Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Jubileu: Momento para redescobrir a presença de Deus e a sua ternura de Pai

13/12/2015

Papa Francisco

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Cidade do Vaticano – O Papa Francisco abriu na manhã deste 3º Domingo do Advento a Porta Santa da Catedral de Roma, a Basílica São João de Latrão. É a terceira Porta Santa aberta pelo Pontífice neste Jubileu: a primeira foi em Bangui, capital da República Centro Africana, em 29 de novembro e a segunda na Basílica de São Pedro, em 8 de dezembro, abrindo oficialmente o Ano Santo da Misericórdia. Neste dia 13, são abertas as Portas Santas em todas as Catedrais do mundo.

Além da Porta Santa da Basílica São João de Latrão aberta pelo Santo Padre, também foi aberta na manhã deste domingo, 13 de dezembro, a Porta Santa da Basílica São Paulo fora-dos-muros. A cerimônia foi presidida pelo Cardeal Arcipreste James Harvey, que em sua homilia destacou ser “este o tempo da Igreja reencontrar o sentido da missão e fazer sentir a todos aquele amor de Deus que perdoa, que consola e que dá esperança”.

O Jubileu da Misericórdia teve início em Assis neste domingo com a abertura da Porta Santa na Catedral de São Rufino, pelo Bispo Dom Domenico Sorrentino: “Em Assis, a experiência de Francisco trouxe um particular acento à misericórdia e isto também no seu caminho pessoal. É ele mesmo que o narra, quando recorda no testamento que a sua conversão ocorre entre os leprosos. E depois porque, iniciado no caminho da santidade, ele quer propagar a misericórdia de Deus pedindo a especial indulgência para a Porciúncula, conhecida como “Perdão de Assis””.

 

LATRÃO

A missa teve início diante da Porta Santa no adro da Basílica. Após os Ritos de Introdução e Penitencial, o Bispo de Roma deteve-se em oração enquanto era invocado o Espírito Santo com o Veni Creator. Então, foi pronunciada a fórmula de abertura da Porta: “Esta é a porta do Senhor”. “Abri-me as portas da justiça”. “Por vossa grande misericórdia entrarei em vossa casa, Senhor”.

Após a abertua da Porta Santa da Basílica, o Pontífice foi o primeiro a atravessá-la, sendo seguido pelos concelebrantes, como o Cardeal Vigário Agostino Vallini, o Vice-Gerente Filippo Iannone, e pelos bispos auxiliares (incluindo alguns eméritos), pelo Capítulo lateranense e pelos Padres penitencieiros. A seguir, passaram seis sacerdotes da Diocese de Roma, um Diácono e quinze leigos. A procissão dirigiu-se até o altar enquanto era entoado o Hino do Jubileu da Misericórdia.

Inspirando-se na leitura do Profeta Sofonias, que faz uma exortação à alegria, o Papa iniciou sua homilia explicando que “o motivo da alegria é expresso com palavras que infundem esperança, e permitem olhar para o futuro com serenidade. O Senhor revogou toda condenação e decidiu viver no meio de nós”.

O Santo Padre diz que na proximidade do Natal “não podemos deixar-nos tomar pelo cansaço: “Não nos é permitida nenhuma forma de tristeza, embora tenhamos motivos para isso devido a muitas preocupações e por causa das múltiplas formas de violência que ferem esta nossa humanidade. A vinda do Senhor, porém, deve encher o nosso coração de alegria”.

A mensagem do Profeta – observa o Papa – abre o nosso coração à confiança: “Deus protege o seu povo”: “Num contexto histórico de grandes arbitrariedades e violências, cometidas, sobretudo, por homens de poder, Deus anuncia que Ele mesmo reinará sobre seu povo, que não mais o deixará à mercê da arrogância de seus governantes, e que o libertará de toda angústia. Hoje nos é pedido que “não deixemos desfalecer vossas mãos”, por causa da dúvida, da impaciência ou do sofrimento”.

E citando o apóstolo Paulo, que “responde com veemência ao ensinamento do profeta Sofonias”, Francisco diz que “devemos alegrar-nos sempre, e com a nossa afabilidade dar a todos testemunho da proximidade e do cuidado que Deus tem por cada pessoa”:
“Abrimos a Porta Santa, aqui e em todas as catedrais do mundo. Também este simples sinal é um convite à alegria. Inicia o tempo do grande perdão. É o Jubileu da Misericórdia. É o momento para redescobrir a presença de Deus e a sua ternura de Pai. Deus não ama a rigidez. Ele é Pai, é terno. Faz tudo com a ternura de Pai”.

O Papa observa que somos como as multidões que interrogavam João, perguntando “o que devemos fazer”. E a resposta do Batista não se faz esperar, “ele convida a agir com justiça e a olhar para as necessidades daqueles que se encontram necessitados”. Mas o que João exige – foi a ressalva do Papa – “é aquilo que está na Lei”. A nós, ao invés, é pedido um compromisso mais radical: “Diante da Porta Santa que chamados a atravessar, nos é pedido para sermos instrumentos de misericórdia, conscientes de que seremos julgados sobre isso. Quem foi batizado sabe ter uma obrigação maior. A fé em Cristo provoca a um caminho que dura para toda a vida: o de ser misericordiosos como o Pai. A alegria de atravessar a Porta da Misericórdia é acompanhada do compromisso de acolher e testemunhar um amor que vai além da justiça, um amor que não conhece fim. Somos responsáveis por esse amor infinito, apesar das nossas contradições”.

Ao concluir, o Papa exortou a rezarmos “por nós e por todos aqueles que atravessarão a Porta da Misericórdia, a fim de que possamos compreender e acolher o amor infinito do nosso Pai celeste, que transforma e renova a vida”.

ANGELUS
Após abrir a Porta Santa na Basílica São João de Latrão, o Papa Francisco retornou ao Vaticano para rezar o Angelus com os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, num domingo de céu azul e muito frio. Conversão e alegria foram os temas da reflexão do Papa: “Deus não fecha para ninguém a possibilidade de salvar-se” – ressaltou- e “nenhuma categoria de pessoas está excluída de percorrer o caminho da conversão para salvar-se”.

A pergunta dirigida a João Batista “Que devemos fazer?”- extraída do Evangelho de Lucas – inspirou a reflexão do Papa sobre o caminho de conversão e salvação. Francisco observa que três categorias de pessoas interpelam João: a multidão, os publicanos e alguns soldados. “Cada um destes grupos – explicou – interroga o profeta sobre o que deve fazer para pôr em prática a conversão que ele prega”. E João responde a eles dizendo que é “a partilha dos bens de primeira necessidade”: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!”. Aos cobradores de impostos diz: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. “O que quer dizer isto? Não cobrar propina”. E aos soldados, por fim: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!”: “Três respostas para um idêntico caminho de conversão, que se manifesta nos compromissos concretos de justiça e de solidariedade. É o caminho que Jesus indica em toda a sua pregação: o caminho do amor concreto pelo próximo”.

“Destas advertências de João Batista – notou – compreendemos quais eram as tendências gerais de quem detinha o poder naquela época, nas mais diversas formas. E as coisas não mudaram muito, hein!”. Mas faz a ressalva: “Todavia, nenhuma categoria de pessoas está excluída de percorrer o caminho da conversão para obter a salvação, nem mesmo os publicanos considerados pecadores por definição. Nem mesmo eles estão excluídos da salvação. Deus não fecha a ninguém a possibilidade de salvar-se. Ele – se poderia dizer esta palavra – está ansioso para usar de misericórdia, usá-la para com todos e de acolher a cada um no seu terno abraço de reconciliação e de perdão”.

O Papa reitera que as palavras de João propostas pela liturgia de hoje – que falam da necessidade de conversão, de mudar de direção, de rumo e de seguir pelo caminho da justiça, da solidariedade, da sobriedade – são também para nós. “Convertam-se! É a síntese da mensagem de Batista”, diz o Papa. E uma dimensão particular da conversão – observa – é a alegria, pois “quem se converte e se aproxima do Senhor, é alegre”:
“Hoje é necessário coragem para falar de alegria, é necessário sobretudo fé! O mundo é afligido por tantos problemas, o futuro marcado por incógnitas e temores. E ainda que o cristão seja uma pessoa alegre, e a sua alegria não é algo superficial e efêmero, mas profunda e estável, porque é um dom do Senhor que preenche a vida. E a nossa alegria vem da certeza de que o Senhor está próximo”.

O Papa conclui, pedindo que Maria “nos ajude a fortalecer a nossa fé, para que saibamos acolher o Deus da alegria, que sempre quer habitar em meio aos seus filhos” e “nos ensine a partilhar as lágrimas com quem chora, para poder dividir também os sorrisos”.

Após recitar a oração mariana do Angelus, o Papa saudou os fieis e grupos presentes na Praça São Pedro, recordando que hoje, em todas as catedrais do mundo, serão abertas as Portas Santas, para que o Jubileu possa ser vivido plenamente nas Igrejas particulares”: “Desejo que este momento forte estimule a muitos a serem instrumentos da ternura de Deus. Como expressão das obras de misericórdia, serão abertas também as “Portas da Misericórdia” nos locais em dificuldades e marginalização. A este propósito, saúdo os presos dos cárceres de todo o mundo, especialmente os da prisão de Pádua, que hoje estão unidos a nós espiritualmente neste momento de oração, e os agradeço pelo dom do concerto”.

De forma particular, o Papa também saudou um grupo de Focolarinos presentes na Praça, junto a amigos de algumas comunidades islâmicas. (JE)


Fonte: Rádio Vaticano