Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Novos missionários já estão entre o Povo Munduruku do Alto Tapajós

15/03/2023

Notícias

A Missão São Francisco, mais conhecida como “Missão Cururu”, ganhou neste início de março a nova Fraternidade para os próximos três anos: Frei Sebastian Robledo, da Província São Francisco da Argentina; Frei Amauri Santos, da Custódia São Benedito da Amazônia, Brasil;  Frei Bruno Laviola, da Província Santa Cruz (MG) e Ir. Claudia Morais.

A nova equipe missionária foi formada depois da decisão da última Assembleia Geral da União das Conferências Latino-americanas Franciscanas (UCLAF), realizada em janeiro deste ano, em São Paulo, com o objetivo de manter o projeto de presença da UCLAF na Amazônia. A missão está confiada à Custódia São Benedito, por estar no seu território, mas tem o apoio da Conferência Franciscana Brasil e Cone Sul.

A Missão São Francisco, localizada à margem esquerda do rio Cururu, afluente direito do rio Tapajós, foi iniciada em julho de 1911, quando Frei Hugo Mense e Frei Luís Wand, OFM, após viagem de sessenta dias, aportaram na região da Missão Velha, situada à margem direita do rio Cururu. Ao chegarem, segundo relato de Ir. Helena Calderaro, SMIC, (publicado no site da Prelazia de Itaituba), não entraram logo na aldeia, mas construíram um barraco à beira do rio, esperando que os nativos se aproximassem, o que aconteceu uma semana depois quando eles resolveram tocar flauta e cantar. Imediatamente, os indígenas, bastante curiosos começaram a se aproximar: primeiramente os homens depois as mulheres e as crianças. Nesse primeiro contato, o então chefe da aldeia, João Wakapã convidou os dois frades para que fossem com eles. Lá chegando, encontraram indígenas vestidos com farrapos de pano e outros já viciados em bebida alcoólica, devido os regatões (aqueles  insistem para obter um preço melhor ou mais baixo)  que pagavam com cachaça os serviços prestados pelos indígenas, como a colheita de castanha e borracha.

Os frades, sozinhos, sentiam muitas dificuldades missionárias, por isso pediram ao bispo Dom Amando Bahlmann. OFM, que enviasse algumas Irmãs da Congregação recém-fundada em Santarém, o que foram logo atendidos. No dia 1º de maio de 1912 três religiosas, “pioneiras da Missão” (Madre Coleta, superiora, Irs. Cecília e Ágata, noviças) viajaram de Santarém para a Missão, onde chegaram no dia 5 de julho de 1912. Lá chegando, abriram logo uma escola e começaram a cuidar dos doentes.

Numa visita que fez no dia 17 de outubro de 2021 à Missão, o Custódio Frei Edilson Rocha, OFM, fez um relato no site da entidade: “Depois de mais de um século de presença muito significativa de grandes missionários e missionárias franciscanos entre o povo Munduruku, a nossa ausência e omissões, num tempo de crises e de graves ameaças à vida, unidade e cultura deste povo, também ameaçam a nossa credibilidade diante deles e da Igreja Local, que confia a nós essa Missão. Outros agentes religiosos fundamentalistas e não comprometidos com a vida, valores culturais e lutas do povo Munduruku vão ocupando o vazio deixado por nós. A devastação é bem mais ampla do que a destruição do meio ambiente, da unidade das comunidades e da autoridade dos autênticos líderes e de seus velhos sábios… Um processo de destruição silencioso e perverso está em curso. ‘O Rio Cururu é o último de águas cristalinas que ainda está preservado, mas as pressões são enormes…’, diziam-me algumas lideranças das aldeias”.


Comunicação da Província da Imaculada Conceição do Brasil