Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

“Juntos por São Francisco”, a campanha para conservação dos afrescos de Giotto

20/01/2021

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                                                                                                                                                                                   Imagens: Vatican Media

Apesar de ter passado 46 anos, dos seus 69, em contato com os afrescos de Giotto em Assis, Sergio Fusetti, conservador e restaurador-chefe da Basílica Papal de São Francisco, sempre se emociona ao se aproximar da superfície pictórica de dez mil metros quadrados que decora o lugar onde está o túmulo do Pobrezinho de Assis. Cada centímetro daquelas paredes lhe é familiar.

O maior desafio veio após o terremoto de 1997, quando foi chamado para recuperar mais de trezentos mil fragmentos de cor, desintegrados pelos abalos sísmicos. “Naquela ocasião – conta ao Vatican News – nos concentramos nos afrescos da Basílica Superior, enquanto na Inferior, que permaneceu aberta, mantivemos apenas um controle”.

A última restauração das pinturas da Basílica Inferior remonta a 1968. Há alguns anos teve início a revisão de todos os ciclos pictóricos. “Isso comporta um certo empenho econômico. Em pequena parte – continua o restaurador de cabeças – intervém o Estado, mas para dar continuidade são necessárias campanhas de angariação de fundos e a busca de doadores.”

Precisamente com o objetivo de realizar uma intervenção de conservação da aba oeste da abóbada de Giotto sobre o altar da igreja inferior, necessária em função da degradação causada por eventos sísmicos e a ação de fatores microclimáticos, a Fundação para a Basílica de São Francisco e a organização sem fins lucrativos LoveItaly lançam a campanha de coleta de fundos “Juntos por São Francisco”.

Apresentação de Maria no templo

“Nestes dias – explica Sergio Fusetti – estamos concluindo as restaurações da Capela da Madalena de Giotto. Em seguida, gostaríamos de trabalhar nas quatro abas do presbitério. Trata-se de uma operação de manutenção extraordinária: consiste em fixar os rebocos pintados ao suporte de parede e verificar a película de pintura. Precisamos eliminar as sedimentações de poeira: estamos falando de uma Basílica onde, emergência Covid à parte, fluem 5 a 6 milhões de turistas por ano. Entre poeira, vapor de água e incenso, uma camada cinza se fixou na superfície. Depois de montado o andaime, vamos eliminá-la e fazer manutenções que vão permitir mais 50 anos de segurança”.

Atualmente, de fato, são visíveis também a olho nu os descolamentos e o microlevantamento do filme pictórico. As lesões, por assim dizer, foram encontradas em toda a superfície. A mão experiente de Fusetti e sua equipe de colaboradores é uma garantia, mas o aporte financeiro é necessário. Em acordo com a Custódia Geral e a Superintendência, pensou-se em aproveitar este momento de emergência nacional, sem público na Basílica, para montar o andaime.Pintura de Giotto

Pintura de Giotto

“Por enquanto, a arrecadação de fundos inclui uma única aba, a de São Francisco na Glória: cerca de 60 metros quadrados de superfície. Estamos confiantes, porém, de também poder colocar nossas mãos nas outras três abas que representam os votos dos frades, pobreza, castidade e obediência, completando assim o transepto”.

O valor artístico das pinturas é incomensurável. “Estamos perante um trabalho atribuível a Giotto e aos giottescos. Giotto formou-se na Basílica de São Francisco. Aqui ele recebeu suas primeiras encomendas e aquela na qual estamos prestes a trabalhar é uma de suas últimas obras que realizou na Basílica entre 1318 e 1320. O Transepto foi certamente projetado pelo Mestre toscano que, juntamente com seu atelier, o realizou pela metade. O restante foi interpretado por Pietro Lorenzetti”.

Pintura de Giotto na "Cappella degli Scrovegni"
Pintura de Giotto na “Cappella degli Scrovegni”

Até os frades do Sacro Convento convidam a participar da campanha de arrecadação de fundos. “Temos um grande privilégio”, é o apelo do Padre Custódio Marco Moroni, “o de guardar a Basílica onde repousam os restos mortais de São Francisco de Assis. Muitos artistas foram chamados aqui para homenageá-lo com seu trabalho hábil. Agora cabe a nós preservar essas obras de arte. Nós as guardamos para que as futuras gerações ainda possam desfrutar de toda essa beleza, um testemunho de arte e fé”.


Fonte: Vatican News Service  (texto de Paolo Ondarza)