Frei Clarêncio abre o Tríduo da Padroeira de Vila Velha
08/10/2021
Teve início no dia ontem, 7 de outubro, o Tríduo em honra à Padroeira da Paróquia do Rosário e do município de Vila Velha, no Espírito Santo.
A Celebração Eucarística, às 19 horas, foi presidida pelos Freis Clarêncio Neotti e Djalmo Fuck, OFM, e teve início com a acolhida e a bênção de uma nova imagem de Nossa Senhora do Rosário, que entrou em procissão nos ombros de integrantes do Terço dos Homens, ao som dos sinos e com chuva de pétalas de rosas.
“Maria: Saúde dos enfermos”, foi o tema desse primeiro dia. Refletindo sobre este tema, uma família da Pastoral Familiar, que foi a responsável pela organização da celebração, trouxe um terço para ser ofertado a Nossa Senhora. Juntos, eles representavam todas aquelas pessoas que vêm sofrendo com as enfermidades, principalmente nestes quase dois anos de pandemia.
Na sua homilia, Frei Clarêncio explicou que a palavra ‘enfermo’, ainda que não signifique necessariamente doente, nos fala de imediato do sofrimento humano. “E o sofrimento humano é mistério”, disse. “Nenhuma cultura, como a egípcia ou chinesa, conseguiu explicar a razão do sofrimento. Nenhuma religião, nem a de Moisés nem a de Cristo, conseguem nos explicar a razão da existência do sofrimento. O Antigo Testamento, em torno de Moisés, tem um verso do salmo 42 que diz bem: ‘Minhas lágrimas são o meu pão dia e noite’. Ou seja, o meu sofrimento está comigo dia e noite. E todos os sábios do Antigo Testamento refletiram sobre a existência da dor, do sofrimento”, explicou Frei Clarêncio.
Segundo ele, dessa reflexão nasceram duas linhas. “A primeira que o sofrimento é castigo de pecado. Dentro desta linha, do Antigo Testamento, tem muita gente que pensa assim ainda. Dentro dessa linha de pensamento se pensava que os cegos, os surdos, os mudos, os paralíticos eram amaldiçoados por algum pecado que alguém da família praticou. Há toda uma linha de reflexão e pensamento em torno disso. Há uma segunda linha no AT que o sofrimento seria uma provação da parte de Deus porque Deus castiga quem ama. Essa frase é da Bíblia. A expressão maior dessa linha de pensamento é o livro de Jó, uma novela para explicar a razão do sofrimento e Jó não tendo pecado, sendo um homem justo, passou por toda espécie de sofrimento. Portanto, quem de vocês pensa que o sofrimento é castigo e vem me perguntar: eu não fiz pecado, por que tenho câncer? Quem pensa assim, está morando lá no antigo testamento. Cristo não chegou até ele ainda. Quem pensa que Deus é um sádico Deus que me faz sofrer também está no AT”, orientou.
Para Frei Clarêncio, o Novo Testamento, a pessoa de Jesus vai por outras duas linhas. “A primeira está expressa no Evangelho de João, capítulo 9, versículo 3. O sofrimento existe para a glória de Deus, como a saúde existe para a glória de Deus, como as plantas existem para a glória de Deus, como os animais existem para a glória de Deus, como as águas existem para a glória de Deus. É uma explicação de Jesus. Ela pode não me convencer, mas difere muito do AT. Depois Jesus, por sua palavra e por seu exemplo, me dá um segundo caminho. O sofrimento é um caminho de santificação. E o grande símbolo que nós temos no NT desta linha do sofrimento como caminho santificação é a própria cruz do Senhor. Cruz, lugar de vergonha e de glória ao mesmo tempo. Sofrimento cheio de dor, mas também de santidade”, explicou.
“Cruz, lugar de morte, mas lugar de vida. Pode me levar até a morte, mas é um caminho de vida. Na Cruz, Cristo sem pecado, passa pelo sofrimento doloroso. Lembrem os espinhos cravados na cabeça, lembrem as chagas dos chicotes recebidos na casa das autoridades políticas. Cristo, no auge do sofrimento psíquico, vendo seus onze apóstolos fugirem, apenas um, o mais novo deles, estava ali. Jesus, no auge de um sofrimento espiritual, a ponto de dizer ‘Pai, por que me abandonaste?”, está aí na cruz, caminho de morte e, ao mesmo tempo, caminho de vida. Caminho de condenação, de dor, ao mesmo tempo caminho de glória”, ressaltou o celebrante.
Maria, também enfrentou sua jornada de sofrimento, pela crucificação do Seu Filho. “E aos pés da cruz, a Mãe dolorida, banhada em lágrimas, Mãe das Dores. Os pintores gostam de apresentá-la com o filho morto nos braços ou cravada com uma espada no seu coração”, ilustrou. “Daí esta força de Maria vem da força que ela tem de ser a saúde dos enfermos, a mãe do sofrimento. Não no sentido de que ela é médica física, que trabalha neste hospital chamado humanidade. Não é neste sentido. Mas no sentido de que ela, tendo passado por todas as dores possíveis, tornou-se exatamente no momento da dor, aos pés da cruz, a Mãe da humanidade. E ela, como Mãe da humanidade é como todas as mães que não querem ver seus filhos no sofrimento. Fazem de tudo para tirar o sofrimento do filho. Maria é esta mãe. Tiago, na Carta dele, escreve que a oração do justo tem grande poder. Se a oração do justo tem grande poder, quanto mais poder tem Maria, Mãe de Deus, de nos ajudar e de nos socorrer. Ela é, sim, consoladora dos aflitos; ela é, sim, mãe e saúde dos doentes; ela é, sim, esperança dos desesperados; ela é o vértice, o ponto mais alto de feridas incuráveis. Maria é porque ela experimentou o sofrimento, o mistério do sofrimento”, completou Frei Clarêncio.
Ao final da celebração, Fábio Trindade, cantor da Paróquia, fez uma linda homenagem cantando uma música autoral, “Intercede Mãe“.
Pascom da Paróquia do Rosário