50 anos de vida religiosa: Celebrar o Jubileu é revestir-se de gratidão
16/01/2025
No próximo dia 20 de janeiro, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil celebra 50 anos de Vida Religiosa Franciscana de cinco frades que há meio século deram o seu “sim” à vida consagrada e hoje podem dizer que são testemunhas do Evangelho por meio de seus atos e práticas religiosas. São eles: Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei Francisco Mafra, Frei Gilberto Marcos Sessino Piscitelli, Frei Luiz Carlos Peloso e Frei Osvaldo Lino Luiz.
No Seminário Santo Antônio, em Agudos (SP), eles iniciaram uma trajetória que determinou os rumos de suas vidas. Ao mesmo tempo que deixavam os pais, irmãos, demais parentes, amigos, lugares que representavam aconchego, passavam a conhecer uma nova e família que os convidava para viver em fraternidade, como irmãos.
Qual deles imaginaria na época que iriam acompanhar histórias e momentos desafiados pelo tempo de uma Ordem que já está com mais 800 anos e que, na atualidade, é uma importante referência, inclusive para a manutenção da unidade humana na preservação da nossa Casa Comum.
O momento exige reflexão nos quais os pensamentos caminham com a história, os momentos vividos e a certeza de que a vida dedicada a Deus nunca é em vão, pois o amor prevaleceu.
Caminho de santificação pessoal
Podemos definir o sentido da vida religiosa daquele que responde ao chamado de Deus para dedicar a vida inteiramente a Ele, em uma entrega absoluta. Para um frade franciscano, essa escolha é marcada pela consagração por meio de um Voto feito a Deus, de viver em pobreza, castidade e obediência, que configura a vida religiosa como um testemunho radical do Evangelho, assim como fez o Pai Seráfico São Francisco de Assis.
Ao longo dessa caminhada, ele percorre momentos de confirmação junto a Deus e a comunidade do seu compromisso de vida religiosa dedicada à difusão do Evangelho, aos pobres e a Igreja no seguimento de Jesus Cristo.
Percorrendo o seu tempo, a sua história moldando-se e ajudando a moldar leigos e vocacionados no caminho da fé e da observância ele cumpre a sua missão. Assim como os mais de 8 bilhões de seres humanos que habitam o planeta Terra, nossa Casa Comum, o frade também é feito de carne e osso, enfrenta dificuldades em sua caminhada religiosa, assim como desafios.
Mas, qual o diferencial de um franciscano? Aos olhos de Deus somos todos iguais, mas, um frade torna-se diferente nesse rebanho do Pai, quando verdadeiramente assume a sua missão religiosa e se dispõe a enfrentar todos os desafios deste mundo para viver o Evangelho em plenitude, com o propósito de contribuir com um mundo mais justo e solidário, seguindo fielmente a Regra Bulada, que determina o jeito de ser franciscano.
O tempo traz experiências constituídas por todos momentos de vivência em fraternidade, junto aos ambientes nos quais ele pratica e vive o carisma e a espiritualidade franciscana.
Celebrar o jubileu de 50 anos de Vida Religiosa Franciscana é uma ocasião de profunda gratidão e renovação espiritual para a pessoa consagrada e para a comunidade em que vive. É um momento para recordar meio século de fidelidade ao chamado de Deus, marcado pela vivência dos votos religiosos e pelo serviço à Igreja e ao próximo.
“Confesso que nunca havia pensado em atingir o jubileu de ouro de vida religiosa, não pela vocação que para mim sempre foi clara, amo a vida religiosa. A Província me acolheu, proporcionou estudo, conhecimento e discernimento na vida franciscana. A verdade é que entrei movido pelo ideal do evangelho buscando servir e viver em fraternidade; como diz a regra: em obediência, castidade e propósito. Busquei e ainda busco o ideal, tendo certeza que a perfeição só após a irmã morte. Valeu a pena? Sem dúvida, faria de novo com as devidas correções”, disse Frei Gilberto Marcos Sessino Piscitelli, pároco da Paróquia Santo Antônio do Pari, em São Paulo (SP).
Frei Fidêncio Vanboemmel, é coordenador do Serviço Provincial de Proteção, Vice-Secretário provincial, Vigário paroquial, Assistente da Federação das Clarissas e Assistente da OFS. Em sua reflexão sobre a importância dos 50 anos de vida religiosa, disse que esta questão tem o inquietado de forma positiva nos últimos tempos.
“A partir de 2025, no livrinho “Irmãos e Fraternidades” da Província, é acrescentado ao meu nome o termo “Jubilado”. Um acréscimo que assusta! Onde foram parar os 50 anos que passaram tão velozmente? E longe de considerar-me um ancião já desgastado pelos anos vividos como religioso, celebrar o jubileu é motivação ainda maior para renovar o compromisso que assumi na Primeira Profissão, ao término do ano do Noviciado, manhã do dia 20 de janeiro de 1975.
Segundo ele, celebrar o jubileu é mais de que festejar uma data. “Celebrar o Jubileu é revestir-se de gratidão para quem um dia apostou, acreditou e professou viver sua vida na Ordem dos Frades Menores, fazendo da vida um itinerário no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, a exemplo de São Francisco de Assis”.
Além disso, o frade explicou que celebrar o Jubileu de Vida Religiosa no Ano Jubilar da Igreja é uma benção ainda maior. “O que um dia foi súplica em São Francisco de Assis, ‘dá-me esperança certa”, é certeza de que também devo continuar a ser “Peregrino de Esperança”, mesmo ultrapassando a contagem dos “cinquenta’. Nesse sentido comungo com o Papa Francisco quando nos estimulou a encontrar neste Ano Santo Jubilar a esperança na graça de Deus e que a esperança deve ser a companheira a guiar os nossos passos para Cristo. Assim, esta esperança-companheira é fundamental para o tempo que Deus ainda me concede para viver a dádiva da vocação como um benefício que necessita de contínua ressignificação”.
Frei Fidêncio ainda falou da importância de olhar o passado com gratidão nesse momento celebrativo. “Quantas histórias, vidas e caminhos se entrecruzaram nestes 50 anos: a minha família, os confrades, os fiéis leigos e leigas, as pessoas consagradas, a Ordem Franciscana Secular e a Jufra, os muitos formandos nas diferentes etapas de formação. A todos a minha gratidão pelo incentivo. E com a gratidão também segue a súplica de perdão tão necessária para quem celebra o Jubileu. Com a santidade, também estamos revestidos de fragilidades da nossa condição humana. Celebrar o jubileu também é olhar para o horizonte de Deus, para o futuro que vai além daquilo que a nossa compreensão alcança. Por isso, valem as palavras de São Francisco e de Santa Clara: “Comecemos, irmãos…” e “Não perca de vista seu ponto de partida”.
Ele encerrou sua fala dizendo que: “Celebrar este Jubileu dos 50 anos de Vida Religiosa Franciscana no ano jubilar dos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas, é reposicionar-me como integrante do jogral de Deus para cantar com gratidão ainda maior ao Criador: “Altíssimo, onipotente, bom Senhor, teus são o louvor, a glória e a honra e toda a bênção”.
A Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil agradece por toda dedicação e doação desses frades que continuam contribuindo com a construção de um mundo mais fraterno, justo e solidário.
Adriana Rabelo