Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Novas indicações para as celebrações da Semana Santa

28/03/2020

Notícias

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos ofereceu uma atualização das indicações e sugestões gerais dadas aos bispos sobre as celebrações da Semana Santa diante da pandemia da covid-19, causada pelo novo coronavírus. Novamente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) traduziu o documento com as propostas de adequação à realidade brasileira. Também foram oferecidas sugestões para as coletas da Solidariedade e para os Lugares Santos.

documento da Congregação reitera que a data da Páscoa não pode ser transferida e que, nos países afetados pela doença, onde estão previstas restrições às reuniões e movimentos de pessoas, “os bispos e padres celebram os ritos da Semana Santa sem a participação do povo e em local adequado, evitando concelebração e omissão da troca de paz”.

A orientação é que os fiéis sejam informados do horário de início das celebrações, para que possam participar da oração em seus lares. “Poderão fazer uso diretamente dos meios de comunicação social. Em qualquer situação, continua sendo importante dedicar um tempo adequado à oração, principalmente aprimorando a Liturgia das Horas”, lê-se no decreto.

Piedade Popular

Sobre as expressões da piedade popular e as procissões que ocorrem na Semana Santa e no Tríduo Pascal, a Congregação para o Culto Divino orienta que, no julgamento do bispo diocesano, podem ser transferidas para outros dias adequados, por exemplo, nos dias 14 e 15 de setembro, quando é celebrada a Festa da Exaltação da Santa Cruz.

Distanciamento social

Aqui no Brasil, de acordo com informe divulgado nesta quinta-feira pelo bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, mesmo com o decreto presidencial inserindo as atividades religiosas entre serviços e atividades essenciais, a Conferência manteve a indicação que sejam obedecidas as orientações das autoridades de saúde para se evitar aglomerações a aplicar o isolamento social:

A CNBB, considerando as orientações emanadas pelas autoridades competentes do Ministérios da Saúde, que indicam o distanciamento social, orienta os bispos que as igrejas podem permanecer abertas, porém, do modo como tem sido feito até agora, apenas para orações individuais, transmissões online, etc. Segundo o documento, “não há como entender que os instrumentos legais possam obrigar a reabertura das igrejas, muito menos para a prática de qualquer tipo de aglomeração”.

Subsídios

Ainda no segundo documento da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, há também o reforço que as Conferências Episcopais e as dioceses individuais “não deixem de oferecer subsídios para ajudar a oração familiar e pessoal”. A CNBB tem oferecido materiais para a celebração dominical da Palavra em família e também materiais para exercícios quaresmais.

Detalhamento das celebrações

Além da oferta desses subsídios, a CNBB deu indicações adicionais para as celebrações da Semana Santa, como por exemplo as coletas já tradicionais para a Solidariedade e para os Lugares Santos. Confira o trecho do decreto com detalhamento sobre as celebrações e as respectivas observações da CNBB:

 1 – Domingo de Ramos. O Memorial da Entrada do Senhor em Jerusalém é comemorado dentro do edifício sagrado; nas igrejas catedrais é adotada a segunda forma prevista pelo Missal Romano; nas igrejas paroquiais e em outros lugares, a terceira.

OBSERVAÇÃO DA CNBB
Sobre a Coleta da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade, a Presidência da CNBB acolhe algumas sugestões e submete à avaliação dos bispos as datas de 16 e 17 de novembro, Dia Mundial dos Pobres, para esta coleta. Os bispos podem enviar suas manifestações para o endereço secretariogeral@cnbb.org.br.

2 – Missa do Crisma. Ao avaliar o caso concreto nos vários países, as Conferências Episcopais poderão dar indicações sobre uma possível transferência para outra data.

OBSERVAÇÃO DA CNBB
Neste caso, a CNBB optou por deixar a cada bispo diocesano, administrador apostólico ou administrador diocesano o discernimento de quando celebrar “para bem atender à realidade local”. A Conferência pede, no entanto, que, dentro do possível, seja compartilhada a opção feita, “de modo que possamos ter uma visão geral do que está ocorrendo nas diversas dioceses do país”.

3 – Quinta-feira Santa. O lava-pés, já opcional, é omitido. No final da Missa na Ceia do Senhor, a procissão também é omitida e o Santíssimo Sacramento é mantido no tabernáculo. Neste dia, os padres recebem excepcionalmente a faculdade de celebrar a missa, sem a participação popular, em um local adequado.

4 – Sexta-feira Santa. Na oração universal, os bispos cuidarão de preparar uma intenção especial para aqueles que se encontrarem em situação de perda, de doentes e de falecidos (cf. Missale Romanum). O ato de adoração na cruz através do beijo é limitado apenas ao celebrante.

OBSERVAÇÃO DA CNBB
Para esta celebração, a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB disponibilizou uma sugestão de texto para a Oração Universal, que pode ser baixada aqui.
coleta para os Lugares Santos também deve ser transferida, de acordo com a decisão dos bispos. A proposta da CNBB é que ocorra nos dias 14 e 15 de setembro, quando é celebrada a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Assim como em relação à Coleta da Solidariedade, os bispos podem enviar suas manifestações para o endereço secretariogeral@cnbb.org.br.

5 – Vigília da Páscoa. Deve ser comemorada exclusivamente em catedrais e igrejas paroquiais. Para a liturgia batismal, permanece mantida apenas a renovação das promessas batismais (cf. Missale Romanum).


Semana Santa: normas da Igreja são para conter o Covid-19, não a oração

O arcebispo Arthur Roche, secretário da Congregação para o Culto Divino, explica o novo decreto do Dicastério para as celebrações da Páscoa em tempos de pandemia afirmando que, neste momento de provação, “devemos tentar parar o contágio, sem interromper a nossa oração, ao contrário, multiplicando-a”. Confira a entrevista concedida ao Vatican News em que descreve as normas do decreto que levam em consideração, inclusive, as observações recebidas pelas Conferências Episcopais.

Quais são as razões para atualizar o decreto da Congregação do Culto Divino sobre as indicações para a celebração do Tríduo Pascal, uma semana depois da divulgação do primeiro texto?
Dom Roche – “Para todos é evidente que vivemos em tempos de emergência, com situações em rápida evolução. Crises dessa dimensão às vezes requerem novas considerações e atualizações. O primeiro texto era de vários dias atrás. As atualizações foram indispensáveis, inclusive significativas, e sobretudo nos confrontamos com os episcopados dos países mais afetados pela pandemia. Procuramos considerar as observações que recebemos.”

Antes de mais nada, a data da Páscoa não foi adiada, como alguns imaginavam, em consideração à situação nos países atingidos pelo Covid-19. Por quê?

Dom Roche – “A data da Páscoa não pode ser diferida. Vamos celebrá-la depois da preparação deste período especial de Quaresma, tão marcado pela dor, pelo medo, pela incerteza. Recebemos, algumas semanas atrás, as cinzas colocadas sobre a cabeça, e nos foi recordado que somos pó e no pó voltaremos. Mas somos um pó amado por Deus, resgatado por Deus. Jesus sofreu na Cruz, mas venceu a morte, e nós acreditamos na ressurreição dos corpos, na vida eterna. A Páscoa é a festa dessa vitória sobre a morte. Nos países mais atingidos pela doença, onde são previstas restrições estabelecidas pelas autoridades civis para evitar aglomerações e movimentos das pessoas, os bispos e os sacerdotes irão celebrar os ritos da Semana Santa sem o povo e num lugar adequado, evitando a concelebração e omitindo a saudação da paz.”

É impressionante esta Páscoa celebrada sem a presença dos fiéis, sem o povo de Deus...

Dom Roche – “É muito doloroso. Mas, neste período de isolamento, a gente viu, porém, como se multiplicou a criatividade dos sacerdotes, que diariamente encontram um modo para ficar próximos às pessoas, com todos os meios à disposição hoje. Muitas pessoas seguem diariamente a missa do Santo Padre direto da Santa Marta e seguem outras celebrações através das redes sociais. Muitos fiéis rezam o terço, conectados ao rádio, à TV e à internet. Vivemos um momento excepcional. Não esqueçamos que Jesus fala da oração pessoal, convidando-nos a fazê-la nos nossos quartos e, assim, nas nossas casas. Sabemos que, por natureza, a fé cristã é relação e é comunidade: a oração comum e a participação comum à mesa eucarística são fundamentais. Mas, neste momento de provação, devemos tentar parar o contágio, sem interromper a nossa oração, ao contrário, multiplicando-a. É importante que os fiéis sejam avisados a hora do início das celebrações, de modo que possam se unir em oração nas próprias casas e que possam segui-las ao vivo, participando desse modo.”

Pode explicar, em síntese, o conteúdo do decreto atualizado?

Dom Roche – “O Domingo de Ramos será celebrado dentro das igrejas, sem a procissão externa. A Missa Crismal, que prevê a participação de todos os sacerdotes do presbitério, poderá ser transferida para uma outra data. Foi deixada essa possibilidade aos episcopados, chamados a avaliar as diferentes situações nos próprios países. Na Missa na Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, não haverá o lava-pés que, na realidade, já é facultativa, mesmo que se trate de um rito muito significativo. Não haverá a procissão com o Santíssimo ao final da Missa. A Liturgia da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa, terá intenções especiais para os doentes, os defuntos, para quem sofre e se encontra em dificuldade. E o tradicional beijo à Cruz será dado somente pelo celebrante. A Vigília Pascal só será celebrada nas catedrais e nas igrejas paroquiais. Também indicamos que as expressões de piedade popular e as procissões que enriquecem os dias da Semana Santa e do Tríduo Pascal, segundo entendimento do bispo diocesano, possam ser transferidas para outros dias convenientes, por exemplo, para os dias 14 e 15 de setembro.”