O testemunho dos jovens santos e mártires de nosso tempo
16/10/2018
Cidade do Vaticano – A 13ª Congregação Geral do Sínodo sobre os jovens, na tarde desta terça-feira, 16/10, continuou o debate, que começou na parte da manhã, sobre a terceira parte do Instrumento de Trabalho: Escolher, caminhos de conversão pastoral e missionária. 251 padres sinodais estavam presentes na Aula.
A santidade não é somente um ideal. De fato, muitos jovens são testemunhas em nossos dias. Os padres que participaram da 13ª Congregação Geral deram exemplos comovedores de pessoas que vivem em áreas do mundo onde os cristãos são minoria, e por isso, perseguidos. O pensamento se dirigiu primeiro ao Oriente Médio, onde há muita gente assassinada por sua fé em Jesus Cristo. Depois os dalits, na Índia, os últimos da sociedade, gente sem direitos, que para preservar a fé e a dignidade dos filhos de Deus, sua única riqueza, estão dispostos ao martírio.
O testemunho cristão inspira novas conversões
Do exemplo destes santos de nosso tempo, surgem novas conversões. Cada jovem – destaca o Sínodo – deseja a santidade e são exigentes: precisam de testemunhos autênticos, pontos de referência em quem se inspirar, querem encontrar pastores que vivam o espírito das bem-aventuranças, que orem, meditem e que não sejam somente empregados ou funcionários de uma instituição. Para isso, precisamos de conversão. Os jovens não querem somente palavras bonitas e sentem-se ofendidos pelo escândalo dos abusos. Os bispos exortam à Igreja a ser transparente e dizer com alegria que o celibato e a castidade são opções possíveis, com a graça de Deus.
Igreja em um mundo, não do mundo: mostrar a verdade com misericórdia
No mundo, sem estar no mundo: a Igreja seja menos discursiva e mais acolhedora, dedicando tempo e recursos aos jovens. Verdade e misericórdia – destacam os Padres sinodais – são inseparáveis e têm seu centro em Cristo: neste sentido, é decisiva a figura de um bom diretor espiritual que, condenando o pecado, acompanha-o com amor. “Deus – destaca o Sínodo – aceita-nos como somos, mas não nos deixa tal como somos”, transforma-nos em homens e mulheres novos. A comparação entre a Igreja e a barca em busca dos jovens perdidos em seus trabalhos é incisiva. Cristo – afirmam os padres – é a âncora que não naufraga.
Que a Igreja não renuncie a falar a partir da Cruz
Os bispos denunciam a cultura materialista e hedonista de hoje, que busca expulsar Deus do coração do homem propondo falsos ídolos como o dinheiro, os vícios (em jogos, pornografia, etc), os prazeres efêmeros e a recusa dos ideais e valores cristãos como a família. Não se tratam de desafios aos quais a Igreja deve renunciar, indicando a força de Cristo ressuscitado e anúncio do Kerigma. A cruz, na realidade, não assusta aos jovens que, ao contrário, desejam um anúncio claro e menos vago do Evangelho. A chamada de Jesus crucificado – a esperança – deve ressoar forte, não débil e anêmica. Para ter uma Igreja rejuvenescida, o Sínodo se propõe a animar os jovens a rezar o rosário e participar nos sacramentos da reconciliação e Eucaristia.
O drama do desemprego e a imigração
A tragédia do desemprego também foi destacada na Aula. A Igreja deve ser uma família atenta a ajudar aos que não tem trabalho. Um exemplo virtuoso é o apoio eclesial aos projetos de microcrédito, convencidos que uma ocupação ajuda a dar sentido à vida e é a premissa para um futuro sereno da sociedade. Por isso, os pastores devem incentivar as instituições a que prestem maior atenção às novas gerações, especialmente aquelas que se veem obrigadas a emigrar, abandonando suas famílias e raízes. Os bispos advertem que “É justo fazer dos jovens protagonistas do desenvolvimento humano integral da sociedade: em diversas partes do mundo mostram uma grande responsabilidade pelos mais fracos e pelo meio ambiente”.
A Igreja não renuncie à educação cristã
O Sínodo pede também à Igreja que não renuncie ao direito de educar os jovens nas escolas e universidades: lugares de abertura, de diálogo, de formação de consciências e de fortalecimento de valores morais. A recomendação é salvar as escolas que existem antes de criar outras novas. Não ao proselitismo, mas os programas escolares de inspiração católica devem ser reforçados porque – explicam os padres – “não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo da vasilha”. Também pedimos que não esqueçamos as muitas famílias pobres e desfavorecidas que, por razões econômicas, não podem oferecer seus filhos uma boa educação.
Testemunhos dos Auditores
Ao final da Congregação, alguns ouvintes tomaram a palavra. Entre eles, há quem compartilhou com a Aula a experiência de uma conversa madura nos novos movimentos. Outros destacaram a necessidade de dar uma maior responsabilidade eclesial aos leigos, às mulheres e às famílias. Entre as propostas que surgiram, estava a ideia de fomentar formas de residência comunitária, formadas por jovens comprometidos com uma regra de vida comum e dedicados à iniciativas de evangelização. Também é preciso destacar a chamada à renovação do modelo de formação dos seminários, de maneira menos teórica e mais experiencial, ou seja, próxima a realidade da juventude.