Sempre de novo os discípulos de Jesus procuram penetrar a mente e o espírito nas insondáveis riquezas do Coração de Jesus, fonte de todas as graças. Místicos e pessoas de profunda intimidade com o Mestre muito escreveram e dissertaram sobre esse abismo de misericórdia.
• Em forma de oração temos este texto de Guilherme de Saint-Thierry (1985-1148):
“As inefáveis riquezas de tua glória, Senhor, estavam escondidas no céu do teu ser misterioso até o momento em que, tendo a lança do soldado aberto o lado do teu Filho nosso Senhor e Redentor, no alto da cruz, tivessem jorrado os sacramentos da nossa Redenção, a fim de que não colocássemos nesse lado apenas nosso dedo ou nossa mão como Tomé, mas através daquela porta aberta entrássemos até o fundo do teu coração, ó Jesus, segura sede da misericórdia, até a tua alma santa, repleta da plenitude de Deus, cheia de graça e de verdade, repleta da nossa salvação e da nossa consolação. Abre, nós te pedimos, a porta lateral de tua arca a fim de que entremos todos e todos os eleitos (…), abre-nos o lado de teu corpo, a fim de que entrem aqueles que desejam ver os segredos do Filho, e que recebam os rios misteriosos que dali brotam e o preço da sua redenção”.
• Um pensamento de São Bernardo ( 1090-1153):
“A lança atravessou a sua alma e tocou seu coração para que viesse compartilhar com minha natureza vulnerável. O segredo de seu coração fica patente nas chagas de seu corpo: aparece descoberto esse mistério de infinita bondade, esta misericórdia de nosso Deus que veio dos altos céus até nós”.
• Uma exortação de Santo Ambrósio (337-397):
Sacia tua sede em Cristo, porque ele é a rocha da qual brotam as águas.
Sacia tua sede em Cristo, porque ele é a fonte da vida.
Sacia tua sede em Cristo, porque ele é o rio que alegra a cidade de Deus.
Sacia tua sede em Cristo, porque ele é a tua paz.
Sacia tua sede em Cristo, porque rios de água viva brotam de seu seio.
• Palavras contemplativas de São Boaventura (1221-1274):
“Levanta-te, pois, tu que amas o Cristo, sê como a pomba que faz o seu ninho na borda do rochedo, e aí, como o pássaro que encontrou sua morada, não cesses de estar vigilante; aí esconde como a andorinha os filhos nascidos do casto amor; aí aproxima teus lábios para beber as águas das fontes do Salvador. Pois esta é a fonte que brota no meio do paraíso e, dividida em quatro rios, se derrama no coração dos fiéis para irrigar e fecundar a terra inteira”.
Frei Almir Guimarães