Santo Antônio do Valongo e a história de seus devotos
08/06/2015
Santos (SP) – A Trezena de Santo Antônio chegou neste domingo (7 de junho) ao sétimo dia no Convento e Santuário do Valongo, que neste ano celebra 375 anos de fundação. O reitor Frei André Becker presidiu a celebração e falou sobre o tema do dia “Santo Antônio e seus devotos”.
Nesta celebração Eucarística, foram homenageados os padrinhos e madrinhas que ajudam a dar continuidade a esta história de 375 anos. Para representar a comunidade do Valongo, que não poupa esforços e dedicação com os frades neste trabalho de evangelização, Frei André lembrou Dª Cotinha – Maria Pinto Martinho – que dedicou grande parte de sua vida ao Santuário.
Durante a celebração, ela foi homenageada in memoriam num quadro colocado no altar, representando, com isso, todas as pessoas que doam um pouco de sua vida a este trabalho de evangelização.
Na sua pregação, Frei André partiu de Santo Antônio, destacando aspectos de sua vida de santidade, recordou um pouco da história do Valongo até os dias atuais. “Ao longo desses dois milênios, a Igreja foi sempre se organizando melhor para ser propagadora do reino, do Evangelho e das ações de Jesus Cristo. Nesse tempo, muitos testemunhos fizeram com que nos tornássemos devotos, um deles, e parece o que tem a preferência do povo, é Santo Antônio. Ele faz a abertura das festas juninas, que tanto o povo brasileiro gosta de celebrar”, recordou o celebrante.
“Ele tinha uma sabedoria ímpar, como podemos ver nos seus sermões. Uma sabedoria que nascia a partir da Sagrada Escritura. Mas ao mesmo tempo, a sua sabedoria não lhe privou de ser simples, de estar próximo das pessoas, principalmente do povo mais simples. Por isso ele é conhecido como casamenteiro, santo do pão dos pobres. Ele era muito sensível à necessidade do povo”, explicou. “Ele se encantou por São Francisco de Assis, entrou para a Ordem Franciscana e conquistou milhares de devotos pelo mundo inteiro, especialmente no Brasil, em Portugal, onde nasceu, e Itália, onde viveu parte de sua vida e morreu”, acrescentou.
Esse legado franciscano e antoniano veio com os portugueses para o Brasil. No Valongo, a presença franciscana começou quando Santos ainda era uma vila dependente de São Vicente. “Nesses 375 anos, a Igreja viveu momentos de altos e baixos, de crescimento mas também de decadência. E quando falo Igreja, não estou falando só do templo mas da comunidade que sobreviveu com fé e coragem”, disse, lembrando da secular presença da Ordem Franciscana Secular e da Juventude Franciscana.
Frei André agradeceu a todas as pessoas que dedicaram e dedicam sua vida a este Santuário ou ajudam de alguma forma a escrever essa história. Entre elas, a substituta de Dª Cotinha hoje: Maria Bernadete dos Santos Ribeiro, que se emocionou com a homenagem.
PADRINHOS E MADRINHAS
Durante a Trezena, os frades contam com um “exército” de voluntários que trabalham incansavelmente durante a Trezena. Neste domingo, os homenageados foram os padrinhos e madrinhas. Entre eles, a mãe do prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, sra. Maria Inês Barbosa, que é presidente do Fundo Social de Solidariedade de Santos.
Para ela, o Valongo é muito especial, já que foi criada neste bairro, onde se casou e onde batizou os seus cinco filhos. “Esse bairro representa muito para mim. A gente tem uma história de vida no Valongo como o Frei André disse. Lembro bastante do Frei Cosme, do Frei Osmar, de Dª Cotinha, pois frequentava a igreja”, recorda.
Para Maria Inês, a Igreja do Valongo tem uma proximidade muito grande com as pessoas mais necessitadas. “A gente sabe que aqui no entorno, com esses morros, há muita necessidade. Meu marido foi criado num morro e saiu para nos casarmos. A gente sabe o quanto eles trabalham, as dificuldades que têm, e meu filho sempre diz (o prefeito Paulo A. Barbosa) que mesmo o poder público nunca faz nada sozinho. O mais importante é reunir forças para que se possa trabalhar por aqueles que mais precisam. Há muitos irmãos sofrendo, pessoas passando dificuldades para se alimentar, para dar estudo aos filhos. Então, cada um fazendo um pouquinho, a gente consegue chegar lá. E a igreja do Valongo é uma referência porque é voltada para as pessoas que mais precisam”, completou.
Frei André agradeceu a presença de cerca de 80 pessoas e elas recebidas para uma confraternização no salão do Convento.