Mensagem da presidente da CFFB para a Festa de Santa Clara
10/08/2021
“Sorrisos e abraços espontâneos me emocionam. Palavras até me conquistam temporariamente. Mas atitudes me ganham para sempre.”
Clarice Lispector
Irmãs e Irmãos da Família Franciscana do Brasil, dia 11 de agosto a Igreja celebra a Festa de Santa Clara, uma vida e história que merece ser conhecida e celebrada. Ao refletirmos sobre sua trajetória através das Fontes Clarianas, percebemos que a fecundidade de sua atuação transformadora na Igreja e na sociedade vem de uma experiência mística (intimidade com Deus). Podemos dizer, que esta mulher santa compreendeu que “Quanto mais o ser humano adentra na sua interioridade e reverencia o mistério inesgotável das pessoas, da natureza e do cosmos, mais se abre para o Transcendente” (A. Murad). Capaz de enxergar os sinais de Deus, Clara deixou-se iluminar por Ele (TestC 24). Aqui está o segredo e a origem da força e vigor que a sustentava e renovava. Ao celebrarmos sua festa, aproveitemos a ocasião para refletir e aprofundar a partir das fontes, sobre sua experiência mística e suas atitudes que, profundamente imbricadas, possibilitaram o empreendimento de processos de mudança na Igreja e na sociedade.
De acordo com Frederic Raurel, “os textos das fontes apresentam-nos Clara de Assis não só como objeto, mas também como sujeito” (Chiara, francescanesimo al femminile, p. 12). Lutando contra os inevitáveis condicionamentos do tempo, Clara foi a primeira mulher que projetou na história coragem e determinação para iniciar um modo de pensar e viver a vida religiosa franciscana ao modo feminino e a compor uma Regra para mulheres (Bartoli, Marcos, Clara de Assis, 1998, p. 192). A exemplo do seráfico pai Francisco, soube ressignificar as relações humanas através da fraternidade e solidariedade. Acertamos quando afirmamos que sua experiência prefigura uma problemática atual: a importância e lugar da mulher na Igreja e na sociedade.
Exemplo de humanidade autêntica, Clara impressiona não pelo sorriso e palavras, mas por suas atitudes: seu amor e cuidado para com os pobres (LV 3, 3); sua coragem para sair ocultamente da casa paterna (LSC 7, 4-6); sua firmeza nas decisões (2LV VIII); seu cuidado para com as Irmãs, suas companheiras em São Damião (2LV XXIX); sua firmeza e luta junto às autoridades eclesiásticas para obter o Privilégio da Pobreza (LSC 14, 1-7); sua confiança e fé na expulsão dos sarracenos (ProcC 9,2); seu silêncio e acolhimento da doença por mais de vinte e oito anos, período de contínua dor em que não se ouviu murmuração nem queixa, mas “De seus lábios brotavam sempre santas palavras, uma ação de graças contínua” (LSC 39, 4), dentre tantas outras que podemos encontrar especialmente nos relatos do Processo de Canonização. Possa seu testemunho ajudar-nos a ressignificar nossas vidas e nos impulsionar a maior fecundidade na dinâmica do seguimento de Jesus.
Ao celebrarmos sua festa, “Recomendemo-nos a seus elevados méritos e a suas bem-aventuradas preces” (2LV XLIX).
Fraterno abraço.
Brasília, 09 de agosto de 2021
Irmã Cleusa Aparecida Neves, CFA
Presidente da CFFB
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