Aos 98 anos, falece Frei Ciríaco em Bragança Paulista
01/06/2021
* 28/07/1922 +01/06/2021
Faleceu na manhã desta terça-feira, dia 1º de junho, por volta das 6h30, em Bragança Paulista, SP, Frei Ciríaco Tokarski, aos 98 anos. Segundo o guardião da Fraternidade, Frei Carlos Körber, Frei Ciríaco vinha apresentando queda visível em seu estado geral. Na última semana, esteve muito silencioso e passava a maior parte do tempo deitado. “Nesta manhã, de forma serena, entregou sua vida a Deus”, descreveu Frei Carlos. Quanto às cerimônias de despedida, às 13h15, está prevista a Celebração Eucarística no Convento de Bragança e, logo após, o corpo segue para São Paulo, onde haverá o sepultamento, previsto para as 15h30, no Cemitério do Santíssimo Sacramento, na capital paulista, à Rua Dr. Arnaldo, 1200, no bairro do Sumaré.
Dados pessoais, formação e atividades
28/07/1922 – Nascimento em Contenda, Paraná (98 anos)
08/03/1938 – Seminário São Luís de Tolosa, Rio Negro, PR
20/12/1943 – Ingresso no Noviciado Franciscano em Rodeio, SC
21/12/1944 – Primeira Profissão na Ordem dos Frades Menores (76 anos de Vida Religiosa)
21/12/1947 – Profissão Solene
26/07/1951 – Ordenação Presbiteral (69 anos de Sacerdócio)
Atividades na Evangelização
13/01/1953 – Porto União, SC
18/01/1962 – Porto União, SC, guardião e pároco
28/01/1968 – Gaspar, SC, vigário coadjutor
15/01/1971 – Rodeio, SC, vigário do convento e vice-mestre
12/12/1972 – Joaçaba, SC, vigário coadjutor
10/06/1974 – Campos do Jordão, SP, vigário conventual
23/12/1986 – Londrina, PR, vigário paroquial
17/01/1992 – Canoinhas, SC, vigário paroquial e vigário da casa
07/07/1993 – Florianópolis, SC, vigário paroquial
29/11/1997 – Guaratinguetá, SP, Postulantado, atendente conventual
27/11/2014 – Bragança Paulista, SP, tratamento de saúde
O frade menor
Frei Ciríaco nasceu em Catanduva, no município de Contenda, no Paraná, no dia 28 de julho de 1922, recebendo o nome de Batismo de Inocente Tokarski. Filho dos emigrantes poloneses Alberto Tokarski e Josepha Lesniovski, foi o 8º de 12 filhos, 6 homens e 6 mulheres. Dentre as lembranças mais marcantes da vida em família, recorda a religiosidade e a honestidade dos pais. “Não perdiam a Santa Missa, comungavam e confessavam com frequência”, escreveu na sua ficha autobiográfica, contando também que eram muito amigos dos frades franciscanos, que sempre almoçavam em sua casa. Segundo o frade, seu pai era muito estimado pelo povo e chegou a ser suplente de vereador. “Ambos não tinham muita formação, mas educaram bem os filhos, tanto assim que todos foram católicos comprometidos com sua comunidade”, revelou. Além dele, a família também teve uma filha religiosa, que ingressou nas Filhas de Caridade de São Vicente de Paulo. A família residiu em Catanduva até Frei Ciríaco completar 5 anos de idade, mas teve que se mudar às pressas para Canoinhas, SC, porque as tropas de Getúlio Vargas chegariam na cidade e o pai era do partido opositor.
Seu discernimento vocacional se deu quando, diariamente, fazia um percurso de 3 quilômetros até o Convento dos Franciscanos para entregar leite. “Assim, dia a dia, me encontrava com os frades ou com um moço que trabalhava no convento. Encantei-me com o modo de viver e ser deles. Fui perguntado diversas vezes se queria ser padre, mas não dizia ‘sim’, embora meu desejo fosse loucamente grande”, revelou. Segundo ele, era uma criança doentia. “Aos 3 anos de idade, meus pais me consideravam candidato certo de morte bem próxima (viveu até 98 anos). Sofria dos intestinos. Com medicamentos de ervas, um homem experimentado do campo em doenças, preparou-me um remédio que me curou até os 16 anos. Depois disso, continuei sempre meio ‘encrencado'”, brincava. Segundo ele, era franzino e sofria para trabalhar na lavoura, criação de gado e na madeireira. Tímido, dizia que tinha facilidade nas ciências exatas. “Qualquer trabalho, faço-o dentro de minhas forças”, disse. “Tive desgostos, desaforos, momentos amargos e duros, mas que não me fizeram perder o ânimo”, revelou. Para ele, o que marca diariamente a sua vida é a graça de ser religioso e servir a Deus como sacerdote.
“Sinto-me feliz de poder ser fiel aos meus ideais, apesar das fraquezas e deficiências, e de ter contribuído como instrumento nas mãos do Senhor para espalhar a graça a tantos que cruzaram na minha vida de religioso e sacerdote”, celebrou em vida. “O que me seduz, encanta e sustenta humanamente é o convívio dos irmãos”, disse sobre a vida religiosa franciscana que escolheu.
Depoimento de Frei Fidêncio
O ex-Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, conviveu com Frei Ciríaco no início de sua vida sacerdotal. “Eu tenho uma grata recordação do Frei Ciríaco porque, sem dúvida alguma, ele foi um frade referencial ao lado do falecido Frei Bruno Kreling, durante a minha primeira transferência para a Paróquia Santa Terezinha, em Campos do Jordão, SP”, recorda Frei Fidêncio. “A Fraternidade de Campos do Jordão me acolheu e Frei Ciríaco foi aquela pessoa muito próxima, muito atenciosa, principalmente para quem era ‘marinheiro de primeira viagem’. E os cinco anos que convivi com ele – de janeiro de 1981 até final 1985 – foram anos muito bonitos. Chamava a atenção o cuidado que ele tinha. Um homem muito zeloso no cuidado pastoral, mesmo com a idade, estava envolvido na pastoral com os jovens. Ele tinha um grupo da Jufra na Igreja de São Benedito. Esse zelo ele também mostrava dentro de casa, com a fraternidade. Ele era o ecônomo da Fraternidade, muito sóbrio, muito justo, muito honesto e transparente. Não deixava faltar nada na Fraternidade. Não como exagero, mas dentro do espírito de pobreza, em que cada irmão pudesse se sentir bem. Foram cinco anos de gratas recordações”, avalia Frei Fidêncio.
“Ele sempre se dizia um homem frágil, doente, tinha suas dietas, mas se cuidando chegou à idade de praticamente 99 anos. Eu, pessoalmente, sou muito grato a Deus por ele ter sido essa força fraterna, presença amiga, como um pai nos primeiros anos de vida sacerdotal. Depois morei com ele uma segunda vez quando era mestre dos postulantes em Guaratinguetá, entre os anos de 1998 a 2000. Frei Ciríaco, um homem um pouco mais envelhecido, continuava sendo essa presença agradável, fraterna. Destacava o zelo que ele tinha no atendimento das confissões, muito fiel e pontual. Era o mesmo homem que conheci em Campos do Jordão, com as mesmas características, os mesmos jeitinhos, os mesmos pensamentos. Sempre foi uma pessoa referencial e quando ia visitá-lo em Bragança, dizia: ‘Saudades dos tempos de Campos do Jordão!’. Ele dizia: ‘É, bons tempos!’ O seu jeito simples de ser e viver marcou muito minha vida”, completou.
R.I.P
Da Secretaria Provincial