Seis anos com Francisco: olhando para o essencial
13/03/2019
Cidade do Vaticano – O sexto aniversário da eleição vê o Papa Francisco comprometido em um ano cheio de importantes viagens internacionais, marcado no início e no final, por dois eventos “sinodais”: o encontro para a proteção de menores realizado no Vaticano em fevereiro passado, com a participação dos presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo, e o Sínodo especial sobre a Amazônia, que será celebrado – também no Vaticano -, em outubro próximo. De notável impacto a recente viagem aos Emirados Árabes que viu o Bispo de Roma assinar uma Declaração conjunta com o Grande Imame de Al-Azhar. Um documento que se espera possa ter consequências no campo da liberdade religiosa. O tema ecumênico prevalecerá nas próximas viagens à Bulgária e depois à Romênia, enquanto a desejada, mas ainda não oficializada viagem ao Japão, poderá ajudar a recordar a devastação causada pelas armas nucleares, como advertência para o presente e para o futuro da humanidade que experimenta a “terceira guerra mundial em pedaços”, da qual o Papa fala frequentemente.
Mas um olhar ao ano apenas transcorrido não pode ignorar o ressurgimento do escândalo dos abusos e das divisões internas que levaram o ex-núncio Carlo Maria Viganò, em agosto passado, precisamente quando Francisco celebrava a Eucaristia com milhares de famílias em Dublin, repropondo a beleza e o valor do matrimônio cristão, a pedir publicamente a renúncia do Papa por causa da gestão do caso McCarrick. Diante dessas situações, o Bispo de Roma pediu a todos os fiéis do mundo que rezassem o Terço todos os dias, durante todo o sucessivo mês mariano de outubro de 2018, para unirem-se “em comunhão e penitência, como povo de Deus, pedindo à Santa Mãe de Deus e a São Miguel Arcanjo para protegerem a Igreja do diabo, que sempre visa nos separar de Deus e entre nós”. Tal pedido tão detalhado não tem precedentes na história recente da Igreja. Com suas palavras e o apelo ao povo de Deus para rezar para manter a unidade da Igreja, Francisco nos fez entender a gravidade da situação e ao mesmo tempo expressou a cristã consciência de que não existem remédios humanos capazes de assegurar um caminho de saída.
Mais uma vez, o Papa chamou ao essencial: a Igreja não é formada por super-heróis (nem mesmo por super-papas) e não avança com a força de seus recursos humanos ou estratégias. Sabe que o maligno está presente no mundo, que existe o pecado original, e que para nos salvarmos, precisamos da ajuda do Alto. Repeti-lo não significa diminuir as responsabilidades pessoais dos indivíduos e nem mesmo as das instituições, mas situá-las em seu real contexto.
“Com esta solicitação de intercessão” – estava escrito no comunicado vaticano com o pedido do Papa para a oração do Terço em outubro passado – “o Santo Padre pede aos fiéis de todo o mundo para rezar para que a Santa Mãe de Deus coloque a Igreja sob seu manto protetor: para preservá-la dos ataques do maligno, o grande acusador, e ao mesmo tempo torná-la cada vez mais consciente dos abusos e erros cometidos no presente e no passado”.
No presente e no passado, porque seria um erro “descarregar” sobre aqueles que vieram antes de nós as culpas e apresentar-nos como “puros”. Também hoje a Igreja deve pedir a Alguém para ser libertada do mal. Um dado de fato que o Papa, em continuidade com seus antecessores, recorda constantemente.
A Igreja não se redime sozinha dos males que a afligem. Também do horrível abismo dos abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos, não se sai em virtude de processos de auto-purificação, muito menos confiando-se a quem se investiu no papel de purificador. Normas sempre mais eficazes, responsabilidade e transparência são necessárias, na verdade indispensáveis, mas nunca serão suficientes. Porque a Igreja, recorda-nos hoje o Papa Francisco, não é auto-suficiente e testemunha o Evangelho a muitos homens e mulheres feridos do nosso tempo, precisamente porque também ela se reconhece como mendigo de cura, necessitando de misericórdia e de perdão do seu Senhor. Talvez nunca como no conturbado ano que passou, o sexto do seu pontificado, o Papa que se apresenta como “um pecador perdoado”, seguindo o ensinamento dos Padres da Igreja e de seu imediato predecessor Bento XVI, testemunhou este dado essencial, e mais do que nunca atual da fé cristã (Andrea Tornielli, Vatican News)
Papa celebra aniversário de sua eleição em oração
Até sexta-feira, 15 de março, quando o Pontífice retornará ao Vaticano, os dias de Francisco, dos bispos e cardeais, nesse local tranquilo, situado a 300 metros de altura, continuam sendo marcados pela missa, oração das Laudes e Vésperas, Adoração Eucarística e a catequese do abade beneditino de São Miniato ao Monte, Bernardo Francesco Maria Gianni, uma pela manhã e outra à tarde .
Os dias são também marcados por momentos de convivência e partilha na hora do almoço e do jantar, mas o silêncio e a meditação, nesse Tempo de Quaresma, são os verdadeiros protagonistas.
Enquanto isso, continuam chegando mensagens de felicitações de Chefes de Estado e de Governo, autoridades civis e eclesiais e fiéis simples, para celebrar o 13 de março de 2013 que fez de Jorge Mario Bergoglio o primeiro Papa latino-americano da história.
Com o Rosário e a Bíblia na mão, o Pontífice se senta não na primeira fila, mas no meio, conforme mostrado por algumas câmeras, para ouvir, junto com seus confrades, as meditações do abade beneditino sobre o tema “As cidades dos desejos ardentes. Olhares e gestos pascais na vida do mundo”.
No próximo domingo, 17 de março, o Papa Francisco rezará a oração mariana do Angelus com os fiéis na Praça São Pedro, retomando os seus compromissos públicos e privados.
Felicitações do Cardeal Re
O decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re, purpurado mais idoso presente nos Exercícios espirituais, em Ariccia, parabenizou o Papa Francisco antes da missa, na manhã desta quarta-feira (13/03), em Ariccia, em nome do Colégio Cardinalício.
“Beatíssimo Padre, celebra-se hoje o sexto aniversário de sua eleição a Sumo Pontífice da Igreja Católica. Em nome de todos os presentes, gostaria de dizer-lhe que estamos felizes de celebrar essa missa junto com o senhor”, frisou o purpurado, pedindo a Deus para que seja luz, apoio e conforto ao Papa Francisco “em sua tarefa de confirmar os irmãos na fé, seja fundamento da unidade e indique a todos o caminho que leva ao céu”.
“Estamos próximos ao senhor, Santo Padre, com grande afeto e dedicação sincera”, concluiu o cardeal Re.
Fonte: Vatican News