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Papa Francisco vê “Silence” de Scorsese no dia 1º de dezembro

28/11/2016

Papa Francisco

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O Papa Francisco poderá ver o esperado filme de Martin Scorsese, “Silence”, no dia 1º de dezembro, na presença de centenas de jesuítas e convidados. Em circuito comercial, contudo, o filme chegará depois, como nos cinemas norte-americanos, no dia 23 de dezembro (o que garante a corrida pelo Oscar), devendo estrear no resto do mundo em janeiro (no Brasil está prevista no dia 26 de janeiro).

Não está confirmada, contudo, a presença do Papa Francisco na estreia do filme, mas é certo que Scorsese, provavelmente acompanhado por Adam Driver, vai se encontrar com o Pontífice, e eles poderão falar sobre essa produção que coloca no centro a missão dos jesuítas, como o é o próprio Francisco.

Adaptado a partir do romance de 1966 do escritor japonês Shusaku Endo, o filme conta as perseguições sofridas por um grupo de jesuítas no Japão do século XVII, interpretados por Andrew Garfield, Adam Driver and Liam Neeson, que já vestiu essa batina no histórico filme “Missão”, de Joffé. O autor escreveu este romance após anos de estudos da literatura cristã francesa e de autores como Paul Claudel ou Emmanuel Mounier.

“É um filme que eu queria fazer há 27 anos, ou até mesmo mais tempo. Por diferentes razões, agora pude realizá-lo”, disse Scorsese durante um evento em Tóquio, em outubro. O cineasta recebeu em 1976 a Palma de Ouro de Cannes por “Taxi driver” e o Oscar de melhor diretor em 2006 por “Os infiltrados”. Também dirigiu filmes como “O lobo de Wall Street” e “Os bons companheiros”.

O romance narra como os jesuítas começam a pregar no país sob o assédio das autoridades. A perseguição fez os religiosos e o padre Sebastián Rodríguez, enviado ao Japão para consolar os que ali se encontravam e julgar um padre apóstata, se colocarem a questão de se realmente valia a pena sofrer tantas desgraças, inclusive quem é verdadeiramente Jesus e o papel de Deus.

O auge do cristianismo provocou, em 1614, o início de uma perseguição sistemática contra os cristãos e que se proibisse os padres de continuarem sua pregação. Desse momento em diante, o cristianismo entrou na clandestinidade e, segundo os historiadores, pelo menos 18 jesuítas, sete franciscanos, sete dominicanos, um agostiniano, cinco sacerdotes seculares e um número desconhecido de jesuítas nativos foram descobertos e executados.

A perseguição provocou mil mártires diretos e milhares de cristãos leigos morreram por causa de doenças e da pobreza aos sofrerem o confisco dos seus bens. Durante 240 anos o Japão permaneceu fechado ao mundo e embora algumas comunidades tenham tentado manter o cristianismo sem contato com o exterior e sem sacerdotes, o número de católicos diminuía e iam se afastando do cristianismo.

Os missionários católicos chegaram ao Japão em 1549 e embora, em um princípio, a fé cristã parecesse não tocar a comunidade nipônica, finalmente se estabeleceu no país. Em 1600, já havia 95 jesuítas estrangeiros no país (57 portugueses, 20 espanhóis, 18 italianos) e ao menos 70 jesuítas nativos do Japão.

Scorsese, além de dirigir o filme, também é coprodutor e corroteirista com Jay Cocks, com quem ele já tinha escrito “Gangues de Nova York” e “A época da inocência”.

O filme, produzido pela Paramount, viveu uma rodagem muito acidentada durante as 14 semanas de filmagens em Taiwan. Segundo conta “Religión en Libertad”, em janeiro de 2015, um teto caiu, causando a morte de um funcionário e ferindo outros três.