Noviciado “Interprovincial” começa neste sábado
28/12/2021
Da esq. para dir.: Almiro, Erick, Yure, Evandro, Paulo, Frei Walter, Francisco, Zaros, Felipe Fiamoncini, Samuel e Lucas. Agachados: Vilmar e Filipo.
O Noviciado de 2022 terá 13 noviços de três Províncias Franciscanas: onze postulantes da Província da Imaculada Conceição do Brasil – Almiro Luna Xavier, Erick Eduardo dos Santos, Felipe Miguel Fiamoncini, Felipe Zaros Granusso, Filipo Carpi Girão, Francisco Barbosa Mouzinho Junior, Lucas Alfredo Teston, Paulo Vitor da Silva, Samuel Cavalcanti do Amaral, Vilmar José Bittencourt Júnior e Yure de Oliveira Telles Souza; um noviço da Província São Francisco de Assis do Rio Grande do Sul – Evandro Siqueira; e um noviço da Província Argentina San Francisco Solano, Mateo Esteban Martinez Mikulic.
Eles serão acolhidos no sábado, dia 15 de janeiro, durante a Celebração Eucarística, às 6h30, no Noviciado São José, em Rodeio (SC).
Um dos momentos mais simbólicos e emocionantes da admissão dos noviços é a veste do hábito franciscano. Ali mesmo, durante a celebração, ele se veste e passa a ser chamado de Frei. Durante o ano de Noviciado, este hábito é provisório, já que o definitivo o noviço receberá quando fizer a Primeira Profissão, no término deste ano de provação.
Durante o ano, os noviços intensificam a vida em comum, entre eles e com a Fraternidade Formadora da casa, e participam também de algumas atividades na própria comunidade eclesial e de celebrações das outras casas franciscanas da região.
Íntegra da mensagem do mestre Frei Walter de Carvalho Júnior:
Queridos irmãos e irmãs, confrades, colaboradores, postulantes.
Milton Nascimento e Fernando Brant compuseram uma música que ficou bem conhecida na voz da Maria Rita, e que, em dado momento, diz o seguinte: “Chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida. A plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar”.
De fato, queridos postulantes, chegar e partir são dois lados da mesma jornada. E é sempre assim. Em cada passo que damos, em cada instante que vivemos, nós chegamos e partimos. Um passo é sempre uma partida e uma chegada. Cada segundo vivido é um ir e um chegar, mostrando-nos a grandeza do agora, do momento presente. De manhã, quando acordamos e pomos o pé no chão, o dia chega e a noite parte: acolhemos a vinda e a inauguração de um novo amanhecer e nos despedimos do escuro e do sono. Essa é a dinâmica da viagem de cada dia e de cada instante, é a dinâmica própria da vida. O que vale mesmo é a viagem, o caminho, a estrada. Se partimos ou chegamos, pouco importa. O que importa é vivermos a viagem com toda a intensidade e gratidão que pudermos ter. Partimos sempre porque sempre desejamos chegar ao melhor e ao mais belo, e quando julgamos tê-los alcançado, partimos de novo porque percebemos que sempre há mais o que fazer para ser melhor. E assim, dia a dia, instante a instante, vamos seguindo o trem de nossa vida.
De um modo mais amplo, podemos dizer que também na vida franciscana experimentamos constantemente chegadas e partidas. Nossa permanente formação no seguimento de Jesus é esse trem que nos leva de estação em estação. São Francisco com certeza percebeu bem isso. E talvez por essa razão ele tenha insistido tanto no caráter itinerante da vida dos irmãos. Parar, acomodar-se jamais. Isso seria romper a dinâmica do caminho, do desejo e do sonho.
O Postulantado foi para vocês uma estação, e a plataforma dessa estação foi tudo o que vocês puderam viver e experimentar com a generosidade e a entrega de cada um. Os freis – e por que não os colaboradores desta casa? – também fizeram com vocês essa estrada. É a estrada de vocês que traz sentido a esta fraternidade, porque nós, afinal, ainda que com nossos tropeços, entramos nessa estrada de vocês também, como apoio, como ajuda.
Mas, o grande diferencial é que na vida franciscana não deixamos para trás as estações que cruzamos. Deus queira que vocês sejam noviços postulantes, e depois professos noviços postulantes. Pois quando poderemos deixar de pedir, quando poderemos deixar de começar e de recomeçar? Como frades, seremos sempre postulantes e noviços, ou em outras palavras, estaremos sempre na estrada de chegadas e de partidas. Estaremos sempre na condição de “pedidores”, de suplicadores do dom e da graça de Deus, e buscaremos sempre a jovialidade do noviço, sempre iniciando, sempre começando, ou se preferirem, sempre recomeçando. Infeliz do frade que “conclue” a Formação Inicial e faz a profissão solene e se acha pronto, se acha acabado. Infeliz o frade que não se considera mais aprendiz. Isso facilmente acabará por sufocar a sua vocação. Disso nos alerta tão bela e emblematicamente o próprio São Francisco, quando, segundo o relato de Tomás de Celano (1Cel 103), já no final de sua vida, em meio a muitos sofrimentos, São Francisco diz: “Irmãos, vamos começar a servir a Deus, porque até agora fizemos pouco ou nada”. E Frei Celano completa: “Francisco não pensava que já estivesse conseguindo dominar-se, mas firme e incansável na busca da renovação espiritual estava sempre pensando em começar”.
Obrigado, caros postulantes, por terem vivido neste ano a sua estrada conosco. Obrigado, confrades, obrigado colaboradores. Deus nos conceda sempre de novo chegar e partir, ir de estação em estação, nas vias e nas sendas do seu amor e da sua bondade, peregrinos que queremos ser da esperança, da alegria e da paz.