Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ao curar a dor do outro, curei a minha

03/09/2015

Notícias

 Frei Gustavo Medella

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 7% da população mundial sofre de depressão. São aproximadamente 700 milhões de pessoas que padecem deste mal. O dado científico, que de certa forma parece distante, ganha contornos muito próximos nas pessoas com quem convivemos ou quando nós mesmos sentimos na própria pele o peso da falta de sentido, de ânimo e da vontade de viver, sintomas bem típicos do transtorno depressivo.

Depressão é doença e jamais deve ser rotulada como fraqueza, preguiça, falta de fé ou incompetência para administrar a própria vida. Todos estão sujeitos a ela: rico, pobre, gente bem-sucedida, intelectuais, artistas, trabalhadores braçais, religiosos, gente de fé, sem exceção. E para todos ─ também para aqueles que não foram diagnosticados com a doença ─ mas passam por período de dificuldades, a Palavra de Deus vem como um bálsamo de alívio e consolo: “Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo! Não tenhais medo. Vede, é vosso Deus!’” (Is 35,4).

Deus, através do profeta, nos pede para sermos portadores desta mensagem aos que estão abatidos e desanimados: “Criai ânimo!”. Deus é tão generoso e surpreendente que até mesmo alguém que esteja em alto grau de depressão pode, por conta dos mistérios da graça, se transformar em fonte de alegria e coragem para o outro. Faz lembrar a figura do palhaço que perdeu o pai, enterrou-o à tarde e à noite já estava no picadeiro fazendo o público rir e, no sorriso da criança, encontrou a consolação para seu coração triste pela perda que acabara de sofrer. Talvez esteja aí um caminho para vencer a depressão, sair de si e ir ao encontro do outro em sua dor, reencontrar o sentido da própria existência ajudando alguém a se reencontrar no caminho da vida.

Deixar de lado toda e qualquer acepção de pessoas (Tg 2,1) também pode ter um efeito terapêutico. Em vez de nos aproximarmos de alguém pela aparência ou por um possível benefício que este alguém nos possa trazer, despirmo-nos de todo preconceito para enxergarmos o outro com os olhos do coração, contemplando nele a imagem da bondade do Senhor. Sem medo de imitarmos o Mestre, que faz surdos ouvirem e mudos falar (Mc 7,37), buscarmos, de todo coração, sermos uns para os outros, presença viva de um Deus próximo e amoroso, que “faz justiça aos que são oprimidos, dá alimento aos famintos, liberta os cativos, abre os olhos aos cegos, faz erguer-se o caído, protege o estrangeiro, ampara a viúva e órfão” (Cf. Sl 145).