O Amor do Senhor para com os homens precisa de resposta. A contemplação da cruz sempre nos pede gratidão, cultivo de um espírito de compunção, um olhar atento a todas as mortes. O Crucificado do Calvário e os crucificados de todos os dias estão diante de nossos olhos. Fica sempre em nós a convicção que o Cristo do coração aberto precisa ser amado e seu amor divulgado enquanto houver força em nosso peito. Contemplar e divulgar esse amor. Contemplar, dar a vida pelos outros, à maneira do Senhor.
Natural que Jesus Cristo viesse a morrer. Não era natural, no entanto, que morresse no sofrimento. Não morre somente porque sua vida chega ao final. Morre para mostrar que não vive somente para ele: sua vida está orientada para o Pai. Deixar de viver porque era preciso morrer não fazia sentido para ele. Dar livremente sua vida para mostrar que vive para um outro, este o significado filial de sua morte. Como vai ele mostrar que dá sua vida livremente? Aceitando o sofrimento da cruz. Jesus não foi forçado a ser pregado no madeiro. O sofrimento aparece como expressão desse ato gratuito eu Jesus proclama: “Minha vida ninguém me tira, eu que a dou livremente”. Um dom.
Podemos compreender a morte de Jesus como vontade de solidariedade com os homens. Deus passa lá por onde nós passamos. Mais profundamente a morte neste aspecto doloroso que Jesus podia ter evitado significa, antes de tudo, gratuidade do dom da vida de Jesus, sinal por excelência de seu amor.
Morrer no sentido pascal significa aceitar de receber sua vida de um outro como também de dar a sua. Para os cristãos, morrer a si mesmo, não significa apenas de viver algumas coisas das vidas, mas aceitar de viver a nossa vida para nós, mas para Deus.
“Pai bom. Sempre te procurei. Tu estiveste bem na frente de todo o meu ser e de meu agir. Farei sempre tua vontade”, é o que Jesus tinha em sua mente. Assim sua morte foi dom. Dom irrestrito e definitivo para todo sempre. Dom atualizado a cada momento no mundo na celebração da Eucaristia. “Meu corpo dado, meu sangue derramado, sinais da eterna Aliança, do Amor”. Nossa morte foi vivida por Jesus de Nazaré. Por isso olhamos com compunção e gratidão o peito aberto do Senhor.
“Minha vida, ninguém me tira, sou eu que a dou livremente”.
Texto de inspiração: Pierre Talec, Dieu vient de l’avenir Le Centurion, Paris,p. 96-98
Frei Almir Guimarães