Sefras está no Fórum Social Mundial para falar da fome
26/01/2021
No seu 20º aniversário, o Fórum Social Mundial, está sendo realizado totalmente de forma virtual e vai até 31 de janeiro. Este evento nasceu em 2001 por organizações e movimentos sociais que, a partir de uma proposta inicial, se autoconvocaram e mobilizaram para um grande encontro em Porto Alegre, em contraposição ao neoliberalismo representado pelo Fórum Econômico Mundial, que ocorria ao mesmo tempo em Davos, na Suíça.
O evento teve início no último sábado (23/01), com o painel global de abertura intitulado “Qual o mundo que queremos hoje e amanhã? – Não é o mundo de Davos!”, e contou com a participação de líderes mundiais que lutam contra a desigualdade e em defesa dos direitos humanos. Por ser todo virtual, em razão da pandemia, a tradicional marcha de abertura deu lugar a exibição de vídeos e depoimentos das lutas sociais do mundo em prol de justiça social, econômica, democracia e bem viver.
Entre grandes nomes, participam a escritora e ex-ministra do Mali Aminata Dramane Traoré; a indígena hondurenha Miriam Miranda; o economista e um dos criadores da Internacional Progressista Yanis Varoufakis; o ambientalista indiano Ashish Kothari; e de Melike Yasar, do movimento das mulheres do Curdistão. Também teve a participação dos membros do Conselho Internacional do FSM, como Hamouda Soubhi, Rosy Zuñiga, Oded Grajew, Boaventura de Sousa Santos, Carminda Mc Lorin e de diversos representantes dos movimentos sociais pelo mundo. Para Aminata Traoré, é urgente a necessidade de reeducar os olhares do mundo sobre os povos.
Nesta edição, o Fórum Social Mundial vai discutir sete eixos temáticos – Paz e Guerra; Justiça Econômica; Educação, Comunicação e Cultura; Feminismo, Sociedade e Diversidade; Povos Originários e Ancestrais; Justiça Social e Democracia; Clima, Ecologia e Meio Ambiente.
No painel “Encontros e Convergências para construção da Frente Unificada pela Erradicação da Fome e por Soberania Alimentar no Brasil”, No dia 28/01, das 17 às 19h, um dos participantes é Fabio Paes, representando o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras). A transmissão pode ser vista pelo canal YouTube: CampanhaGenteéprabrilhar! No Facebook: @gente.prabrilhar
O VÍRUS DA DESIGUALDADE
As 1.000 pessoas mais ricas do mundo recuperaram todas as perdas que tiveram durante a pandemia de covid-19 em apenas nove meses (entre fevereiro e novembro de 2020), enquanto os mais pobres do planeta vão levar pelo menos 14 anos para conseguir repor as perdas devido ao impacto econômico da pandemia. É o que revela o relatório “O Vírus da Desigualdade”, lançado pela Oxfam na segunda-feira (25/1) na abertura do Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça.
Em fevereiro de 2020, os mais ricos tinham 100% de suas fortunas. Em março, essa riqueza caiu para 70,3%, voltando aos 100% em novembro. Para se ter uma ideia da velocidade dessa recuperação, os mais ricos do planeta levaram cinco anos para recuperarem o que perderam durante a crise financeira de 2008.
Em todo o mundo, os bilionários acumularam US$ 3,9 trilhões entre 18 de março e 31 de dezembro de 2020 – a riqueza total deles hoje é de US$ 11,95 trilhões, o equivalente ao que os governos do G20 gastaram para enfrentar a pandemia. Só os 10 maiores bilionários acumularam US$ 540 bilhões nesse período.
A pandemia da covid-19 tem o potencial de aumentar a desigualdade econômica em quase todos os países ao mesmo tempo, revela o relatório – algo que acontece pela primeira vez desde que as desigualdades começaram a ser medidas há mais de 100 anos. O vírus matou mais de dois milhões de pessoas pelo mundo e tirou emprego e renda de milhões de pessoas, empurrando-as para a pobreza. Enquanto isso, os mais ricos – indivíduos e empresas – estão prosperando como nunca. A crise provocada pela pandemia expôs nossa fragilidade coletiva e a incapacidade da nossa economia profundamente desigual trabalhar para todos.
No entanto, também nos mostrou a grande importância da ação governamental para proteger nossa saúde e meios de subsistência. Políticas transformadoras que pareciam impensáveis antes da crise, de repente se mostraram possíveis. Não pode haver retorno para onde estávamos antes da pandemia. Em vez disso, a sociedade, cidadãos e cidadãs, empresas, governos e instituições devem agir com base na urgência de criar um mundo mais igualitário e sustentável.
“A pandemia escancarou as desigualdades – no Brasil e no mundo. É revoltante ver um pequeno grupo de privilegiados acumular tanto em meio a uma das piores crises globais já ocorridas na história”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil. “Enquanto os super ricos lucram, os mais pobres perdem empregos e renda, ficando à mercê da miséria e da fome.”
O relatório O Vírus da Desigualdade detalha como o atual sistema econômico está permitindo que a elite dos super-ricos acumule riqueza em meio à pior recessão global desde a crise de 1929 (a Grande Depressão) enquanto bilhões de pessoas lutam para sobreviver.