Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Conservar o amor do Senhor na mente e no coração

02/12/2011

Ama-me como eu te amo.  Conserva-me em tua mente e em tua memória; em tua vontade, em teu suspiro; no gemido e no soluço”  (Balduíno de Cantuária, bispo do sec. XII).

1. Muitos cristãos têm o hábito de prestar uma atenção especial ao amor de Deus manifestado aos homens através do  lado aberto do  Salvador no alto da cruz.  Manifestam esta delicadeza, de modo particular,  às primeiras sextas-feiras de cada mês. Na realidade,  dia após dia,  na celebração e na participação da Eucaristia, manifestamos esse apreço ao Redentor. A Eucaristia, com efeito,  segundo lúcida teologia dos Padres da Igreja, nasceu do peito aberto de Cristo  Jesus. Por isso, essa atenção devota que prestamos ao Coração de Jesus nada tem de sentimentalismo balofo, mas visa adorar o Filho de Deus que nos amou até o fim. Cabe-nos transformar nossa vida num hino de gratidão ao Filho de Deus que por  nós nasceu e por nosso amor por nós se entregou à morte de cruz. A contemplação do peito aberto do Senhor nos leva a sentimentos de agradecimento e propósitos de torná-lo conhecido, reconhecido e amado.  Somos contemplativos e missionários.

2. Os sinceros devotos do Coração de Jesus, sem tirarmos os pés do chão, sem deixarmos de lavar as chagas do Cristo que se esconde nos doentes e abandonados,  vamos tomando gosto por momentos de oração mais contemplativa e silenciosa. Na verdade, sabemos que a vida de oração conhece etapas e profundidades distintas ao longo da história de uma pessoa. De tanto exercitarmo-nos no despojamento interior e de muito meditar no aniquilamento do Senhor vamos simplificando nossa vida  espiritual. Passando, talvez, por noites escuras e percorrendo terrenos de aridez,  chegamos a uma mais densa intimidade com o Senhor que se chama via  unitiva.

3. Balduíno de Cantuária inventa uma fala de  Jesus com a alma:  “Ama-me como eu te amo. Conserva-me em tua mente e em tua memória;  em tua vontade e em teu suspiro; e no soluço. Lembra-te, homem, de que forma te fiz, quando te pus acima de outras criaturas, com que dignidade te enobreci, como te coroei de glória e de honra, coloquei-te pouco abaixo dos anjos, como
tudo submeti a teus pés”. O bispo  Balduíno, evoca pois, os gestos da criação do homem que aparecem em salmos e outros textos da Escritura. Mas são as linhas seguintes que tocam fundamente o íntimo daquele que  contempla Jesus: “Lembra-te não apenas quanto fiz por ti, mas quantas crueldades e afrontas por ti suportei. Reconhece que ages mal contra mim quando não me amas. Quem assim te ama, senão eu?  Quem te criou, senão eu?  Quem te remiu, senão eu?”  (Liturgia das Horas  IV,  p.60).

4. O discípulo do  Coração do Redentor  é, pois convidado, a amar aquele que tem o peito dilacerado e o lado aberto. Como, praticamente, se concretiza esse amor. Antes de tudo,  numa tentativa de conformação de sua vida com a vida de Cristo. Aquele que terminou os dias no alto da cruz não quer que nossa vida seja um fracasso. Tanto nos amou para que respondêssemos ao seu amor
vivendo em nós o grande mistério da vida de Jesus: ser para os outros, dar a vida pelo ser humano, sair da dianteira da cena e ter as tintas do Cristo em nosso semblante.  Isso se faz através de uma “imitação”  dos mistérios de Cristo em nossa vida, de modo particular no humilde despojamento. Tal se realiza  vivendo em nossa carne os mistérios do amor que precisa ser amado. Assim, o
devoto do coração daquele que teve o seu lado aberto se torna coração aberto para o mundo. Fiel ao Amado, ama-o até o fim.

5. O mesmo  Balduíno de  Cantuária continua sua meditação.  No trecho que transcrevemos é a alma que se dirige ao  Cristo num afetivo solilóquio e em palavra nitidamente compungidas:  “Arranca de mim, Senhor, o coração de pedra. Tira o coração de pedra, tira o coração incircunciso;  dá-me um coração  novo, coração de carne, coração puro.  Tu, purificador dos corações e amante dos corações puros, apossa-te de meu coração e nele habita, envolvendo-o e enchendo-o, Tu, superior ao que tenho de mais alto, interior ao que tenho de mais íntimo!  Tu, forma de beleza e selo de santidade, marca meu coração com tua imagem” (Idem, p. 61).

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