Seremos testemunhas, não mensageiros de um documento
17/10/2018
Cidade do Vaticano – “Cresce em muitos padres sinodais o desejo de deixar o Sínodo não como mensageiros de um texto, mas testemunhas de um evento que não é um parlamento.” O abade geral da Ordem Cisterciense, Pe. Mauro Giorgio Giuseppe Lepori, que no Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens representa o mundo monástico, falando aos jornalistas no briefing desta quarta-feira (17/10), na Sala de Imprensa da Santa Sé, já olha para a conclusão da Assembleia sinodal, dia 28 de outubro.
O abade destacou aos jornalistas que entre os 267 padres sinodais o evento de comunhão “está prevalecendo sobre a preocupação de criar um texto”, ou seja, o documento final. “É realmente uma experiência de Igreja, um testemunho de fraternidade eclesial”, acrescentou o religioso. “Uma Igreja que em si mesma é resposta aos problemas.”
Os próprios bispos diocesanos “são educados à escuta de seu rebanho”, que não quer encontrar demasiados intermediários para falar com seu pastor, respondeu o abade cisterciense instado por uma das perguntas que lhe foram dirigidas.
Sobre o tema da escuta falou também o Irmão Alois, prior da Comunidade Ecumênica de Taizé, na França, em cuja comunidade o “ministério da escuta” dos jovens é fundamental, e é exercido também por leigos.
Irmão Alois: falou-se pouco sobre ecumenismo
“Em Paris já existem igrejas abertas, com pessoas disponíveis à escuta. Ficam à disposição ao término da missa, como primeiro contato com que quem pede ajuda ou quer partilhar um sofrimento ou mesmo uma alegria”, contou ele.
As paróquias deveriam ser comunidades acolhedoras nas quais se reza juntos e nas quais os jovens veem que o Evangelho é algo de concreto.
Não se falou muito sobre ecumenismo, lamentou o prior de Taizé, “mas os jovens querem rezar juntos com os fiéis de outras confissões cristãs, pedem isso”. Contudo, a contribuição dos delegados fraternos nos trabalhos de grupos é importante, reconheceu.
O pastor: uma nova linguagem para falar ao mundo
Também participou do briefing sinodal o delegado fraterno da Comunhão Mundial das Igrejas da Reforma, pastor Marco Fornerone. “Vivo a surpresa da proximidade que encontrei nos temas abordados, nos desafios da Igreja de hoje. Uma grande proximidade na reflexão que se faz sobre a relação Igreja–mundo e sobre a necessidade de repensar a linguagem com a qual a Igreja se dirige ao mundo”, explicou aos jornalistas.
Dom Tencer: os jovens preferem a Bíblia no celular
Por sua vez, o bispo de Reykjavík, capital da Islândia, Dom Frei David Bartimej Tencer, frade capuchinho, falou sobre novas linguagens e mundo digital. “Sem o digital, nós na Islândia estaríamos perdidos”, ressaltou, contando ter organizado “a escola de catecismo via Skype, porque há paroquianos a 700Km de distância. Assim estive em contato muito real com eles”, enfatizou.
“Os jovens da minha diocese preferem baixar a Bíblia no smartphone a lê-la em impresso. A Igreja segue adiante, também graças ao mundo digital, na direção em que faz os jovens se sentirem sempre mais protagonistas”, acrescentou.
Ruffini: uma Igreja protagonista no mundo digital
O prefeito do Dicastério Vaticano para a Comunicação, Paolo Ruffini, observou por sua vez que o tema do acompanhamento é um tema central na Sala do Sínodo: buscar estar onde os jovens se encontram. Portanto, fazer-se presente no mundo digital”.
Falou-se sobre “como a Igreja pode estar presente no mundo digital de modo oficial, como protagonista, com liberdade, prudência e responsabilidade”. Por conseguinte, foi dito no Sínodo, “é preciso dar um passo ulterior para estar presente de modo mais estruturado, com uma plataforma mais oficial”.
Fonte: Vatican News