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Papa: que Deus conceda ao Sínodo o dom da escuta

01/10/2023

Papa Francisco

Imagem: Vatican Media

A Praça São Pedro acolheu fiéis de diversas denominações, juntamente com os líderes de muitas igrejas cristãs, que se reuniram para confiar a próxima Assembleia Geral do Sínodo ao Espírito Santo.

O momento que antecedeu a vigília, intitulado #Together2023, foi permeado por cânticos, testemunhos, escuta da Palavra de Deus, oração e silêncio, e contou com a presença do Papa. Entre os protagonistas dos momentos de oração estavam os jovens, representantes do sínodo, refugiados e pessoas com necessidades especiais.

A vigília de oração começou logo em seguida e foi presidida por Francisco. Ao final do momento de intercessão pelo Sínodo dos Bispos, que terá início daqui a quatro dias, o Pontífice falou aos milhares de fiéis presentes no Vaticano.

O Papa iniciou sua homilia destacando a importância e o significado de “estar juntos”:

“Estamos aqui, como irmãos e irmãs, vindos de todas as nações, tribos, povos e línguas, de diferentes comunidades e países, filhas e filhos do mesmo Pai, animados pelo Espírito recebido no Batismo, chamados à mesma esperança.”

Em sua reflexão, Francisco falou sobre a importância do silêncio e destacou três valores que uma vida silenciosa pode trazer para os cristãos de hoje.

O silêncio e a voz de Deus
“O silêncio”, afirmou o Papa, “está no início e no fim da existência terrena de Cristo. O Verbo, a Palavra do Pai, tornou-se ‘silêncio’ na manjedoura e na cruz, na noite da Natividade e na noite de sua Paixão”. De fato, Deus parece preferir o silêncio a “gritos, fofocas e barulho”. Quando aparece ao profeta Elias, Deus não se manifesta no vento, no terremoto ou no fogo, mas em uma “pequena voz calma”.

A verdade, disse o Santo Padre, “não precisa de gritos altos para alcançar o coração das pessoas”. Por essa razão, nós também, como pessoas que acreditam em Deus, “precisamos libertar-nos de muitos ruídos para ouvir a sua voz. Porque só no nosso silêncio ressoa a sua Palavra”.

Imagem: Vatican Media

O silêncio e a vida da Igreja
O Pontífice, então, voltou sua atenção para os Atos dos Apóstolos e destacou que, após o discurso de Pedro no Concílio de Jerusalém, “toda a assembleia ficou em silêncio”.

Isso nos lembra, disse o Papa, que “o silêncio, na comunidade eclesial, torna possível a comunicação fraterna”. É somente quando nos calamos para ouvir os outros que o Espírito Santo é capaz de “reunir pontos de vista”. Além disso, o silêncio “permite o verdadeiro discernimento, por meio da escuta atenta dos suspiros do Espírito, profundos demais para as palavras, que ecoam, muitas vezes escondidos, no interior do Povo de Deus”.

Francisco encorajou os fiéis reunidos na Praça São Pedro a pedir ao Espírito Santo que “conceda o dom da escuta” aos participantes do Sínodo. “Escutar Deus, até ouvir com Ele o clamor do povo; escutar as pessoas, até despertar nelas a vontade à qual Deus nos chama”, recordou o Pontífice.

Silêncio e a unidade dos cristãos
Um aspecto final do silêncio, disse o Papa, é que ele é “essencial para a jornada da unidade cristã”. Porque o silêncio, sublinhou Francisco, “é fundamental para a oração, e o ecumenismo começa com a oração, sendo estéril sem ela”.

“Quanto mais nos dirigimos juntos ao Senhor em oração, mais sentimos que é Ele quem nos purifica e nos une para além das nossas diferenças. A unidade dos cristãos cresce no silêncio diante da cruz, tal como as sementes que receberemos e que representam os diversos dons concedidos pelo Espírito Santo às diversas tradições: a tarefa de semeá-los é nossa, na certeza de que só Deus dá crescimento.”

Francisco finalizou seu discurso, pedindo que, por meio da oração comum, possamos “aprender novamente a ficar em silêncio: ouvir a voz do Pai, o chamado de Jesus e o sussurro do Espírito”.

“Peçamos”, concluiu o Papa, “que o Sínodo seja um kairós de fraternidade, um lugar onde o Espírito Santo purifique a Igreja de fofocas, ideologias e polarizações”, e “que saibamos, como os magos do Oriente, adorar em unidade e em silêncio o mistério de Deus feito homem, certos de que quanto mais próximos estivermos de Cristo, mais unidos estaremos entre nós”.

NOVOS CARDEAIS

O Papa presidiu, na manhã deste sábado, na Praça São Pedro, o nono Consistório de seu pontificado. Os 21 novos membros do Colégio Cardinalício foram anunciados por Francisco durante a oração do Angelus, no último dia 9 de julho.

Entre eles, 18 são eleitores: Robert Francis PREVOST, O.S.A., Claudio GUGEROTTI, Víctor Manuel FERNÁNDEZ, Emil Paul TSCHERRIG, Christophe Louis Yves Georges PIERRE, Pierbattista PIZZABALLA, Stephen BRISLIN, Ángel Sixto ROSSI, S.J., Luis José RUEDA APARICIO, Grzegorz RYŚ, Stephen Ameyu Martin MULLA, José COBO CANO, Protase RUGAMBWA, Sebastian FRANCIS, Stephen CHOW SAU-YAN, S.J., François-Xavier BUSTILLO, O.F.M. Américo Manuel ALVES AGUIAR e Ángel FERNÁNDEZ ARTIME, SDB. E três, possuem mais de 80 anos: Agostino MARCHETTO, Diego Rafael PADRÓN SÁNCHEZ, e Luis Pascual DRI, OFM Cap.
Em sua homilia, o Pontifice destacou o texto dos Atos dos Apóstolos: “Trata-se de um texto fundamental, a narração do Pentecostes, o batismo da Igreja. Mas aquilo que, na realidade, atraiu o meu pensamento foi um detalhe, ou seja, esta constatação saída da boca dos judeus, que então «residiam em Jerusalém»: são «partos, medos, elamitas…», e assim por diante. Esta longa lista de povos fez-me pensar nos Cardeais, que, graças a Deus, são de todas as partes do mundo, das mais diversas nações. Por isso mesmo escolhi esta passagem bíblica”, afirmou o Papa.


Fonte:  Vatican News (texto de Thulio Fonseca)