“O verdadeiro presbítero é aquele que, a cada momento, precisa voltar para o Pai”
31/03/2019
Moacir Beggo
Lençóis Paulista (SP) – O sol brilhou forte neste domingo do Senhor, 31 de março, na cidade de Lençóis Paulista, no interior de São Paulo. Às 9 horas, o povo que presenciou ontem, 30 de março, Frei Roberto Aparecido Pereira se tornar presbítero pela imposição das mãos do bispo franciscano Dom Caetano Ferrari, neste dia histórico se juntou a Frei Roberto, que inicia o seu ministério presbiteral.
Com muita tranquilidade, como é característica do neopresbítero, tendo seus confrades e sacerdotes diocesanos como concelebrantes, Frei Roberto presidiu a Primeira Missa como um presbítero experiente na Matriz da Paróquia Cristo Ressuscitado. Ele, no entanto, deixou sempre transparecer a imensa alegria e emoção que tomaram conta de seu coração desde que começou a se preparar para este final de semana.
Frei Roberto explicou que escolheu para ser o pregador nesta Primeira Missa, como é tradição na Província, o seu confrade e amigo Frei Robson Scudela, que foi ordenado em outubro de 2016. E a mensagem principal desta pregação veio da parábola do Filho Pródigo do Evangelho deste domingo. Segundo o pregador, o verdadeiro presbítero não é aquele que pede ao Pai a sua parte na herança e desaparece no mundo, ou aquele que trabalha de olho no pagamento final. “O verdadeiro presbítero é aquele que, a cada momento, experimenta que precisa voltar ao Pai, que se recorda que o Pai sempre o espera, que sabe que tudo o que é do Pai é também seu, sem jamais fazer uso como propriedade privada. Recorde, caro Frei Roberto, o que você ouviu ontem ao receber a oferenda das mãos do bispo: ‘Recebe a oferenda do povo santo para apresentares a Deus’”, disse.
“O povo santo de Deus, que nos escolhe para esta missão, não exigirá de nós perfeição. Não nos abandonará quando falharmos; não nos condenará quando nossas forças faltarem. O povo de Deus, por ser de Deus, deseja e desejará apenas que vivamos próximos a Ele, tão próximos de Deus para estarmos sempre no coração e na vida do seu povo”, indicou o pregador.
Para isso, disse a Frei Roberto, nunca se esqueça: a proximidade de Deus para um presbítero acontece através da oração. “Ele deve pedir a Deus diariamente: Pai, que meu coração sinta saudades quando estiver longe de Ti. Se ainda não sentimos saudades, peçamos ao Pai que desperte em nós essa saudade. A vida de oração e a proximidade com Deus levarão ao encontro dos irmãos, principalmente dos mais necessitados, dos mais necessitados da Palavra de Deus, da reconciliação, do pão, da Eucaristia, da unção quando enfermo. Como a prece de ordenação nos recordava ontem, você, Frei Roberto, foi ordenado para que, ‘pela pregação, as palavras do Evangelho frutifiquem pela graça do Espírito Santo nos corações dos homens. Que o povo que pertence a Deus, renasça pelo batismo e se alimente do altar do Senhor, os pecadores se reconciliem e os enfermos encontrem alívio’”, assinalou.
“Agradecemos a Deus, Frei Roberto, porque Ele colocou você em nosso meio como aquele que serve e, no serviço, demonstra o desejo que o Pai tem de estar próximo de nós. Nossa fraternidade experimenta diariamente, através de você, o Deus que se fez menor na encarnação de seu filho”, sublinhou Frei Robson.
O pregador lembrou, no final, que Frei Roberto confessou que ser frade foi uma descoberta ao longo da caminhada. “Descobriu e vive esta vocação de maneira profética entre nós. A partir de agora, você descobrirá, guiado pelo Espírito, o que é ser frade franciscano ordenado presbítero. Obrigado por compreender nossas fraquezas como frades e expressar, no seu abraço, o abraço do Pai que nos acolhe em sua misericórdia. Obrigado por podermos olhar, juntos, o passado com gratidão; viver, juntos, o presente com paixão; e abraçar, juntos, o futuro com esperança’”, completou Frei Robson.
Esse clima fraternal cresceu ainda mais durante a Celebração quando Frei Marx Rodrigues, representando os confrades de turma, fez uma emocionante homenagem, recordando momentos alegres, fraternais e tristes, como a morte de seu confrade Frei Claudinei Cananéa, em 2 de dezembro de 2013, vítima de afogamento no mar de Caiobá, PR, onde os frades se encontram reunidos para a última confraternização do ano. “Obrigado por você nos mostrar que vida fraterna não se faz sozinho”, disse.
Outra homenagem veio de sua procuradora vocacional, a Irmã Fátima, das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria, que foi coordenadora do grupo vocacional da Paróquia de 2001 e 2006. Segundo ela, o “divino recado” bateu no coração de Frei Roberto e ele deu seu sim. “Eu fui apenas uma serva, uma pequenina parcela nesta história. Eu lhe dei o endereço do Seminário Franciscano de Agudos, para que buscasse orientação lá. Você poderia, muito bem, ter jogado fora o papel. Mas eu percebi no seu coração uma busca e um desejo. E, aqui, você está neste momento de grande alegria. Nesse dia, só peço a Deus que continue abençoando a sua vida, a sua vocação, a sua missão. Você, como todos os sacerdotes, são os únicos que têm o grande poder de trazer sobre o altar o próprio Jesus. Deus seja louvado por todo esse momento”, contou Ir. Fátima.
Da última residência de Frei Roberto, na Paróquia Santo Estêvão, de Ituporanga (SC), vieram os frades e um ônibus com paroquianos para prestar outra bela homenagem a Frei Roberto. “Muito obrigado pelo seu sim”, disse Frei Evandro, convidando-o para celebrar uma Missa na Paróquia.
Pelo Serviço de Animação Vocacional, Frei Diego Melo concluiu, com esta celebração, a Semana Missionária. Segundo ele, uma semana que foi feita com as mãos, os pés e os joelhos. “Sem os joelhos = oração, nada conseguiríamos”, disse, chamando todos os missionários para se juntarem a ele no presbitério. Também pediu às famílias da Paróquia, que “abriram as portas de suas casas” para acolher os missionários, que levantassem e fossem conhecidas. A todos, não poupou agradecimentos. Segundo ele, a vela que circulou de casa em casa durante a Semana, vai continuar com as famílias, para que rezem pelas vocações.
O pároco Pe. Silvano agradeceu os paroquianos e todos que participaram da Semana Missionária, convidando-os para um almoço festivo no Salão da Paróquia.
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