As luzes da Celebração do Perdão de Assis 2018
06/08/2018
Vila Velha (ES) – O Convento da Penha e a Paróquia Nossa Senhora do Rosário realizaram, na noite da última sexta-feira (03/08), a Caminhada Penitencial do Perdão de Assis. A concentração e os primeiros momentos devocionais aconteceram em frente à Igreja do Rosário, na Prainha, Vila Velha. Debaixo de uma chuva intermitente e nada desanimados, os fiéis, encorajados pelo motivo principal da celebração, não desanimaram. A cada instante antecedente ao início da Celebração, mais e mais grupos, famílias, jovens e participantes chegavam e se preparavam para o momento.
Ao iniciar o clima orante, meditativo e de misericórdia, Frei Paulo Roberto Pereira, OFM, Guardião do Convento, fez a saudação inicial e introduziu a explicação da motivação da Caminhada do Perdão, em seguida, foi acolhida no meio dos caminhantes, a Cruz Processional de madeira, que durante o trajeto os fiéis revezavam-se no carregamento. Foi acolhido também, de forma simbólica, um jovem representando São Francisco. Ele espalhou a “Luz do Cristo”, simbolizado nas velas. A partir daí, o escuro da praça em frente ao Rosário, foi clareado pelas milhares de luzes.
O Frei Djalmo Fuck, OFM, Pároco e Guardião da Paróquia do Rosário, Vila Velha, após saudar os fiéis, conduziu a explicação da história do Perdão da Porciúncula: “A pequena igreja de Santa Maria dos Anjos, carinhosamente chamada de “pequena porção” ou Porciúncula, é o berço do Movimento Franciscano. Foi ali que Francisco recebeu os primeiros companheiros. Ali também que a jovem Clara foi acolhida na fraternidade dos que escolheram amar aos pobres e à pobreza. Foi também em Santa Maria que Francisco apontou o caminho para a Ordem Franciscana Secular. Cada vez que os franciscanos desejam reexperimentar o vigor dos primeiros tempos da missão, eles se recordam da dádiva da Porciúncula; afinal, foi a partir daquela pequena igreja que os irmãos e irmãs saíram pelo mundo a espalhar o evangelho do amor, da alegria e do perdão”.
“Por pedido de Francisco, o papa concedeu transformar a Porciúncula num local de encontro com a misericórdia e reconciliação. Por isso, no dia dedicado à Nossa Senhora dos Anjos, todos os que se reunirem para rezar e proclamar sua fé, são agraciados com o dom de Deus. Dom que nos ergue do chão, dom que cura nossas feridas, dom que ilumina nossas vidas”.
À frente da procissão luminosa, eram erguidos os estandartes de São Francisco de Assis, o Seráfico Pai autor do Perdão de Assis, de Santa Clara de Assis, fundadora da Ordem das Clarissas e o de Nossa Senhora da Penha, Padroeira do Estado do Espírito Santo. Pelo caminho, as diversas demonstrações de amor, perdão e reconciliação eram manifestadas nas evidentes expressões que os fiéis foram deixando. A paz interior foi ambientada com os cinco pontos de paradas ao longo da estrada de subida do Convento. Em cada ponto, uma equipe de música conduzia um refrão musical orante, trazendo profundas reflexões de vida e fé aos devotos. Em determinados momentos, a chuva aumentava a intensidade, mas nada que fizesse com que os fiéis devotos desanimassem, o que tornou a caminhada ainda mais gratificante.
Na chegada ao Campinho do Convento, a equipe de canto do Santuário da Penha e o Frei Paulo César, animaram a recepção dos fiéis, que chegaram debaixo de chuva forte. Uma encenação entre “São Francisco e Utopia”, demonstraram como Francisco teve a conversa com Deus em oração, onde ali, São Francisco pede que todos recebam o perdão, o teatro foi finalizado com uma canção entoada também por todos os Frades presentes.
Em um dos momentos finais, Frei Clarêncio conduziu a explicação proposta da reconciliação: “A reconciliação é uma necessidade da criatura humana desde o pecado de Adão e Eva no paraíso. A história da humanidade é uma história de reconciliação. Toda a pregação dos profetas do Antigo Testamento foi uma chamada à reconciliação da criatura com seu Deus e da criatura com seus irmãos. Lembremos o profeta Isaías: “Se removeres do teu meio a opressão, a falsidade, a maledicência, se deres comida ao faminto, a tua luz brilhará nas trevas, a tua escuridão se transformará em pleno dia, serás como um jardim florido” (Is 58,9-11).
“A história da salvação trazida por Jesus é uma história de reconciliação. Ele não só nos revelou o amor reconciliador do Pai que perdoa os pecadores (Lc 15), mas também exerceu diretamente o perdão (Mc 2,1-12) e mostrou que o perdão de Deus é inseparável do perdão dos irmãos entre si. (Mt 18,21-22). A própria vida de Jesus e sua missão na terra foi uma tarefa de reconciliação, A imagem de Cristo pregado na Cruz, vítima da maldade humana; a imagem de Cristo pregado na Cruz, rezando pelos pecadores que o crucificaram, é a mais alta expressão do amor, do perdão e da reconciliação”.
“A Igreja não teria sentido de existir, se não fosse uma comunidade geradora de reconciliação. Os sete sacramentos da Igreja são sete caminhos convergentes de reconciliação. O Cântico das Criaturas de São Francisco, também chamado Cântico do Sol, é um hino de reconciliação de todas as coisas criadas com seu Criador. O verso “Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor” poderia também ser dito assim: “Louvado sejas, meu Senhor, pelos que se reconciliam por teu amor”.
“Costumamos dizer que São Francisco é o santo da Paz. E ele o é, porque antes foi o Santo da Reconciliação. Ele é o Santo da Paz, porque levou amor onde havia ódio; levou perdão, onde havia ofensa; levou luz, onde havia trevas; levou unidade, onde havia rachaduras de divisão; levou espírito fraterno, onde havia prepotência e escravidão”.
“No dia 2 de agosto de 1216, Francisco reuniu na igreja de Nossa Senhora dos Anjos, conhecida como Porciúncula, o povo de Assis e redondezas, os bispos da província da Úmbria com seus padres e, sorridente e feliz, começou a pregação com esta proposta: “Quero mandar vocês todos para o paraíso!”. Como? Para Francisco, entra-se no paraíso pela porta da reconciliação e do perdão. A mesma porta por onde entrou o bom ladrão, que morreu com Jesus no Calvário. Porque a eternidade é o paraíso dos reconciliados e nele só os vestidos com o manto da reconciliação. Amém”.
Após este instante, Frei Paulo Roberto, pediu que os fiéis se voltassem para o Convento, onde entre as palmeiras foi colocada uma cruz com o Coração de Jesus, que se acendeu. Em seguida, o Frei pediu que os fiéis se abraçassem, saudando-os uns aos outros no objetivo de reconciliação e paz. Finalizando o Encontro, os cestos com pães foram abençoados pelos Freis e logo distribuídos. A Celebração foi encerrada com a bênção de São Francisco.
Colaboração de fotos: Assessoria de Comunicação do Convento e Pascom do Rosário.
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