Missa na praia encerra Jornada Franciscana no Rio
13/08/2014
Frei Clauzemir Makximovitz
Qual o local de encontro com Deus? Onde se deve buscar a experiência de fé? A quem pode chegar a alegre notícia do Evangelho? Se alguma notícia é capaz de mudar nossa vida é a de que Deus caminha conosco, é presente em nossa vida! E nessa alegria uma verdadeira jornada franciscana tomava formas na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Já é praxe o Serviço de Animação Vocacional (SAV) da Província da Imaculada Conceição investir nas visitas aos colégios, e, sob o tema de violência nas escolas, a acolhida foi excelente. As poucas visitas que o breve dia 08 de agosto possibilitaram provou que a construção da paz em todos os níveis é um tema não só indispensável, mas ainda com apelo em nossa realidade de tanta competitividade e violência de todos os tipos.
Mas foram os dias seguintes que marcaram a experiência da jornada. Uma caminhada ecológica, louvando e também reconhecendo, encontrando com Deus na simplicidade e ao mesmo tempo na exuberância da natureza nunca deixa de explicitar a vocação franciscana de louvar pela criação toda.
E a missa celebrada na praia de São Conrado chamou mais que curiosos para rezar juntos oferecendo nossas vidas em oferta no banquete eucarístico que alimenta na caminhada, na luta e no compromisso por um mundo melhor.
09 de agosto – caminhada franciscana
Irmão sol com irmã luz,
trazendo o dia pela mão
Irmão céu de intenso azul
a invadir o coração, Aleluia!
Parecia que São Pedro não estava disposto a corroborar os versos do canto tão franciscano a louvar a criação num dia de sol… Ao menos não na Rocinha neste sábado, 09 de agosto. Não que a irmã chuva também não apresente seu louvor ao Criador de todas as coisas. Mas essa manhã de sábado, aguardada por jovens de todas as idades, era a data da caminhada no Morro da Urca. Oito da manhã, horário marcado para a saída da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, o clima chuvoso se impunha dolorosamente.
Não foi só a animação dos mais jovens, e sim a insistência de todos que motivaram os mais de 25 presentes a encararem a proposta. De van fomos até a praia vermelha. De lá, seguimos a trilha. Para iniciar, diante da imagem de Nossa Senhora da Conceição, oferecemos aquele momento de alegria em ação de graças. E prosseguimos; com subidas íngremes e escorregadias, em meio a raízes e galhos, um ajudando ao outro, todos caminhando em comunhão na alegria do passeio e em reconhecimento à dádiva que é estarmos juntos.
Ao fim da caminhada a recompensa. Não foi só a vista privilegiada do parque, primeira parada do bondinho que leva ao Pão de Açúcar. Um Rio de Janeiro abençoado por Deus se via lá de cima. Abençoado pelas belezas naturais e pelas promessas de tantos cariocas que acreditam e sonham com um mundo melhor. O lanche partilhado, um belo piquenique, celebrava, num verdadeiro banquete de ação de graças, o dom maior que nos unia: a alegria de partilhar. Partilhar nosso tempo, nosso alimento, nossas vidas naquele momento de Comunhão. Se com o encontro de Francisco e Clara o horizonte ficara vermelho de esplender, em nossa celebração o céu azul completava o cenário idílico.
Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o Senhor Irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.
Louvado sejas pelo céu azul
Que enquadra o encontro fraterno,
E pelo próprio encontro.
Sejas louvado pelo irmão
E no irmão
Dom teu e presença Tua!
10 de agosto – Missa na praia!
Não era só a lua que estava especial no domingo 10 de agosto. Se o fenômeno da superlua ou lua gigante iluminava o céu de maneira extraordinária, já antes dela aparecer a praia de São Conrado se enfeitava de um jeito diferente. No meio da tarde, jovens de todas as idades foram chegando, trazendo alegria, bandeiras, disposição, cataventos… e aos poucos estava tudo preparado para a festa. Louvando ao Deus de nossas vidas – vidas às vezes repletas de desafios, mas nunca sem sentido ou sem a companhia constante desse Deus – dançando, rezando e cantando, a missa na praia chamava a atenção de quem passava e aproximava cada vez mais quem tinha vindo para celebrar.
Num tom totalmente franciscano, um cântico de louvor pelas criaturas tomava corpo naquele corpo místico que rezava junto. O crucifixo de São Damião, confeccionado por jovens da Rocinha, apresentava o Cristo com a favela ao fundo. Nosso Deus que caminha conosco, sem tristeza, sem pesar no semblante, mas compassivo, misericordioso e feliz. As preces levadas com o incenso aos céus, e o compromisso em construir um mundo de paz foram gestos que marcaram a celebração para todos.
Na ação de graças, um compromisso concreto, as fitinhas abençoadas com água do mar continham o compromisso por um mundo de paz e bem, que cada um queria assumir, mas não sozinho, tanto que um amarrava a fitinha no braço do outro. Com a lua alta no céu, findando a celebração eucarística, uma canjica oferecida a todos pela paróquia marcou novamente o encontro em torno à mesa.