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Dom Frei João Bosco celebra 50 anos de vida religiosa no Santuário Nacional

22/01/2022

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                                                                                   Imagens: Reprodução da TV Aparecida

Aparecida (SP) – Dom Frei João Bosco Barbosa, Bispo de Osasco (SP), e seus confrades de turma celebraram no dia 20 de janeiro, festa de São Sebastião, o jubileu de 50 anos de vida religiosa franciscana. Esse momento de Ação de Graças se deu no altar central do Santuário Nacional de Aparecida, às 9 horas. Assim como Frei João Bosco, que presidiu a Santa Missa, outros dez frades franciscanos celebraram a data comemorativa pelo jubileu de ouro na caminhada e missão de fé. Presbíteros da Diocese concelebraram com Dom Bosco.

O bispo e frade franciscano nasceu no dia 8 de dezembro de 1952 e ingressou na Ordem dos Frades Menores pela Província Franciscana da Imaculada Conceição no dia 20 de janeiro de 1971. Fez a profissão solene no dia 4 de outubro de 1975 e foi ordenado sacerdote no dia 7 de janeiro de 1978.

Sua primeira transferência foi para São Paulo, onde se tornou vigário paroquial na Igreja Santo Antônio do Pari (1978-1982) e depois pároco da Igreja de São Francisco de Assis (1983-1987; 1995-1997).

Formado em jornalismo, Frei João foi diretor de produção da agência Sonoviso do Brasil, produtora de audiovisuais de caráter religioso e formativo, na arquidiocese do Rio de Janeiro (1988-1994). De 1998 a 2000, participou do Conselho Provincial, período em que residiu em Pato Branco, no Paraná, onde foi também pároco da Igreja São Pedro Apóstolo e presidente da Fundação Celinauta – Rádio e TV, funções que desempenhou até 2003. A partir de 2004, voltou para São Paulo, como pároco da Igreja de São Francisco de Assis. Frei João Bosco Barbosa de Sousa foi nomeado bispo pelo Papa Bento XVI para a Diocese de União da Vitória, no Paraná, e foi ordenado no dia 25 de março de 2007 na Paróquia São Francisco de Assis.

Em 16 de abril 2014, Dom Frei João Bosco Barbosa de Souza  foi eleito pelo Papa Francisco a assumir a Diocese de Osasco (SP) como bispo, a partir da renúncia de Dom Ercílio Turco, que atingiu limite de idade de 75 anos.

“É uma história longa. Éramos 32 no Noviciado e 11 chegaram aos 50 anos, alguns estão presentes e cinco já estão na casa do Pai, entre eles um bispo: Dom Sebastião Assis Figueiredo, que sofreu um acidente fatal. E outros que queria lembrar de modo especial: Frei Antônio Konescki, Frei Carlos Contreras Oliveiras, Frei João Jorge Ribeiro e Frei Márcio de Araújo Terra. Aqueles que estão aqui entre nós: Frei Odolino, Frei Claudino, Frei Dionísio, Frei Ladi, Frei Moacir, Frei Nilton e Frei Sérgio, Frei Longuinho, Frei Sebastião e Frei Vilmar”, disse o bispo.

“Para nós, talvez seja mais importante esses 50 anos do que ser sacerdote, por exemplo, do que ser bispo até. Num certo sentido é mais profundo porque é fonte, assim como a fonte é anterior ao rio , assim a fonte da espiritualidade franciscana que nós abraçamos. Ela inspira e organiza todo o nosso modo de ser. Todas as nossas atitudes de viver, o nosso jeito de viver. Instrui o nosso jeito de ser e por isso é uma alegria profunda celebrar esses 50 anos de graça que temos”, explicou Dom Bosco.

“Olha, com toda modéstia, ser franciscano fez de nós pessoas simples, alegres, comunicativas, capazes de servirem em todos os tipos de serviços. Ser franciscano nos deu a alma do Evangelho. O que nós esperávamos dessa vida franciscana? Seguir Jesus Cristo e seguir Jesus Cristo especialmente pobre, humilde, serviçal. Seguir Jesus Cristo que se anula na sua divindade para estar junto de nós, para participar da nossa fraqueza, da nossa miséria. Era isso que queríamos, e a partir daí olhávamos para o Evangelho e nos encantávamos com o jeito de Jesus ser”, ressaltou o jubilando.

Referindo à passagem do Evangelho do dia, em que a multidão vai até Jesus, segundo o evangelista Marcos vinha de todos os lugares. “E São Marcos cita especialmente o pessoal da Galileia, da Judeia, de Jerusalém, da Indumeia, inclusive do mundo pagão, Tiro e Sidônia, que vinham até Jesus. E ele curava. Ele atendia, ele ouvia. Que encanto para nós, jovens, olhar para esse Jesus no meio dessa multidão. E olha que, com a multidão, ele sempre teve um pé atrás, porque é um sinal ambíguo. Se por um lado aquela multidão significa que a sua palavra estava chegando nos corações, por outro lado, aquela multidão também recebeu de Jesus críticas: ‘olha, eles vêm por interesse, vêm encher a barriga, não para seguir o Evangelho. A multidão é sempre complicada”, avaliou Dom Bosco.

Segundo o bispo franciscano, hoje, com os meios de comunicação, é tão fácil ceder a esse gosto pela multidão. “Eu tenho tantos seguidores, tantos k de seguidores, e tem gente que se encanta com isso. Nem sempre ter tantos seguidores significa profetismo. Até porque no maior ato profético de Jesus na hora da cruz, só tinha um discípulo e sua fidelíssima Mãe e mais alguns mais chegados. A multidão estava antes dizendo ‘crucifica'”, observou.

Segundo o bispo, é importante ter m critério. “Jesus atendia sim a multidão. Porém, ele nos dá duas chaves que são muito importantes nesse Evangelho: a primeira, ele se afasta um pouquinho, ele pede aos discípulos que arranjem um barquinho e, desse barco, junto com os discípulos, ele se dirige à multidão. Primeira chave, se a gente quer estar diante da multidão com nossa vida religiosa, com nossa vida de pregadores, com nossa vida de pastores, devemos estar muito amarrados na barca da Igreja. Sem isso, nós não estamos seguros. Nós devemos estar alinhados com a Igreja. Como é fácil a gente se distanciar um pouquinho, um milímetro da palavra do Santo Padre, da palavra dos nossos bispos, e começarmos a crescer o nosso  ego sempre mais! Não é fácil. É muito importante em Jesus, e também para nós, essa  fidelidade total à Igreja, sempre, em todos os aspectos”, ensinou.

“A outra dica também interessante é que os elogios fazem com que o ego cresça. E aqui, no Evangelho, são justamente os demônios que dizem para Jesus: olha, você é o filho de Deus. Use seu sucesso para você ser grande. E Jesus diz para eles: ‘calem a boca, fiquem quietos’. Se ele já tinha vencido essa tentação lá no deserto, durante toda a sua vida fez o mesmo. Não queria ser um Messias triunfalista, de sucesso, mas queria ser fiel à sua missão”, acrescentou.

E concluiu: “São dois recados para nós nos 50 anos: já estamos suficientemente amadurecidos, talvez até passando um pouco do ponto, mas amadurecidos para olhar para o nosso passado e agradecer tudo aquilo que recebemos das mãos de Deus. Mas não para nós, mas para Ele. Para a sua Santíssima Mãe, para a Igreja. E assim, com humildade, poder celebrar juntos com todos vocês, com a família brasileira, toda a graça que temos recebido. Que Deus nos ajude, a nós frades, a olhar para a cruz, que é o maior sinal de sucesso de Deus na sua presença no mundo, para que nós sejamos discípulos na cruz, como São Francisco foi e como queremos ser”.

ENTREVISTA PARA A12

Durante a celebração, Dom Frei João Bosco falou muito sobre sua experiência de vida cristã, focando na alegria de ser franciscano. Em conversa exclusiva com o A12, o Bispo citou a importância do Papa Francisco no sentido de continuar encorajando os religiosos no caminho da simplicidade, da humildade e da fraternidade:

“O Papa tem uma postura absolutamente encantadora no mundo de hoje. Ele é tão próximo de Jesus Cristo e do Evangelho que também se faz próximo de todos os religiosos. Ele é um franciscano de alma. Para nós, é a melhor forma de expressar ao mundo o que significa a relação com Deus”, disse Dom Frei.

“Existe um carinho especial. Na minha memória, tenho desde a criança a vinda aqui no Santuário, ainda de calça curta na época de escola. A gente vinha a pé até o Santuário durante toda minha juventude. Mesmo no seminário, sempre estive aqui com a minha família. Estar na Casa da Mãe hoje, ao lado de minha mãe, perto da família, é muito bom e o sentimento é de gratidão a Deus”, refletiu.

Por fim, durante a conversa na sacristia do Santuário Nacional, Dom Frei João falou sobre o sentimento de completar uma data tão expressiva dentro de sua missão religiosa: “Celebrar 50 anos, jubileu de ouro de vida religiosa, é celebrar o nosso ser. Não só fazer o que a gente faz como padre, como bispo, como pastor, mas o ser de cada um de nós, dado e entregue a Deus de uma maneira completa. É graça de Deus que nós transformamos em alegria”, finalizou.


Fonte: Transmissão da TV Aparecida e texto de Guilherme Gomes do A12.