Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

O ‘sim” definitivo de Frei Robson em Rodeio

05/01/2012

Notícias

Moacir Beggo

Rodeio (SC) – “Francisco de Assis se alegrou com a chegada e a conversão de Bernardo e, hoje, creio que ele também se alegra com a chegada de cada um de vocês”. O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, citou o biógrafo Tomás de Celano, que narra a alegria de São Francisco com a chegada do seu primeiro discípulo, para falar da felicidade que é para a Ordem dos Frades Menores e para a Província da Imaculada Conceição do Brasil receber novos irmãos: Frei Claudinei Cananéa Bustamante, Frei Cristiano Aparecido Maciel e  Frei Juliano Fachini Fernandes fizeram a primeira profissão, e Frei Robson Luiz Scudela professou solenemente na Ordem. Todos eles prometeram a Deus e a toda sua Igreja, reunida na matriz São Francisco de Assis, em Rodeio (SC), viver por todo o tempo de suas vidas em obediência, sem nada de próprio e em castidade. A diferença é que os três primeiros terão de renovar os votos todos os anos até a profissão solene e Frei Róbson deu o seu “sim” definitivo.

Depois de um dia quente, a chuva chegou forte na hora da celebração (19 horas), mas o povo que convive a cada ano com uma turma de noviços, especialmente durante as celebrações e ofícios litúrgicos, não deixou de participar da última Santa Missa. O acolhimento dos novos irmãos foi feito de forma solene e significativa pelo grande número de frades de todas as regiões da Província. O Ministro Provincial presidiu a celebração, tendo como concelebrantes Frei Valdir Laurentino, que é o guardião e vice mestre, e Frei César Külkamp, Definidor e Secretário da Formação e Estudos. Presentes ainda muitas religiosas e seminaristas.

Um a um, os noviços foram chamados para se apresentarem diante do Ministro Provincial e responderam: “Aqui Estou”. E Frei César Külkamp fez a chamada do professando Frei Róbson e apresentou-o ao povo fazendo um resumo de sua caminhada vocacional até este momento solene.

Na sequência, o Ministro Provincial fez a homilia e ressaltou que aquele momento de festa e alegria se estendia à toda Província, à Ordem Franciscana e às comunidades de onde vieram os professandos. Confessou que gosta particularmente “da história da nossa origem franciscana, quando Frei Francisco começou a viver o santo Evangelho” e da chegada do primeiro discípulo. “Francisco se alegra com a chegada de Frei Bernardo e todos nós nos alegramos quando vocês bateram aqui à porta desta casa de formação para iniciarem o tempo de experiência de vida franciscana”, enfatizou.

Mas, segundo o Provincial, não basta apenas chegar. “É preciso se converter cada vez mais. E o ano do Noviciado é um ano de grande conversão nesta experiência originária de Francisco de Assis”, acrescentou falando diretamente a Frei Róbson: “Você, mais do que ninguém, fez esta experiência profunda de conversão nesse tempo de profissão temporária e nesses dois últimos anos em que você conviveu com nossos irmãos lá em Angola”.

Ao comentar o Evangelho do dia, da transfiguração no Monte Tabor, disse que, na vida religiosa, é preciso escalar de vez em quando o Tabor. “Não sozinhos, porque Jesus também escolheu Pedro, Tiago e João para lá se transfigurarem com Cristo na contemplação e na oração. É preciso despertar no Tabor para que a nossa vida religiosa franciscana seja de fato essa transparência da glória de Deus no mundo de hoje. É o que nós devemos refletir é o que o povo de Deus espera de nós, irmãos menores. Homens que se transfiguram a partir do Cristo e que, transfigurados, transfigurem também o mundo, o universo, onde nós vamos viver a nossa vocação”, ensinou.

Dirigindo-se aos professandos e aos frades presentes na celebração disse que é preciso escutar, escutar muito, aquilo que Jesus, ou melhor, aquilo que os apóstolos experimentaram no Monte Tabor: “Esse é o meu Filho amado, escutai-o”. E finalizou: “A felicidade, a realização daquilo que vocês hoje estão prometendo, a fidelidade, a realização daquilo que um dia nós prometemos dependem muito e, principalmente, de escutar a linguagem do Filho de Deus”.

Na sequência da celebração, Frei Róbson se prostrou no chão em sinal de despojamento, enquanto foi cantada a Ladainha de Todos os Santos. No momento central do rito, ele se ajoelhou diante de Frei Fidêncio e, com as suas mãos nas mãos do Ministro Provincial, proferiu a fórmula da profissão. “… tendo o Senhor me dado a graça de seguir mais de perto o Evangelho e os passos de nosso Senhor Jesus Cristo, em tuas mãos, com firme fé e vontade, faço voto a Deus, Pai Santo e todo-poderoso, de viver por todo o tempo da minha vida em obediência, sem nada de próprio e em castidade…”. Em seguida, sobre altar, assinou um documento que confirmou os votos emitidos e outro renunciando à posse de todo e qualquer bem temporal.

Já os noviços, depois de prometerem obediência, castidade e pobreza, receberem a Regra e as Constituições da Ordem dos Frades Menores das mãos do Ministro Provincial. Eles também assinaram um documento de ingresso na Ordem e de renúncia aos bens temporais. Na sequência, o professo solene foi abraçado pelos pais e todos os professandos também foram abraçados pela fraternidade provincial.

Durante este “ano de provação” no Noviciado, a turma, que teve como Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima, caminhou com o angolano Frei Mvula Nzaji André e Frei Israel Rodigheri. O primeiro chegou com um mês de atraso a Rodeio devido à burocracia no seu visto de entrada no país e o segundo pediu mais um tempo antes de fazer a primeira profissão e vai continuar a experiência no Santuário mariano da Penha (ES). Frei Mvula vai professar no dia 29 de janeiro, na Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, em São Paulo.

Quem é Frei Robson?

Natural de Cordilheira Alta, no Oeste Catarinense, Frei Róbson nasceu no dia 27 de outubro de 1986 e vestiu o hábito franciscano no dia 8 de janeiro de 2006, em Rodeio.

O mais novo dos três filhos do casal Luís e Maria Scudela, cresceu na comunidade rural de Fernando Machado, onde teve a base de família, cresceu no trabalho, na oração, no estudo primário, na catequese. Fez o seu acompanhamento vocacional com os frades de Coronel Freitas (SC). Com 14 anos de idade, seguiu para o Seminário Santo Antônio em Agudos (SP), onde cursou o Ensino Médio e fez o Aspirantado em 2004. Depois de cumprir as etapas do Aspirantado e Noviciado, em dezembro de 2006 foi atendido à profissão temporária na Ordem Franciscana, aqui nesta igreja Matriz de Rodeio.

Em seguida cumpriu o programa de formação juntamente com o Curso de Filosofia em Rondinha, município de Campo Largo (PR). Terminado este tempo, fez o pedido para um tempo de estágio na Missão que a Província mantém em Angola.

Foi aceito e passou lá os dois últimos anos: um em Kibala (Postulantado) e em Malanje (Aspirantado). Segue agora para Petrópolis, onde irá continuar a formação franciscana, vivendo na Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, estudando a Sagrada Teologia e se preparando para o ministério sacerdotal.

Frei Róbson agradeceu a todos pela sua caminhada vocacional que começou, segundo ele, há dez anos. “Eu, pobre servo, peço orações para que seja fiel ao Senhor naquilo em que Ele se destinou a realizar em mim”, completou.

Frei Valdir e Cimabue

Frei Juliano, em nome dos noviços, agradeceu à Província, à comunidade de Rodeio, à fraternidade do Noviciado e aos mestres pela formação durante o “ano de provação”. Brincou com Frei Valdir ao pedir que ele não tivesse vergonha de mostrar a eles nas próximas etapas da Filosofia e Teologia o santinho de São Francisco, a tradicional pintura de Cimabue. Frei Valdir não perdeu a deixa e fez a sua pregação. “O Santinho de Cimabue, para os que não conhecem, trata-se do pintor que muitos franciscanos admitem que fez a melhor representação de São Francisco de Assis. Eu mostrava o santinho para eles e dizia: ‘Esse aqui aumenta a vocação, gente!’. Eu dizia isso, muitas vezes brincando, mas no fundo com uma pitada daquilo que deve ser: Olhemos para esse ícone; ele desperta vigores novos na nossa caminhada!”, admoestou.

Frei Fidêncio encerrou a Celebração Eucarística falando especialmente para Frei Israel e Frei Mvula que esperava revê-los em breve. “Eu torço por vocês!”.