Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

“Vai segura minha alma”: Família Franciscana Colatinense se despede de Irmã Marlene Maria dos Arcanjos

04/11/2024

Notícias

Em um dia dedicado à memória dos fiéis defuntos, o Mosteiro Santíssima Trindade, em Colatina, tornou-se o cenário de uma despedida solene e cheia de fé. Irmã Marlene Maria dos Arcanjos, conhecida por sua profunda devoção e entrega à vida religiosa, partiu para a morada eterna. Como em um eco das palavras de Santa Clara – “Vai segura minha alma!” – Irmã Marlene deixou um legado de fé, oração e dedicação ao próximo.

Irmã Marlene, cujo nome civil era Marlene Maria Ricatto, nasceu em 5 de julho de 1944 e ingressou no Mosteiro Santíssima Trindade em 26 de maio de 1995, dia da solenidade da Santíssima Trindade. Natural de Colatina e única Clarissa da cidade, Irmã Marlene cumpria a missão de interceder pelo povo local. “Desde pequenininha, ela já falava que queria ser irmã. A vocação dela é de berço”, relembrou Irmã Agnes, que emocionou a comunidade ao relatar sua trajetória de vida e devoção.

O velório de Irmã Marlene teve início no dia de sua partida, com o Mosteiro aberto para receber a comunidade durante todo o dia e a noite. A missa de corpo presente foi celebrada na manhã do dia 3 de novembro, na solenidade de Todos os Santos, presidida por Frei Pedro de Oliveira Rodrigues, pároco da Paróquia Santa Clara de Assis e Assistente Espiritual das Clarissas. Frei Augusto Luiz Gabriel, vigário paroquial e assistente da Ordem Franciscana Secular (OFS), esteve presente, assim como membros da OFS, reafirmando a unidade da família franciscana em torno do testemunho de Irmã Marlene.

Durante a cerimônia, Frei Pedro exaltou a vida de santidade a que todos somos chamados e como Irmã Marlene viveu seu “programa de vida” com simplicidade e intensidade. “Celebramos hoje a Solenidade de Todos os Santos e Santas. Somos todos convidados a sermos testemunhas de santidade em nossa peregrinação neste mundo”, disse ele em sua homilia. “Assim como Irmã Marlene, somos desafiados a manter os olhos no céu, mesmo nas tribulações e alegrias da vida.”

Na comunidade, Irmã Marlene era admirada por sua profunda vida de oração. “Ela tinha o joelho mil vezes mais gasto que o meu”, disse Irmã Agnes, em referência ao fervor com que Irmã Marlene se dedicava à intercessão. Sempre atenta às necessidades dos outros e da própria comunidade, ela não apenas vivia na clausura, mas também acompanhava os acontecimentos do mundo. “Mesmo na clausura, ela estava interessada no que acontecia ao seu redor. Conversava com os colaboradores, preocupava-se com o bem-estar de todos, sempre pronta para ser uma presença intercessora.”

Na manhã de 4 de novembro de 2001, Irmã Marlene fez sua profissão definitiva, consagrando-se ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo sob a regra de Santa Clara, em castidade, pobreza e obediência. Ela renovava seus votos fielmente, com um amor especial pelos santos e pelas almas do purgatório. “Ela nos deixou no dia 2 de novembro, dia em que rezamos pelos fiéis defuntos. Hoje, ela festeja no céu entre os santos e santas, como uma de nós que chegou ao coro das virgens celestes”, concluiu Irmã Agnes.

Ainda na noite do dia 2 para o dia 3, Dom Lauro esteve presente para prestar suas últimas homenagens e partilhar momentos de oração com os presentes, especialmente com as irmãs. “Celebrei uma pequena Vigília e rezamos o Terço Mariano”, recordou Dom Lauro, destacando a serenidade daqueles que ali se encontravam.

O clima de recolhimento e despedida continuou até o sepultamento, realizado às 11h no cemitério interno do mosteiro. Amigos, familiares e membros da comunidade religiosa acompanharam o cortejo, prestando suas últimas homenagens. O silêncio e a oração preencheram o momento, celebrando uma vida dedicada à fé e ao serviço da Igreja.


Frei Augusto Luiz Gabriel