“Precisamos de pontes, não de muros!”
10/11/2014
Cidade do Vaticano (RV) – A humanidade de hoje precisa de “pontes, não de muros”, exatamente como os povos do Séc. XX não precisavam da divisão simbolizada pelo Muro de Berlim. No dia que recordou a queda, 25 anos atrás, do muro da vergonha, o Papa Francisco lançou no Angelus na Praça São Pedro, um apelo a fim de que caiam, disse, “todos os muros que ainda dividem o mundo”.
Foi um auspício de paz e de fraternidade repetido também durante a alocução que precedeu a oração mariana, inspirado na festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão – sede da Diocese de Roma.
“25 anos atrás, 9 de novembro de 1989, caia o Muro de Berlim.” O Santo Padre ofereceu a sua leitura do que se deu com a queda do que definiu “símbolo da divisão ideológica da Europa e do mundo inteiro”:
“A queda deu-se inesperadamente, mas foi possível devido ao longo e cansativo empenho de tantas pessoas que lutaram, rezaram e sofreram por isso, até o sacrifício da vida. Entre esses, o santo Papa João Paulo II teve um papel de protagonista.”
A história é mestra de vida e o Papa Francisco aproveitou a ocasião desta celebração para pedir o abatimento de todos os outros muros que ainda hoje dividem os povos com o cimento de outras formas de discriminação:
ÍNTEGRA DA MENSAGEM DO PAPA
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A liturgia de hoje recorda a Dedicação da Basílica de Latrão, a catedral de Roma, que por tradição é chama de “a mãe de todas as igrejas do Urbe et Orbe”. O termo “mãe” não se refere tanto ao edifício sagrado da Basílica, mas a obra do Espírito Santo que neste edifício se manifesta, frutificando através do ministério do Bispo de Roma, em todas as comunidades que permanecem em unidade com a Igreja que ele preside.
Todas as vezes que celebramos a dedicação de uma igreja, somos chamados a uma verdade essencial: o templo material feito de tijolos é um sinal da Igreja viva e ativa na história, do “templo espiritual”, como diz o apóstolo Pedro, onde o próprio Cristo é a “pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus” (1 Pedro 2,4-8). Jesus, no Evangelho da liturgia de hoje, falando do templo, revelou uma verdade: o templo de Deus não é apenas o edifício feito de tijolos, mas é seu corpo, feito de pedras vivas. Em virtude do Batismo, todo cristão faz parte da “construção” de Deus “(1 Cor 3,9), torna-se a Igreja de Deus.
O edifício espiritual, a Igreja comunidade dos homens santificados pelo sangue de Cristo e pelo Espírito do Senhor Ressuscitado, pede a cada um de nós para ser coerente com o dom da fé e para percorrer um caminho de testemunho cristão. Não é fácil, todos nós sabemos, a coerência de vida entre a fé e o testemunho; mas devemos ir em frente e realizar em nossas vidas esta coerência cotidiana. “Este é um cristão”, não tanto pelo que diz, mas pelo que faz, pelo modo como se comporta. Essa coerência, que nos dá vida, é uma graça do Espírito Santo que devemos pedir.
A Igreja, na origem da sua vida e da sua missão no mundo, é uma comunidade constituída para professar a fé em Jesus Cristo Filho de Deus e Redentor da humanidade, uma fé que age por meio da caridade. Estão juntas! Também hoje a Igreja é chamada a ser no mundo uma comunidade que, radicada em Cristo por meio do Batismo, professa com humildade e coragem a fé Nele, testemunhando esta fé na caridade. Para este fim devem ser ordenados os elementos institucionais, as estruturas e organizações pastorais; para este fim essencial: testemunhar a fé na caridade. A caridade é a expressão da fé e também a fé é a explicação e o fundamento da caridade.
A festa de hoje nos convida a meditar sobre a comunhão de todas as Igrejas, desta comunidade cristã que por analogia nos encoraja a empenhar-nos a fim de que a humanidade possa superar as barreiras da inimizade e da indiferença, a construir pontes de compreensão e diálogo, para fazer do mundo inteiro uma família de povos reconciliados entre si, fraterno e solidário. Desta nova humanidade, a própria Igreja é sinal e antecipação quando vive e difunde com seu testemunho o Evangelho, a mensagem de esperança e reconciliação para todas as pessoas.
Invoquemos a intercessão de Maria Santíssima, para que nos ajude a sermos, como ela, “casa de Deus”, templo vivo de seu amor.
Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs,
Há 25 anos, em 09 de novembro de 1989, caia o Muro de Berlim, que por tanto tempo separou a cidade em duas partes e foi símbolo da divisão ideológica da Europa e do mundo. A queda aconteceu de forma improvisa, mas isso só foi possível graças a um longo, intenso e árduo trabalho de muitos que lutaram, rezaram e sofreram, alguns até mesmo com o sacrifício da vida. Dentre eles, um papel de protagonista desempenhou o Santo Papa João Paulo II. Rezemos para que, com a ajuda do Senhor e a colaboração de todos os homens de boa vontade, seja cada vez mais propagada uma cultura do encontro, capaz de derrubar todos os muros que ainda hoje dividem o mundo e não aconteça mais que pessoas inocentes sejam perseguidas e até mortas por causa de sua crença e religião. Onde há um muro, ha fechamento de coração. Precisamos de pontes, não de muros!
Hoje, na Itália, celebramos a Jornada do Agradecimento que este ano tem como tema “Alimentar o Planeta. Energia para a vida”, referindo-se à Expo Milão 2015. Uno-me aos bispos em um compromisso renovado para que a ninguém falte o alimento cotidiano, que Deus dá a todos. Estou próximo ao mundo da agricultura, e encorajo a cultivar a terra de forma sustentável e solidária.
Neste contexto, tem lugar em Roma a Jornada Diocesana para a salvaguarda da criação, um evento que visa promover estilos de vida baseados no respeito ao meio ambiente, reafirmando a aliança entre o homem, custódio da criação e do seu Criador.
Saúdo todos os peregrinos que vieram de diferentes países, famílias, grupos paroquiais, associações, neste belo dia que o Senhor nos deu hoje.
Em particular, saúdo os representantes da comunidade venezuelana na Itália – Eu vejo a bandeira- os meninos de Thiene (Vicenza) que receberam o Sacramento da Confirmação; os universitários de Urbino; os fiéis de Pontecagnano, Sant’Angelo in Formis, Borgonuovo e Pontecchio.
Nesta belo dia, eu desejo a todos um bom domingo. Por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até breve!
Fonte: Rádio Vaticano