“Respondendo ao convite do Espírito Santo como Frades Menores na Igreja e no mundo”
19/07/2021
No encerramento do Capítulo Geral, neste domingo (18/7), a Ordem dos Frades Menores divulgou a mensagem final, aprovada pelos capitulares ainda no sábado 17/7, que tem o título “Respondendo ao convite do Espírito Santo como Frades Menores na Igreja e no mundo” e a citação: “Conheço meus projetos sobre vocês – oráculo de Javé: são projetos de felicidade e não de sofrimento, para dar-lhes um futuro e uma esperança” (Jer 29,11). A mensagem foi divulgada nas línguas oficiais do Capítulo (espanhol, inglês e italiano) e ainda não tem tradução em português.
Os capitulares, nesta mensagem, registram que a Ordem dos Frades Menores é a primeira Ordem religiosa da Igreja Católica Romana que se reuniu e levou a cabo a realização de um Capítulo Geral desde o início da pandemia de Covid-19. Os frades lembraram que o encontro estava originalmente programado para se desdobrar em Manila, nas Filipinas, em maio de 2021. “Portanto, poderíamos dizer que é quase um milagre que pudemos nos reunir em Roma e cumprir fielmente, com segurança e êxito, nossas responsabilidades para com a Ordem e a Igreja. Agradecemos a Deus e aos numerosos irmãos que trabalharam incansavelmente antes e durante o Capítulo Geral para garantir que pudesse ser celebrado”.
Segundo a mensagem, a experiência de poder se reunir em Capítulo “renovou em todos nós o espírito de gratidão pelo dom de nossa vocação fraterna. Todos os irmãos do mundo conheceram a dor da separação e o distanciamento de outras pessoas neste tempo de pandemia. Nós esperamos que tudo isso que vivemos em Roma nestes dias se torne um símbolo para todos os irmãos, em nosso desejo comum de nos encontrarmos pessoalmente”.
A mensagem agradece a hospitalidade fraterna e a solidariedade dos Frades Menores Capuchinhos, que gentilmente acolheram os capitulares no Colégio Internacional San Lorenzo de Brindisi. “Estamos profundamente tocados por seu humilde serviço e atenção para conosco. Seu espírito generoso e acolhedor reflete as raízes profundas de nossa fraternidade comum, e ofereceu mais um sinal de esperança de que nosso compromisso compartilhado com a Regra e a Vida de São Francisco nos une uns aos outros, no Espírito Santo”, escreveram.
Segundo a mensagem, durante os quinze dias deste Capítulo Geral, muitos dos temas que começaram no Conselho Plenário da Ordem (CPO) 2018, em Nairóbi, foram trazidos para esta assembleia dos frades e desenvolvidos. “O tema principal do CPO foi a ‘escuta’ do que o Espírito Santo diz à Ordem hoje. Em resposta a esta escuta atenta, os frades souberam reconhecer uma série de convites que Deus está fazendo à Igreja e ao mundo”, diz os capitulares.
“Um dos principais temas que surgiram durante o nosso Capítulo Geral foi a necessidade de renovar nossa identidade franciscana e nossa vida fraterna. Reconhecemos que, como todas as pessoas, também nos afetam os contextos de mudança de nossas comunidades locais e globais. Como disse o Papa Francisco, ‘não estamos vivendo uma era de mudanças, mas uma mudança de época’, que pode ser vivida pessoalmente e coletivamente como desestabilizador (Papa Francisco, “Encontro com os participantes da Quinta Convenção da Igreja Italiana”, Catedral de Santa Maria del Fiore, Florença, 10 Novembro de 2015). Os membros da Ordem dos Frades Menores não estão imunes a estas mudanças, mas devemos lembrar que nossa vocação é ser ‘peregrinos e estrangeiros’ no mundo (RB 6, 2; Test 24) e, portanto, ser “discípulos missionários” (Evangelii Gaudium, 120) no mundo, mas não partidários do mundo.
Diz a mensagem que a tarefa de renovar a identidade franciscana requer discernimento, estudo, treinamento e ação. “Não podemos pensar que o status quo é suficiente para justificar nosso sentido de autenticidade. O povo de Deus exige mais de nós em virtude de nosso compromisso público de sermos irmãos menores a exemplo de São Francisco. Nunca deveríamos ter medo de ‘recomeçar’, pois, como nos lembra Tomás de Celano, no final de sua vida, São Francisco ‘não considerou que já tivesse alcançado seu objetivo, mas, incansavelmente na busca da santa novidade, esperava constantemente recomeçar” (1Cel 103)”.
Segundo os capitulares, ao longo do Capítulo Geral, confirmaram como é providencial viver durante o Pontificado do Papa Francisco: “O primeiro bispo de Roma a levar o nome de ‘Francisco’, o Santo Padre não só tem um profundo respeito pelo fundador da nossa Ordem, mas também também mostra uma compreensão aguda do carisma franciscano. Reconhecemos que estamos vivendo um ‘momento franciscano’ na vida da Igreja e que o magistério do Papa Francisco – especialmente as encíclicas Laudato Si’ e Fratelli Tutti – é um desafio e um guia para a ação franciscana no mundo moderno. Não só animamos a todas as fraternidades locais para estudar e orar com esses textos, mas também convidamos todas as entidades da Ordem para utilizá-las como recursos orientadores para a animação concreta da renovação franciscana nos próximos seis anos”.
“Abraçar o nosso futuro significa que caminhamos juntos como irmãos em direção ao desconhecido que temos adiante, chamados por Cristo e inspirados pelo Espírito Santo, como irmãos menores em missão. Devemos também olhar para as partes do mundo onde existem novo crescimento e possibilidades. Essas entidades geralmente precisam de ajuda especial em termos de sustentabilidade”, ensinam os capitulares.
Durante o Capítulo Geral se destacou que nos próximos seis anos a Ordem celebrará uma série de comemorações importantes, que começa este ano com o oitavo centenário da Regra não bulada (1221-2021). Nos próximos anos, serão celebrados o centenário da Regra Bulada (2023), o Cântico das Criaturas (2025) e o Testamento (2026); momentos históricos importantes, como o Trânsito do Santo Pai Francisco (2026); e eventos regionais importantes, como a chegada de missionários Europeus, incluindo os franciscanos, ao chamado “Novo Mundo” das Américas. “Não queremos perder essas ocasiões como oportunidades de renovação e evangelização”, enfatizam.
“Discutimos a necessidade de revisar as estruturas das entidades da Ordem, tendo sempre presente que o Senhor envia o Espírito não só para “renovar a face da terra” (Salmo 104), mas também para renovar o “rosto da Ordem”. Acreditamos que seja necessário revisar o modo em que nos organizamos em todos os níveis (por exemplo, Cúria geral, Conferências, Províncias, Custódias) para estar seguros de que a forma como nos relacionamos entre nós, em termos de governo da Ordem, serve melhor a nossa missão de acordo com o espírito de solidariedade fraterna. Isso é especialmente importante quando pensamos na colaboração intercultural, interprovincial e internacional e em projetos ministeriais conjuntos”, propõe os capitulares.
Segundo a mensagem, todos esses desenvolvimentos tecnológicos e mudanças na sociedade “nos mostram que é necessário formar em áreas que antes não eram consideradas pela Ordem”, diz a mensagem, citando por exemplo as redes sociais e tecnologia digital, que vêm como uma oportunidade de estabelecer diretrizes que ajudam aos irmãos e outros a navegar no tumultuoso “continente digital” como “discípulos missionários”.
Já no final do texto, um pedido para superar o ‘provincialismo’: “Também reconhecemos que nosso futuro não é simplesmente nosso, mas está destinado a ser compartilhado com outras pessoas. Podemos imaginar o convite do Espírito para colaborar mais amplamente, tanto dentro como fora da família franciscana mais ampla, como um assim chamado para abraçar outra forma de sine proprio. Devemos superar a tentação do territorialismo e ‘Provincialismo’, que ameaça a comunhão e destrói a fraternidade”, indicaram os frades.