Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Celebrar a Páscoa em meio à pandemia

04/04/2021

                                                                            Foto: Victor Hugo Barros/Santuário Nacional

Robson Ribeiro de Oliveira Castro

Estamos vivendo uma semana forte e de grande envolvimento na Igreja e nas religiões. Trata-se da Semana Santa. Desde o Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa, a Igreja nos convida a refletir os passos de Jesus frente ao caminho que O levaria ao calvário, porém, este caminho não se finda ali no Gólgota, mas segue o projeto do Pai, que é a ressureição do seu Filho.

Há mais de um ano o mundo tem vivido um período de grande apreensão com a pandemia da Covid-19. Fato é que, com esta nova realidade, a Páscoa também tem um novo significado, um desafio para todos: comerciantes, empregados, famílias inteiras; tudo isso somado ao isolamento social e, ao lockdown, que algumas cidades têm vivido para tentar diminuir o avanço dos casos do novo coronavírus pelo Brasil.

Para tanto, é necessário mudar, observar nossas atitudes e cuidar do outro, pensar no próximo e não colocar em risco quem quer que seja. Faz-se necessário observar o caminho do encontro com o próximo e as novas necessidades frente aos desafios atuais. É necessário agir com consciência.

Importante observar que Jesus assume esta caminhada frente aos desafios da sua época. Padre Adroaldo Palaoro, jesuíta, nos convoca a refletir os Evangelhos: “a Paixão de Jesus não é uma simples sequência de fatos, mas um confronto entre pessoas. Os diversos personagens entram em contato direto com Jesus, reagindo cada um a seu modo, vivendo cada qual o mistério do próprio chamado e da própria tomada de posição frente à proposta de Jesus”.

Jesus encontra pessoas que choram por ele; sentem por sua condição mas, ao mesmo tempo há pessoas que passam por ele e o ignoram. Assim é a nossa vida e, diante desta realidade, devemos ser mais humanos e cuidar uns dos outros, frente aos problemas que enfrentamos.

Há uma realidade importante para compreendermos o caminho de Jesus e sua entrega. Após sua morte, nossa atenção se volta para o Domingo de Páscoa, entretanto é no Sábado Santo que temos uma realidade frente aos desafios atuais: um “tempo não só de espera, mas de esperança, é deixar que o grão de trigo morto comece a dar fruto, é tempo de um inverno que tornará possível as flores da primavera, é tempo de imaginar, de criar, de abrir-se a algo novo e inesperado, de sonhar um mundo melhor e uma Igreja mais nazarena”. (padre Adroaldo).

Todavia é preciso observar a entrega de Jesus para toda a humanidade. A Pascoa é o ápice das celebrações do calendário Cristão. A ressurreição de Jesus é uma realidade para aqueles que creem na vida eterna.

No relato do Domingo de Páscoa, encontramos o protagonismo das mulheres que não se esconderam e foram, bem cedo, até o sepulcro para levar perfumes para ungir o corpo de Jesus. Padre Adroaldo, em sua reflexão, nos coloca frente à realidade e à missão das mulheres que “revelaram uma presença fundamental nos relatos da Páscoa. Elas seguiram e serviram a Jesus com seus bens pelos caminhos da Galileia e permaneceram fiéis até o final, até a Cruz”.

Por isso, como na nossa realidade, as mulheres têm uma grande função e são para todos nós referências, na lida do dia a dia nas comunidades, braços fortes e prontas para o serviço. Por isso, são elas a encontrarem o sinal de que Jesus já não estava entre os mortos, havia ressuscitado.

Vivendo a realidade de 2021, um ano marcado por grandes desafios, temos a certeza de que celebrar a Páscoa, em meio à pandemia, ganhou um novo significado. Observamos o que é essencial e devemos cuidar do outro. Por isso, protegendo nossos familiares e amigos, a Páscoa não deve ser diferente, cada um na sua casa, se for o caso, com sua família, respeitando o isolamento social.

É preciso nos apoiar na realidade, encarar o que estamos vivendo. Não podemos deixar de lado a gravidade dos acontecimentos. Precisamos seguir em frente, mas não é ético ocultar ou virar as costas à realidade. Pensar em ética é pensar em condutas e valores que, honestamente, possam nortear nossos atos.

Precisamos voltar constantemente ao Evangelho para compreender o mais essencial sobre Jesus. Recuperemos, como diz o papa Francisco, o frescor original do Evangelho. Assim, um “mundo novo” só será possível se formos construtores de uma mudança em nós para olharmos a realidade que vivemos. Marcelo Barros, monge beneditino brasileiro, escreveu certa vez que “… para dialogar com o diferente, é preciso, antes de tudo que cada um de nós pratique um diálogo interior… Só quando vivemos o diálogo dentro de nós, nos tornamos capazes de vivê-lo nas relações sociais e na luta pacífica para mudar o mundo”.

Devemos observar e fazer valer a nossa oração, o nosso pedido de auxílio a Deus que é Pai todo misericordioso. Ele nos escuta e vem em socorro da nossa vida. A realidade atual vivenciada por nós é um convite a olhar para esta pandemia como desafio a ser superado como caminho para criar esperança e gestar uma realidade nova, novos projetos e outro jeito de viver, mais humano, mais ético e solidário. Jesus, que foi o verdadeiro propagador da mudança de sua época, nos inspire a continuar nesta caminhada. Em vista disto, é necessário observar o que temos feito e como temos vivido diante da relação com o outro e o cuidado e zelo frente à realidade da pandemia.


Robson Ribeiro de Oliveira Castro  é leigo. Mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Atualmente leciona no Instituto Teológico Franciscano (ITF). E-mail: robsonrcastro@yahoo.com.br.

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