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Romaria de Colatina: “Quem caminha sozinho tem a sua fé enfraquecida”, diz Dom Lauro

16/04/2023

Notícias

Vila Velha (ES) – O bispo Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa acompanhou a Romaria de Colatina nesta manhã de domingo, 16 de abril, e presidiu a Celebração Eucarística no Campinho do Convento da Penha, às 9 horas. A Romaria da Diocese de Colatina mobilizou os romeiros ainda de madrugada para se juntarem nos ônibus que deixaram a cidade com destino ao Convento da Penha. A partir do portão do Morro da Penha, os fiéis devotos subiram em oração e silêncio até o Santuário. Com seus terços nsa mãos e suas preces no coração, era possível notar em cada rosto a contemplação do peregrino.

Depois de um temporal que não assustou os peregrinos da Romaria dos Homens na noite passada, o dia amanheceu com céu azul e sol forte. Os romeiros de Colatina procuraram as sombras das árvores na proximidade do Campinho. Além de Frei Augusto Luiz Gabriel, o pároco da Paróquia Santa Clara de Assis, Frei Pedro de Oliveira Rodrigues, veio acompanhar os romeiros. Frei Luiz Iakovacz ficou no atendimento da Paróquia. E Frei Alessandro Nascimento, em nome do guardião do Convento, deu as boas-vindas a Dom Lauro e aos romeiros.

“Aqui estamos todos nós como peregrinos, romeiros. Nos dirigimos a Maria e participamos da sua alegria e suplicamos a ela que nos coloque com seu Filho para sermos verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo, o Crucificado e Ressuscitado. Aqui estão também os povos originários presentes na Diocese de Colatina de uma forma toda especial, que vieram também participar desta liturgia, louvando a Deus e caminhando juntos em direção a Maria”, saudou D. Lauro. Os povos originários, com uma cruz, participaram cantando e dançando no Ato Penitencial.

Dom Lauro lembrou que estamos na Oitava da Páscoa, no Domingo da Misericórdia. “A Romaria não é feita individualmente. Romaria é um ato comunitário, um ato coletivo, caminhamos juntos como comunidade, comunidades eclesiais. Aqui viemos, reunidos pela nossa fé, ouvir a Palavra de Deus, para louvar a Deus e para fortalecer os nossos laços de fraternidade e o nosso compromisso missionário”, disse o bispo.

Segundo ele, esta liturgia acentua este grande sinal do Cristo Ressuscitado em nosso meio, que é a constituição da comunidade messiânica, a comunidade missionária, a comunidade dos discípulos missionários da Igreja. “A experiência da fé não pode ser feita simplesmente só por uma informação, por um raciocínio, mas ela é feita numa experiência dentro de uma comunidade, que se reúne em torno da Palavra de Deus, que acolhe a Palavra como Palavra de vida, como Palavra de orientação da existência como Palavra de salvação, Palavra do Senhor”, orientou.

“Uma comunidade que experimenta a caridade fraterna, a comunhão, a participação. Uma comunidade que se reúne para celebrar os sacramentos, especialmente a Eucaristia, memorial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, sacramento da autodoação do Cristo por todos nós”, acrescentou Dom Lauro.

Referindo ao tema da Festa da Penha, “Com Maria, somos chamados a servir”, observou que Maria é aquela que não só prestou um ou outro serviço por maior que fosse. “Maria é aquela que se fez totalmente acolhedora do projeto de Deus, da vontade de Deus, da Palavra de Deus. ‘Eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa Palavra’. Maria acolhe inteiramente a Palavra de Deus”, disse. Segundo ele, os catequistas e “todos nós somos chamados a acolher essa Palavra dentro de uma comunidade de fé, de esperança, de caridade, que é a Igreja. Nós precisamos superar toda a forma de individualismo, e até mesmo de individualismo e intimismo religioso, para vivermos essa experiência sinodal, para qual o Papa Francisco nos convoca. Estamos todos num processo sinodal”, ressaltou.

Dom Lauro frisou: Caminhamos juntos. “Quem caminha sozinho tem a sua fé enfraquecida, está exposto a todo tipo de tentação, inclusive as mentiras veiculadas, as chamadas fake news, as manipulações de qualquer espécie. Mas quem está na comunidade, na audição da Palavra, na celebração dos sacramentos, na vivência da caridade fraterna e no empenho missionário, esse permanece firme”, sublinhou.

“O trabalho da catequese não teria eficiência se ele não se fizesse dentro de um contexto de comunhão e participação, porque o trabalho do catequista não é uma mera doutrinação. Claro que tem uma dimensão de doutrina, mas muito mais do que isso é uma experiência. Começa-se a ser cristão, já nos lembrava o Papa Bento XVI, e foi isso citado no Documento de Aparecida, não a partir de uma decisão ética, não a partir de uma doutrina encantadora, mas começa-se a ser cristão no encontro com a pessoa de Jesus Cristo. É este encontro que reorienta a nossa vida e é isso que nós ouvimos hoje no Evangelho: o encontro com Jesus Cristo, que nos traz a sua paz”, assinalou.

Segundo Dom Lauro, é também o encontro com o Jesus Ressuscitado que mostra as suas chagas. “Uma Igreja com portas fechadas, como estavam fechadas as portas dos discípulos por medo é uma Igreja medrosa, é uma Igreja omissa, uma Igreja covarde, uma Igreja que não vai aos pobres, uma Igreja que não tem as portas abertas para os pecadores, uma Igreja que não vai às periferias existenciais, sociais, culturais e geográficas do mundo, é uma Igreja que não é a de Jesus Cristo, que não é movida pelo Espírito Santo, que não toca nas chagas do Crucificado. O que ele mostrou foram as suas chagas, mostrou as suas mãos e seus pés feridos para curar a nossa indiferença, a nossa insensibilidade, o nosso egoísmo e nos deu o Espírito, para que, cheios de parresia, de coragem, nós pudéssemos nos dirigir ao mundo como servidores, ‘com Maria, chamados a servir’. Uma Igreja que não é servidora, que não é samaritana, que não faz a opção preferencial pelos pobres não é a Igreja de Jesus Cristo”, enfatizou.

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Para o bispo, os discípulos missionários de Jesus têm que ser Igreja aberta para os povos originários, catequese com as portas abertas para todas as pessoas de boa vontade. Não simplesmente fazendo proibições, mas acolhedora, mostrando a beleza da verdade que nos coloca num processo de conversão”, continuou Dom Lauro. Ele contou que ontem teve a graça, fruto do trabalho da catequese, de celebrar o Sacramento da Confirmação num presídio lá em Bebedouro. Foram 14 presidiários que receberam o sacramento da Crisma. “Antes já tinham batizados, fizeram a Primeira Comunhão Eucarística, participaram o sacramento da reconciliação, da penitência. Uma catequese que não vai às periferias, que não se preocupa com aqueles que ninguém se preocupa não é a verdadeira catequese, porque a catequese deve fazer ecoar a Palavra de Deus e a Palavra de Deus deve ser ecoada em todos os lugares, especialmente junto àqueles que estão mais sofridos nos presídios, na enfermidade, na pobreza, no desprezo. Essa é a verdadeira catequese. Não é só os catequistas que têm essa função, mas é todo a comunidade, como nós ouvimos na primeira leitura de hoje, tirada dos Atos dos Apóstolos e que nos coloca diante do retrato da comunidade ideal, perseverante nos ensinamentos dos apóstolos. Não é comunidade que se forma através de redes sociais de fake News, não, de youtubers, mas comunidade que está em comunhão com o ensinamento dos apóstolos”, orientou.

Dom Lauro explicou que a comunidade verdadeira é aquela que está em comunhão com o Papa Francisco, com os bispos, com a CNBB, é a comunidade que realmente sabe se reunir para celebrar os sacramentos, que parte em missão e dá o testemunho da caridade fraterna.

“Não viemos aqui só para receber. Quem sobe aqui só para receber ainda está numa postura imperfeita. Não devemos vir aqui só para receber. Devemos vir aqui para se alimentar e partir em missão. Quem veio aqui deve voltar para arregaçar as mangas para servir, para fazer o bem. Quem participa de uma Missa, quem comunga do corpo e sangue do Senhor, deve sair pensando: o que eu vou fazer de bem? O que eu fiz para Jesus Cristo ser mais conhecido e amado?”, exortou.

“Então, amados irmãos é isso que nós viemos aqui, peregrinos, romeiros juntos da Virgem da Penha, pedir a ela, exemplo de discipulado missionário, que nos ajude a servir com generosidade. Isso significa também estar de pé diante da cruz do Senhor. Isso significa aceitar que o Senhor que nos ama e nos redimiu é o mesmo que foi ferido, ferido de amor. Quem vai para a missão vai ser ferido de amor. Vai sofrer também, perseguição, incompreensão, dificuldade, mas vai ter a grande alegria: estar em comunhão com Senhor, porque o Crucificado é o Ressuscitado. Essa é a nossa fé. Foi isso que Tomé, em nome de todos nós hoje precisou professar”, concluiu.

FREI PEDRO ENGEL ABENÇOA MAIS DE 300 REMADORES NA 9ª REMARIA

A devoção à Nossa Senhora começou nas águas da Baía de Vitória na manhã deste domingo  (17/04) durante a 453ª Festa da Penha. Mais de 300 remadores e remadoras de todas as idades cruzaram o trecho de cinco quilômetros entre a Praia do Ribeiro, na Praia da Costa, e o Parque da Prainha. Na chegada, os atletas foram recebidos e abençoados pelo frei Pedro Engel, frade franciscano que reside no Convento da Penha há mais de 20 anos e grande incentivador desta Remaria.A quantidade de remadores superou o ano passado, quando 200 pessoas participaram, e surpreendeu até mesmo o organizador do evento, Marcos Vidigal. “Quando o primeiro grupo saiu da Praia do Ribeiro éramos alguns e quando chegamos próximo às ilhas encontramos várias contas já esperando a Remaria, se juntando ao grupo. Foi um momento emocionante”, disse ele.


Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo