Primeiro dia da Assembleia dos Capuchinhos da América Latina
30/01/2018
Lima – Em Lima, a cinza cidade de escassas chuvas, terra das impactantes serras peladas e do trânsito frenético, começou nesta segunda feira (29) a 13ª Assembleia Latino-americana dos Capuchinhos (XIII ALAC), que reúne 40 frades da América Latina e do Caribe e importantes representantes de todas as partes do mundo, conselheiros gerais que representam a Ordem em suas diferentes presenças continentais.
Os capuchinhos que participam do encontro, motivados pelo tema “Formação e missão numa nova cultura”, se deparam a partir de hoje com duras realidades da Ordem e dos 20 países que compõem o continente.
EM BUSCA DE RESPOSTAS
O silêncio na capela preparada no auditório da Fraternidade Padre Santo, em Ñaña, a leste de Lima, tinha motivo: oração mental, às 6h30, antes da eucaristia. A primeira missa oficial desta ALAC 2018 foi presidida pelo Conselheiro Geral, Frei Hugo Mejia Morales, peruano e que hoje representa a América de língua espanhola e os países ibéricos. Ele falou sobre as dificuldades que os frades terão de enfrentar, diante de uma sociedade com tantos desafios, e pediu ao Senhor que o seu Espírito os guarde para que, nesses dias, encontrem as respostas para os tantos questionamentos que cada um traz.
O anfitrião do encontro, Frei Gonzalo Cateriano, Ministro Provincial do Peru, acolheu os superiores invocando a proteção de Nossa Senhora. Os frades iniciaram se apresentando e foi comum ver que esta é a primeira vez de muitos no Peru.
“ESTAMOS DIMINUINDO”
Frei Štefan Kozuh, Vigário Geral da Ordem, representou o Ministro Geral, Frei Mauro Johri, que não pode comparecer por problemas de saúde. O frade eslavo disse que não é novidade para ninguém “que estamos diminuindo”. Ele apresentou exemplos europeus e chamou atenção que, ainda que haja uma “abundância” dos números de vocacionados na América Latina comparada a difícil realidade europeia, esta é uma crise geral, não de quantidade, mas de qualidade.
Nenhum de nós, que somos de vários modos envolvidos no processo formativo dos jovens frades, pode se dar o luxo de iludir com um processo formativo improvisado daqueles jovens que batem às nossas portas, e nenhum de nós pode desiludir os formandos e outros frades com uma vida medíocre e pouco coerente”, disse.
Pediu ainda que os frades, a começar pelos superiores, sejam testemunhas de Cristo, atentos sempre a uma conversão, além de uma “formação permanente” e uma “conversão permanente”.
ESTATÍSTICAS EXIGEM REFLEXÃO
O contexto descrito pelo Vigário Geral da Ordem transparece também nas estatísticas apresentadas por Frei Hugo Mejia. Para o peruano, é importante que os frades conversem a partir desses dados e, até o final da semana, apresentem propostas concretas para lidar com duras realidades como: saída de capuchinhos para as Dioceses e o abandono definitivo da vida religiosa, já durante o processo formativo. Ele terminou apresentando alguns desafios:
1. Manter a Missão no coração da Ordem
Segundo Frei Hugo, as presenças missionárias são as primeiras a sofrer com a diminuição numérica de frades.
2. Manter as instituições essenciais
Repensar a modalidade das presenças e ajudar a Ordem a manter suas instituições essenciais, como o Colégio Internacional, em Roma, onde frades de todo o mundo estudam mas também aqueles postos de trabalho Cúria Geral e nas províncias.
3. Apoiar a formação de jovens frades
Segundo Frei Hugo, é importante agregar forças, sobretudo naqueles lugares em que os capuchinhos têm menos condições de manter a formação de jovens que queiram ser frades.
Foi dada a largada e foram postos os desafios para que os capuchinhos latino-americanos e caribenhos apontem esperanças para o futuro da vida religiosa franciscano-capuchinha.
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Paulo Henrique (Assessoria de Comunicação e Imprensa, São Paulo – SP)
Conheça Ñaña, o bairro onde acontece a Assembleia dos Capuchinhos