Matriz São Pedro celebra 50 anos de inauguração em 2015
13/07/2015
Frei Olívio Marafon
De 1948 a 1960, período em que a cidade de Pato Branco cresce, a pequena igreja de madeira da praça se torna acanhada, o povo clama por um espaço maior, o bispo Dom Carlos Eduardo Saboia Bandeira de Mello pede empenho dos frades e do povo a “se unirem e não pouparem esforços para erguerem uma majestosa igreja na cidade”. Agora tocava aos frades pesquisar uma solução condizente.
De como achar um projeto
Em 1950, esteve na paróquia Frei Walfrido Stähle, da Custódia Franciscana do Mato Grosso, notório, na época, como projetista de belas igrejas no Brasil central. Walfrido, um irmão leigo, especializou-se na área da arquitetura e engenharia, em escolas da Alemanha. As boas concepções do frade ficaram para estudo do pároco e comissão de fabriqueiros. Mais tarde, em 1957, surgiu um novo projeto, da Marna Construtora, de Curitiba. Foi apresentado ao Pároco Frei Honorato Brüggmann, pelo arquiteto René Mathieu, um francês, de seus 30 anos, radicado na capital do estado, sócio do engenheiro civil Felippe Arns. De linhas modernas, arrojadas, com arco em forma de harpa por sobre a cobertura, o projeto impactava. Foi bem acolhido pelos intelectuais da cidade, porém, com reserva, pelo povo simples e pela comissão da paróquia.
A busca de um competidor
Em 1959, Frei Gonçalo foi nomeado pároco. Procurou, de imediato, uma alternativa ao projeto da Marna. Apresentou ao renomado arquiteto Benedito Calixto de Jesus Netto a planta do terreno, junto à praça, para uma igreja, em estilo arquitetônico clássico, com área viável a um público de 1.200 pessoas sentadas. Benedito Calixto valorizava, em especial, o estilo neo-românico nos muitos e muitos templos, construídos Brasil afora, de Chapecó, passando por Itapetininga, à Basílica Nacional de Aparecida e tantas outras.
O moderno e o clássico, no ringue
Com dois projetos em mãos, o moderno e o clássico, Frei Gonçalo convocou a comunidade católica a se manifestar. Escreve o cronista: “A maioria dos homens presentes à reunião, com exceção de dois, preferiu o segundo projeto”, isto é, do Dr. Benedito Calixto, uma decisão que agradou sobremaneira ao Pároco e ao bispo de Palmas, Dom Carlos Eduardo, um cultor do tradicional na arte sacra.
Das estacas à inauguração
Em 29 de junho de 1960, Festa de São Pedro, foi lançada a pedra fundamental. Quando chegou o final do ano, as bases, em vasta área de nascentes, já tinha exigido o implante de 240 estacas de concreto, de 6 a 11 metros de profundidade. Em 29 de junho, de 1965, na 35ª Festa de São Pedro, com as bênçãos de Dom Carlos Eduardo, a nova matriz foi inaugurada, listada como uma das maiores igrejas do Paraná, com 62 metros de comprimento e 34 de largura.
A alma da cidade
A Matriz São Pedro movimenta o coração da cidade, não apenas espacialmente, mas muito mais no sentido espiritual, como expressão da fé. O relógio da torre indica as horas, o templo orienta o povo de Deus, na celebração da Palavra e da Eucaristia, na mensagem do imenso mosaico do presbitério em sua temática bíblica do Lava-pés, nas imagens dos vitrais, nas harmonias que fluem do órgão de tubos.
O que Jesus fazia no alto do monte
O conjunto arquitetônico da matriz comporta espaços para a catequese e reuniões e a Capela São Francisco, que, a modo da matriz, permanece aberta o dia todo à visitação, oração e meditação. Impressiona ao observador o número e a devoção das pessoas, de todas as classes, de perto e de longe. A catequese, por sua vez, reúne, semanalmente, mais de 1.000 crianças, adolescentes e adultos, num processo que exige sempre maior participação das famílias na educação para a fé.
Da tradição oral à escrita
Neste ano de 2015, a 85ª Festa de São Pedro, além da novena, dos festejos no salão paroquial, marcou o lançamento de duas obras. “Presença Franciscana em Terras Brasileiras”, um volume de 540 páginas, da autoria de Neri Bocchese e Elizabeth Bodanese, com destaque ao trabalho dos franciscanos no Sudoeste do Paraná. “Rádio Celinauta, uma voz forte em meio à revolta dos colonos”, o segundo livro, uma pesquisa histórica de Betto Rossatti sobre a luta pela terra no Sudoeste do Paraná, fato por fato, noticiada nos microfones da emissora franciscana. São duas produções de leigos ativos nas frentes de ação dos frades, na Paróquia e na Fundação Cultura Celinauta.
Obrigado, Senhor!
“Matriz São Pedro, 50 anos, ampla e acolhedora, integrada ao visual da cidade, expressão de uma fé de raiz profunda no coração das famílias católicas, que, em mutirão, ofereceram-se, como pedras vivas na construção da Casa do Senhor”