igreja lotada, dentro nas normas sanitárias, e com a presença do Coral dos Frades do Tempo da Teologia, sob a regência do mestre, Frei Marcos Antônio de Andrade, que entoaram os cantos da Missa de Finados da saudosa Ir. Míria T. Kolling.

No Convento e Paróquia do Sagrado, a presença diária dos frades na Pastoral da Esperança é uma realidade que nem mesmo o tempo pandêmico impediu que acontecesse. De segunda a segunda, os religiosos franciscanos rezam pelos falecidos e conduzem as celebrações das exéquias junto aos familiares, parentes e amigos. Os petropolitanos acorrem ao Sagrado para buscar conforto e coragem.

Frei Almir começou sua homilia dizendo que novembro é o mês em que se comemora os falecidos, “aqueles que nos precederam na aventura de viver e na construção de nosso semblante interior”. “Mas também é o mês da saudade e da esperança”.

Para o religioso, celebrar a morte dos entes queridos recorda o destino de cada um. “A oração pelos que partiram não nos poupa de viver e pensar em nossa finitude e em nossa própria morte. Pensamos nela com serenidade. Esperamos atravessá-la em companhia daqueles que nos precederam. Será preciso olhar a morte face a face. Sem pavor. Somos frágeis e vulneráveis. Será preciso preparar-se da melhor forma para o desfecho, para o grande final”, destacou.

Segundo ele, a oração pelos mortos ensina que os laços de amor subsistem após a morte. “A oração incita nosso coração a continuar a amar para além do visível e do imediato”, disse, e lembrou que a realidade da morte em circunstâncias dramáticas é dura de se aceitar. “Se rezamos ao Senhor pelos mortos é porque temos a certeza de que Deus pode ainda fazer alguma coisa”, completou.

“A ressurreição de Cristo dilatou os limites de nossos horizontes para que não fôssemos mais distanciados uns dos outros. Esta imensa corrente de amor, de oração, de dom que atravessa os povos e o tempo mistura todos numa única família e os torna solidários para sempre”, ressaltou e acrescentou: “Junto ao túmulo dos entes queridos, na liturgia solene, no silêncio do quarto, pedimos que nossos entes queridos estejam na glória e sejam nossos intercessores”.

O celebrante lembrou que em tempos da pandemia a morte tem sido uma realidade quotidiana. “Nunca, como nesses dois anos a realidade da morte esteve tão palpável diante de nossos olhos e em nosso espírito: guerra das vacinas, milhares de mortos, sepultamentos quase sem ninguém, velórios suprimidos ou reduzidos, pessoas morrendo entubadas, sozinhas, sem consciência, cemitérios cobertos de flores, sem vagas, covas improvisadas, milhares e milhares de mortos. A morte veio ceifando vidas, sonhos e esperanças”, frisou.

“Quando levamos o corpo de alguém ao pó da terra de onde todos viemos, enterramos junto um pedaço de nós com ele. Em espírito de perto ou de longe, acompanhamos essa última viagem. Quem sabe, ao sair do cemitério ou no isolamento do distanciamento, o Senhor tenha soprado um pouco de sua vida para que permanecesse em nosso coração e orvalhasse os jardins da saudade” sublinhou.

“Francisco de Assis no momento de morrer, nu sobre a terra nua, chamava a morte de Irmã que iria leva-lo à terra dos vivos.”, concluiu.

A Celebração Eucarística teve continuidade com as preces próprias para o dia, seguidamente da liturgia eucarística. Após o rito de comunhão, o coral entoou o canto “Jesu Salvator”, do compositor Bortolomeo Cordans. Na sequência, Frei Almir agradeceu a presença de todos, rezou pelas famílias enlutadas e encerrou a Santa Missa com a solene bênção.


Frei Augusto Luiz Gabriel