Na primeira sexta-feira de cada mês, de modo particular, somos chamados a prestar atenção em algumas palavras exigentes de Jesus na linha de seu seguimento. Ele é nosso Mestre que morre no patíbulo. Queremos ser seus discípulos e até mesmo discípulos missionários. Aquele Jesus, cujo coração amou até o fim, tem o direito de nos querer como carinhosos e atentos discípulos. É esse amor do Senhor que se manifesta em seu lado aberto que funciona como apelo, chamamento ao seguimento e é como um ninho cavado no alto do rochedo.
>> “O caminho de formação do seguidor de Jesus lança suas raízes na dinâmica da pessoa e convite pessoal de Jesus Cristo, que chama os seus pelo seu nome e estes o seguem porque lhe conhecem a voz. O Senhor despertava as aspirações profundas de seus discípulos e os atraía a si, maravilhados. O seguimento é fruto de uma fascinação que responde ao desejo de realização humana, ao desejo de vida plena. O discípulo é alguém apaixonado por Cristo, a quem reconhece como mestre que o conduz e o acompanha” (Documento de Aparecida, n. 277).
>> Ao longo de nossa vida fomos e continuamos a formar nossa personalidade humana. A maioria de nós, por diversas circunstâncias, foi levado à pia batismal. Recebemos os sacramentos da Eucaristia e da Confirmação e passamos a “frequentar a religião”. Pode ser que, talvez, por falta de aprofundamento tenhamos permanecido apenas como “membros de uma religião”. Há a urgência de que, antes de tudo, sejamos seguidores do Ressuscitado. Esses tempos do Papa Francisco constituem um período de abandono da prática fria e querem nos ver animados e fervorosos. Nada de apatia.
>> Seguir Jesus quer dizer não perdê-lo de vista, não ficar separado dele, andar atrás dele, dizer que nosso verdadeiro nome é de cristãos, seguidores de Jesus, pessoas que fazemos questão de pensar como ele pensou, agir como ele agiu e, de alguma forma, reescrever sua vida em nossa vida. O imobilismo e a rotina matam o vigor de nossa Igreja. Os cristão abraçam a causa e o destino de Jesus.
>> Os seguidores de Jesus nunca se esquecem de preciosas palavras do Mestre: “O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. Com esta afirmação, Jesus sugere que seus seguidores sejam pessoas simples, descomplicadas, que não se preocupem demais com a marca do carro, a grife de suas roupas e o cardápio de suas mesas. Os cristãos discípulos sabem que, na medida de seu desapego a coisas, posições, podem fazer espaço em si para a ação de Deus e assim se sentem mais discípulos. Nossa sociedade de consumo e do mercado desaprendeu a seguir o Cristo sem pedra para reclinar a cabeça.
>> Os discípulos que são chamados não podem ter apegos e protelar a resposta: deixem que os mortos enterrem os mortos e passem imediatamente a colaborar na construção do mundo novo que se chama Reino. Que não protelem. Não há tempo a perder. A salvação do mundo depende de pessoas que respondam generosamente aos apelos em vista do seguimento.
> Os discípulos missionários não podem olhar para trás. Uma vez que começaram a seguir o Mestre a única coisa é fidelidade, ir adiante, numa alegre e criativa fidelidade. Discípulos que inventam o novo. Jesus havia dito aos discípulos: “Aquele que põe a mão no arado e continua olhando para trás não é digno do reino de Deus”. Oportunas estas observações de José Antonio Pagola: “Olhando só para trás não é possível anunciar o reino de Deus. Quando se sufoca a criatividade ou se mata a imaginação evangélica, quando se controla toda novidade como perigosa e se promove uma religião estática, estamos impedindo o seguimento vivo de Jesus. É o momento de buscar, mais uma vez “vinho novo para odres novos”. Jesus o pedia” (O caminho aberto por Jesus, Lucas, Vozes, p. 166).
Frei Almir Guimarães