É como se amor de Deus tivesse fome dos homens
Que coragem tu tens! Assim, tão pequenino de entregar a todos; a quem vem ao teu encontro ofereces teu sorriso; a quem te olha te mostras acolhedor ; é como se teu amor tivesse fome dos homens (S.Efrém).
1. Estamos colocando nossos passos nas trilhas do Advento. Santo Efrém fala de um pequenino corajoso que a todos se entrega, mostra seu sorriso e a todos acolhe. Os verdadeiros discípulos de Jesus vivem um período de vida todo especial e serenamente belo durante o Advento. Gostam de contemplar a bondade suma de Deus que se manifesta na fragilidade do Menino das Palhas. O poeta que é Santo Efrém diz belamente: “É como se teu amor tivesse fome dos homens”.
2. Os textos e os personagens do Advento nos colocam diante do mistério do amor apaixonado de Deus pelos seus. Os que saboreiam o salmos, se deleitam na leitura do profetas que anunciavam o Messias e se debruçam sobre os evangelhos da infância, dão-se conta que o Senhor, grande e belo, vem ao encontro do homem decididamente. O Deus grande, a Trindade Santíssima, na sua plenitude, quis estabelecer comunhão com os seres humanos, gratuitamente. Houve o plano, a decisão de, na plenitude dos tempos, o Verbo encarnar-se e fincar sua tenda entre nós. Veio para o que era seu. Corajosamente, através do Menino do Natal, começou a nos olhar de perto, a fazer com que notássemos o carinho do Pai por cada um de nós.
3. Como concretamente Deus resolve mostrar sua vontade de aproximação do homem e de comunhão com ele? Tudo se faria por meio da adorável figura de Jesus, Palavra eterna de Deus tornada carne, coração, pernas, braços, voz. Santo Efrém diz que o pequenino se entrega a todos, que torna sorriso acolhedor. Aos que tiverem sensibilidade, Deus aparece na fragilidade de Jesus. O coração de Deus bate no peito do Menino!
4. Durante toda a sua vida, ele percorrerá caminhos e estradas poeirentas para encontrar os que ama. Aqui olhará nos olhos de um cobrador de impostos, ali ensinará o esplendor da vida nova no sermão da montanha, mais adiante chorará a morte de seu amigo Lázaro, ou então pedirá água à mulher de Samaria. Efrém tem razão: é como se Deus feito criança, feito gente, feito homem tivesse fome dos homens. Não satisfeito de ter gasto suas vida em andanças, em embates e discussões, foi levado até o alto da cruz. Ali esvaziou-se totalmente. E aos que pudessem passar por ele, diria: “Aqui estou eu tentando ainda atrair ao meu coração aberto o coração de todos os que passam…”. Natal é festa de delicadeza. Diante da cena do Menino e de sua Mãe, ficamos sempre impressionados.
5. Não podemos esquecer que o Menino sorridente do presépio é também o pobre ser alquebrado no alto da cruz com o Coração aberto. O coração do Menino e do justo suspenso entre o céu e a terra batem a batida do amor. Por vezes, o ser humano se sente como que abandonado na trajetória da vida, na travessia dos desertos. E o coração do indigente lamenta: “Por que, Senhor, me abandonaste desta forma ao longo do sofrimento? O Senhor, no entanto, em luz indizível responde, encorajando-o: Eis os sinais dos pregos e as minhas chagas; sofri tudo isto, alma querida, porque estiveste ferida e presa de tantos inimigos. Curei-te e libertei-te porque te fiz à minha imagem. Por ti sofri, eu que sou o impassível. A aflição da minha alma foi para o teu bem” (Pseudo Macário-Simão).
É como se o Menino das Palhas, e condenado com o Coração aberto, tivesse fome do amor dos homens.
Frei Almir Ribeiro Guimarães