Sínodo Pan-amazônico: encontro reúne lideranças em Belém
29/08/2019
Desde a quarta-feira (28), acontece o Encontro de Estudos do Documento de Trabalho do Sínodo no Centro de Espiritualidade Monte Tabor, da Arquidiocese de Belém. Cerca de 120 pessoas participam da atividade, entre elas os bispos das 56 dioceses e prelazias da Amazônia brasileira e lideranças, leigas, leigos, religiosos e padres.
Organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia (CEA), com apoio da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), o encontro visa estudar o Documento de Trabalho do Sínodo, bem como partilhar as experiências das escutas e da caminhada do processo sinodal nas dioceses e prelazias da Amazônia. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, participa do encontro.
Sobre o Documento de Trabalho do Sínodo, que será objeto da reflexão dos bispos, dom Walmor ressaltou que há uma leitura antropológica muito pertinente rumo à perspectiva da ecologia integral. O presidente da CNBB reforçou que o maior desafio, ainda nesta fase de preparação, é reforçar a leitura teológica uma vez que a tarefa principal da Igreja é a evangelização e o anúncio de Jesus Cristo.
“Enfrentaremos estes desafios e o faremos do melhor modo possível para que o Sínodo, atividade que está em profunda sintonia com o coração do papa Francisco, represente uma grande contribuição para a Amazônia, para a Igreja no Brasil e no mundo”, disse.
Abertura do encontro
Na sessão de abertura, estiveram na mesa para saudação inicial o Cardeal Cláudio Hummes, presidente da REPAM, da CEA e relator do Sínodo; Dom Walmor de Azevedo, Dom Alberto Taveira, arcebispo metropolitano de Belém; Dom Bernardo Bahlmann, bispo da diocese de Óbidos e presidente do Regional Norte 2 da CNBB; Dom Davi Martinez de Aguirre Guiné, bispo de Puerto Maldonado, no Peru, e Padre Michael Czerny, subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados para o Serviço de Desenvolvimento Integral Humano, nomeados secretários do Sínodo para a Amazônia; Cristiane Murray, da secretaria do Sínodo e vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé e o Pastor Inácio Lemke, presidente do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil/CONIC.
Dom Walmor afirmou que a Conferência deve acompanhar a partir de agora o caminho sinodal com uma programação e um planejamento de comunicação para “abrir mais o coração da nossa própria Igreja e também da sociedade civil, pois a importância do que se trata, do que aborda, daquilo que nós queremos e esperamos, precisa repercutir muito no coração da nossa Igreja e também no coração da sociedade”. Para dom Walmor, a intenção da Igreja não é apenas realizar um evento, “mas dar passos novos”, o que incentiva a entidade a se envolver nas ações que superem ou tratam de forma adequada os vários ruídos que se têm apresentado em relação ao Sínodo, bem como das incompreensões. O desejo é que haja “uma repercussão muito boa e importante de tudo aquilo que se trata e se tratará durante o Sínodo e daquilo que virá na exortação pós-sinodal”.
Dom Walmor ainda reforçou a importância deste sínodo para a Igreja: “O Sínodo da Amazônia, buscando novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral, toca tudo o que a Igreja precisa para sair da inércia, ilumina todos os pontos onde existem sombras e dará a possibilidade de um impulso novo”.
O Presidente da CNBB ainda refletiu sobre a questão de que a evangelização da Amazônia em debate no Sínodo não está relacionada a apenas um aspecto: “Um Sínodo da Amazônia, já no seu instrumento de trabalho e naquilo que poderemos verificar, mostra o global da Amazônia. Refiro-me, por exemplo, evangelização tem a ver com saúde, evangelização tem a ver com uma nova ordem social e política, evangelização tem a ver com espiritualidade profunda. E o Sínodo da Amazônia, de um modo muito singular e qualificado nos dá essa oportunidade”.
Em preparação para Roma
De acordo com o Cardeal Cláudio Hummes outros encontros como esse, de Belém, estão sendo realizados nos outros países da Pan-Amazônia. “Estamos estudando o Documento de Trabalho, que na verdade é um texto ainda apenas como um instrumento para se trabalhar e que vai sendo modificado aos poucos, e que depois, no próprio Sínodo, sairá um outro texto”, explicou o Cardeal.
Dom Neri José Tondello, bispo de Juína, disse que encontros como o que acontece no Brasil, na reta final do processo de preparação para o Sínodo, ajudam na tomada de consciência da responsabilidade dos padres sinodais. “Essa etapa é fundamental porque nos ajuda a visualizar daqui para frente os passos, o método do próprio Sínodo, de como vai ser a prática dos dias que estaremos em Roma. Estes dias nos ajudam a ter clareza da missão e da responsabilidade que temos diante deste tema ‘novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral’”, destacou Dom Neri.
“O importante desse encontro é que há possibilidade de as vozes da Amazônia serem escutadas pelos padres sinodais e, ao escutarem, acolherem em seus corações as propostas, os clamores e os desafios relatados por essas vozes”, afirmou Dorismeire Vasconcelos, liderança leiga do Xingu, uma das representantes do Regional Norte 2 no encontro. “Que eles possam ser para nós a voz da esperança no Sínodo para a Amazônia”, concluiu Dorismeire.
Essa é a última atividade antes do Sínodo, em outubro, que reunirá todos os bispos da Amazônia brasileira, bispos de outros países cujo território encontra-se parte do bioma e bispos do mundo todo.
Sínodo para a Amazônia
O Sínodo para Amazônia é uma resposta do Papa Francisco à realidade da Pan-Amazônia. De acordo com Francisco, “o objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta. Que os novos Santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”.
O Sínodo será realizado no Vaticano entre os dias 6 e 27 de outubro próximo.
Com informações da Repam Brasil e do Vatican News