Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Ministro Provincial apresenta as lições da Festa de São Francisco

04/10/2022

Notícias

São Paulo (SP) – O histórico Convento São Francisco, que completou 375 anos no último dia 17 de setembro, celebrou neste dia 4 de outubro o seu Padroeiro. Durante todo o dia, o povo veio agradecer e pedir as bênçãos ao Seráfico Pai. O dia nublado, com um clima agradável, ajudou a trazer os devotos até o centro da capital paulista, especialmente para a bênção dos animais e para as Missas durante todo dia.

Às 10 horas, o Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Paulo Roberto Pereira, presidiu a Celebração Eucarística, tendo como concelebrantes Frei Evaldo Xavier, o comissário papal no Mosteiro de São Bento, e o diácono Frei Gabriel Dellandrea. “Alegramos nesta Celebração da Eucaristia, no dia de São Francisco, pelas presenças do Ministro Provincial e de Frei Evaldo. Nós temos uma relação muito bonita desde o tempo de São Francisco com São Bento. Na verdade, na rua São Bento está o Mosteiro São Bento num extremo e no outro o Convento São Francisco. Então, agradecemos o Ministro Provincial, Frei Evaldo e os jovens monges por essa amizade que vem desde São Francisco. Cada ano, os franciscanos pagavam como aluguel um peixe aos beneditinos pela Igrejinha da Porciúncula. E os beneditinos devolviam com óleo para a lamparina da igrejinha. Nessa amizade tão bonita, foi o Mosteiro das Beneditinas que acolheu Santa Clara no primeiro momento. Então, obrigado pela presença de vocês”, saudou o guardião Frei Mário Tagliari.

Frei Paulo, falando desta amizade entre os franciscanos e beneditinos, disse que, se somos amigos uns dos outros de fato, é preciso fazer esse gesto de dividir a comida. “O amigo divide a comida e a gente está sentindo falta disso. O mundo sente falta da partilha do alimento. Nós vamos nos encastelando nas nossas próprias casas e vamos gerando fome e morte. Do metrô até aqui vemos muita gente esquecida na rua, talvez sem amizade dos outros. Talvez entre si se protejam devido ao estado de violência e abandono. Talvez essa seja, certamente, a lição deste dia: Cultivar a amizade, cultivar o companheirismo”, disse Frei Paulo, explicando que companheiro é quem partilha o pão. A palavra significa Cum panis. Segundo ele, esta é a primeira lição da festa de São Francisco.

Frei Paulo lembrou que nos altares há os santos fortes, os santos bons, aqueles que ‘nos ajudam e nos ajudam bastante’, como Santo Antônio, que parece ser alguém da família, “porque a gente pede a ele coisas que não teria coragem de pedir para qualquer outro santo”.

Mas e São Francisco, perguntou o Ministro Provincial. “São Francisco não é aquele santo dadivoso, que dá muitas coisas para nós. São Francisco é mais um exemplo. Até as coisas que ele vive são bastante difíceis de serem vividas. Mas por isso estamos aqui, porque não queremos coisas fáceis. Nós queremos ir para o céu. E quem acha que ir para o céu é coisa fácil, está enganado. É muito difícil e por nossa própria força nós não conseguiríamos ir. Nós só desejamos ir para o céu porque o céu veio morar conosco. É isso que São Francisco nos ensina. O céu veio morar conosco para que a gente tenha desejo de céu”, explicou Frei Paulo.

Para o celebrante, o céu veio morar conosco no Natal, o mistério da encarnação que encantava São Francisco. “Nós vamos celebrar isso com júbilo a partir do ano que vem, nos 800 anos da criação do presépio. Quer ir para o céu? A humanidade frágil de Jesus Cristo nos ensina o caminho. Encarnado na nossa história, participando de todas as vicissitudes, sentindo frio na noite invernal, sentindo a falta do acolhimento numa casa quentinha, vai nascer numa estrebaria. É o Deus humanado. A encarnação da divindade que nos ensina ir para cima e ir para baixo, na humildade. Assumir a fragilidade humana, esse é o caminho que São Francisco ensina”, pontuou.

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Esse Deus que se despoja de toda a sua realeza, de todo o seu poderio, também se faz pão na Eucaristia. “Milagre da generosidade do Senhor. Se desfaz de tudo para ser alimento. O alimento mais simples, aquele que nos faz irmãos, que nos faz companheiros e companheiras. Essas são as lições de São Francisco: o presépio, a Eucaristia e a cruz. Não é fácil ir para o céu. No caminho tem cruz, diversas cruzes, e sobretudo aquela cruz escancarando o amor de Jesus Cristo pela humanidade. Despojamento, amor pleno, amor total”, explicou Frei Paulo.

Segundo ele, essas são as lições de São Francisco, válidas para ontem e para hoje, e urgentíssimas para a nossa realidade. “Tenhamos a disposição grandiosa de seguir o exemplo de São Francisco e viver aquilo que o Evangelho de hoje nos diz: ‘Eu te louvo, Pai, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos (Mt 11,25-30). Sábios e entendidos, senhores de si mesmo, soberbos, já plenos e lotados de autorreferência. Eu sei tudo, eu posso tudo, eu condeno a todos. Elimino as pessoas que não pensam como eu penso, que não votam como eu voto, que não querem o que eu quero, que são diferentes de mim, no gênero, na raça, na procedência, são nordestinos. Eu os elimino porque eu sou autorreferente. Senhor de mim mesmo. Lotado, soberbo”, condenou Frei Paulo.

Em contraposição a essa realidade, o Ministro Provincial disse: “Vocês nunca saberão a verdade do Senhor. Vocês nunca conhecerão Jesus Cristo, nunca verão reveladas as verdades do Evangelho. ‘Eu te louvo, Pai, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos’ e as revelastes a nós que amamos São Francisco, que hoje viemos a sua igreja para colher sobejamente os seus ensinamentos. Ensinamentos da simplicidade, da humildade e da vontade e do cuidado. Por isso, a gente se encanta vendo as pessoas trazerem os bichinhos para receberem a bênção. Quanto cuidado, quanto carinho, quanta atenção! E a gente sabe que isso é bom, por isso nós nos encantamos quando vemos tantos gestos desta natureza. Que bom, sejamos atentos, cuidadosos, generosos, afetuosos. Mas vejam, todos esses verbos que mencionei, poderia mencioná-los tantos mais que dizem respeito à nossa atitude em relação às criaturas. Que nós sejamos bondosos, cuidadosos, atenciosos, generosos, que sejamos acolhedores, é nossa decisão em favor da criatura. Porque hoje o que está acontecendo é exatamente o contrário e por isso que nascem tantas expressões que nos acostumamos a elas e achamos que isso é normal: ‘Eu prefiro ter um amigo cachorro'”, lamentou.

Para Frei Paulo, isso acontece porque nós esperamos sempre receber o cuidado, receber o carinho, “Quem ama esperando receber amor em troca, ainda não ama como Deus no presépio, como Deus na Eucaristia, como Deus na cruz. Não esperava receber nada em troca, por isso seu amor foi o maior amor. São as lições da festa de hoje. E que do céu venha a graça de vivê-las no nosso dia a dia. Viva São Francisco!”, concluiu.

A BELA “JOLIE” 

No mundo dos pets, quem roubou a cena no Largo São Francisco foi “Jolie”. Vestida com um hábito marrom, ela chamou a atenção dos fotógrafos. “Jolie” foi encontrada na rodovia Imigrantes há cinco anos. Paciente e amorosa, sempre perto de sua dona Marisa Gouveia, ela atendeu a todos os ‘pedidos’ de fotos. Durante a Missa, um pouco cansada, aproveitou para se esticar no chão. Ninguém é de ferro.


Comunicação da Província da Imaculada