Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Não precisamos morrer de sede!

01/03/2012

Vês a fonte jorrando água pura
e desejas a sede no  mundo
saciar com a água da vida
que brotou de seu peito fecundo.

Hino do Ofício  das Leituras
Festa de São João Evangelista

 

1. A estrofe do hino que abre esta reflexão, tirada do  hino do ofício litúrgico das leituras da festa do apóstolo João evangelista,  nos  fala da fonte que sacia a sede dos pobres andarilhos que somos nós.  João é o único dos evangelistas a nos falar do episódio do soldado que  abre o lado de Jesus depois da morte do Mestre.  Incontáveis  foram os escritores sagrados e místicos que se detiveram diante do  “lado aberto”  do  Senhor.  A poesia da composição do hino é belíssima.  O  peito de Jesus é fonte da água da vida: água pura, água da vida,  fonte borbulhante, que  mata a sede no mundo…O autor do hino se dirige a João: “Tu viste essa fonte borbulhar e tu desejas que suas águas dessedentem  a sede do mundo… há  peregrinos cansados e com a garganta ardendo… tu tens água que jorra de  teu peito aberto”.

2. Viver é sempre um desafio. Uma coisa é viver, deixar que as coisas aconteçam,  empurrar a vida. Outra coisa é assumir sua história nas mãos e buscar viver em plenitude. Há uma vida intensa que se exprime, por exemplo,  na realização profissional.  Pensamos  num físico, num desenhista, num músico,  numa pessoa que simplesmente trabalha   numa cozinha.  As pessoas podem exercer profissões apenas com o fito  de ganhar dinheiro, para  sobreviver.  Ou podem colocar o melhor de seu interior e se empenharem em serem  “ases”  nesses campos.  Não pensamos somente em  profissões solenes.  Há uma senhora idosa que vive sozinha mas é toda preocupação de fazer  as coisas da melhor maneira possível:  uma  carninha com batata e cenoura, cuidado  pelas plantas,  quarto arrumadinho, bordado de uma toalha para a neta que vai casar.  Essas pessoas têm, até certo ponto, uma sede. Não se satisfazem com o mínimo.  Têm sede do melhor.  Têm sede de bondade, de serem úteis, de percorrerem os caminhos da vida  valendo a pena caminhar…

3. Ora, no campo da fé, no universo do seguimento de Jesus, pode haver  uma maneira  “formal”, fria de cumprimento de deveres ou de vivência de uma religião mais ou menos “seca”.  Há pessoas, de outro lado, que desejam ser de fato do Senhor.  Há grupos de discípulos que não se satisfazem com ritos colocados e “obrigações”  religiosas cumpridas materialmente.  Essas pessoas têm uma sede de Deus, do evangelho, de uma vida plena.  Não se  sentem satisfeitas com uma missa, uma reza ou coisas semelhantes.    Não são  cumpridoras de deveres por cumprir deveres. Elas se dão  conta que seu coração não foi feito para a mediocridade.  Aos poucos  vão simplificando suas vidas.  Vão compreendendo que,  também e principalmente no campo da fé, há aspectos importantes e outros  nem tão importantes.  Compreendem que aquilo que as faz crescer é um grande amor. Casam-se, encontram uma pessoa que amam e que as ama.  Não querem  que sua união seja banal.  Amam com uma vontade de dar a vida pelos que amam. Um esposo acolhe singelamente todo o interior da esposa.  Os pais, sem atitude possessiva, se esvaziam de si em prol do crescimento dos filhos. Há pessoas  que compreenderam de verdade que a única coisa que conta é o amor até o fim. No casamento, na vida familiar, na trama das coisas do cotidiano  transbordam de verdadeiro amor.  O mesmo se deve dizer de um sacerdote  que arde de zelo,  que não é mero “agente”  de coisas sacras, mas que ao celebrar  a missa vive os mesmos sentimentos de Jesus. No cotidiano de suas tarefas  é alguém ardoroso.

4. Ora,  os discípulos  de Cristo experimentam uma sede desse tipo de amor que vai até o fim. O peito aberto, o coração de Jesus, à vista é um sinal eloquentíssimo do amor sem limites do Deus encarnado por cada pessoa humana.   Vivendo essa sede de plenitude e, ao mesmo tempo, envoltos na trama  do egoísmo que esteriliza nossa vida,   olhando o peito aberto de Cristo,   somos profundamente tocados pelo amor.  Antes de tudo o amor de um Deus crucificado e  ao mesmo tempo uma sede de que esse amor nos invada e permita-nos ser gente de amor  verdadeiro.  O amor de Deus é cheio de vida e arranca  da  morte.

5. Quando João nos fala da cena do soldado que abre  o peito de Cristo ele nos revela  a força do amor que é a água verdadeira.   Felizes as pessoas que têm sede de plenitude, sede da plenitude do amor de Deus. Não precisamos morrer de sede. Há fonte aberta. Jesus  deseja saciar a sede do mundo com  água que brotou de seu peito aberto,  como diz o hino litúrgico acima transcrito.  A  mesma e bela ideia aparece num escrito de São Pedro Canísio, jesuíta comemorado a 21  de dezembro.  Assim escreve o santo:  “Como se me abrisse o Coração do teu corpo santíssimo, que parecia ver diante de mim, tu me ordenaste beber daquela fonte, convidando-me a saciar  a sede nas águas vivas da salvação que brotam das tuas fontes, ó Salvador meu.  Desejava  intensamente que  dali se derramassem sobre mim torrentes de fé, de esperança e de caridade.  Tinha sede de pobreza, de castidade e de obediência, suplicava ser totalmente lavado, vestido e adornado  por ti.  Por isso, após haver ousado tocar  em teu dulcíssimo Coração e nele saciado a minha sede, tu me prometias uma veste tecida  em três partes, que pudessem cobrir a nudez da minha alma e realizar com êxito  a minha missão; eram paz, amor e perseverança.  Revestido deste ornamento  salutar, tinha confiança  que nada me faltaria, mas tudo se realizaria para tua glória (Liturgia das Horas I, p. 1075).

Não precisamos morrer de sede… há a fonte do Coração do Senhor!

Frei Almir Ribeiro Guimarães

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