Francisco, homem da empatia
Tentando penetrar muito pouco no jeito de Francisco viver com os outros.
Empatia: a palavra é muito conhecida pelos especialistas de gestão intercultural que a descrevem como uma disposição do espírito para facilitar os relacionamentos na área social e profissional. Observam que se trata de uma sutil disposição: não se trata se simpatia nem altruísmo, nem mesmo de compaixão, mas de uma capacidade de compreensão pelo que se poderia chamar “a mais alta inteligência do outro, tentar se colocar no seu lugar, compreender seus sentimentos e suas emoções. A empatia supõe o “descentramento”. Segundo sua etimologia grega seria um sofrimento que se experimenta no interior.
Diz-se que empatia é rir com os que riem, chorar com os que choram. No que diz respeito às lágrimas, pode-se dizer que Francisco certamente chorava muito. Empatia avizinha-se de misericórdia, termo frequente nas fontes franciscanas e utilizado de modo particular no Testamento. Quando se empregava o termo misericórdia na época de Francisco significava “ter o coração ferido pela do outro”, sentir-se ofendido quando o outro é ofendido.
Incontestavelmente Francisco é homem de empatia, constantemente sempre atento aos sofrimentos do que vivem à sua volta e procurando meios para atenuá-los. Sua maneira de estar com seus irmãos, mostra que, muitas vezes, o Poverello sente o que eles ressentem. Testemunha-o esta passagem do Anônimo Perusino: “Se alguém sofria tentações ou tribulações, ao ouvir Francisco falar com tanto fervor e doçura, e olhando a pessoa dele, as tentações desapareciam. Falava-lhes com participação calorosa, não como juiz, mas como um pai aos filhos ou como um médico ao doente, de maneira que revivia o sentimento de São Paulo: Quem é fraco, que eu também não seja fraco, quem tropeça, que eu não me consuma em febre?
A empatia de Francisco é comunhão com os sofrimentos dos outros. F. Dalmas-Goyon, observando o relacionamento de Francisco com os leprosos, estima que misericórdia e serviço suplantariam a pobreza: “Francisco mostra que seu compromisso no serviço aos leprosos era o verdadeiro começo de sua conversão. Isto quer dizer que o fundamento da conversão de Francisco não é a pobreza, mas a comunhão com os que sofrem e são excluídos bem como o investimento concreto a seu serviço. A pobreza ocupa lugar de primeiro plano na espiritualidade franciscana, mas não constitui uma finalidade em si. Está ordenada ao amor de Deus e do próximo”.
Tradução de Frei Almir Guimarães: Michel Sauquet, Le passe murailles
Ed. Franciscanes, Paris, p. 119-11-221