Inspirações de Santa Clara fortalecem a fé dos fiéis no Convento da Penha
12/08/2025

A fraternidade franciscana do Convento da Penha, em comunhão com toda a Igreja, celebrou no dia 11 de agosto, a festa em honra à Santa Clara de Assis, a “Plantinha de São Francisco”, tão querida e venerada por católicos do mundo inteiro. Ela é invocada como a Padroeira da Televisão e a Fundadora da Ordem das Clarissas, sendo a primeira mulher a ter uma Regra aprovada pela Igreja Católica. No Brasil, a devoção popular conhece mais a santa como a padroeira da TV e de seus profissionais.
A Missa Solene das 15 horas foi presidida pelo Guardião da Penha, Frei Gabriel Dellandrea, com presença do Frei Pedro Engel e Frei Jorge Lázaro de Souza, além de centenas de fiéis que lotaram a Capela no alto da Montanha Sagrada. “Clara, preclara por seus claros méritos, clareia claramente no céu pela claridade da grande glória, e na terra pelo esplendor dos milagres sublimes. O mundo recebeu de Clara um claro espelho de exemplo… Brilhou no século…, brilhou na vida…, foi clara na terra e reluz no céu”, diz a Bula de Canonização da santa.
Na homilia, Frei Gabriel destacou porque Santa Clara é invocada pelas pessoas que trabalham e gostam de televisão, ressaltando que ela também intercede pela nova geração que acompanha “transmissões” pelas redes sociais, o que ficou ainda mais forte no período da pandemia.
“Sem muita dificuldade, ao passarmos pelos canais da televisão aberta ou rolarmos as nossas redes sociais, nós encontramos uma oportunidade que ajuda muitos cristãos a participarem de um dos momentos mais importantes da Igreja. Não é uma participação plena, mas é uma forma de estar presente no momento que é ápice da experiência de fé. Este recurso também nos ajudou muito num dos períodos mais difíceis que vivemos nos últimos tempos, que foi a pandemia, e por muitas vezes nos obrigamos e procuramos desenvolver a presença diante desse recurso de um modo mais assertivo, para bem aproveitá-lo, embora sentíssemos saudade de estar vivamente, presencialmente naquele evento. Estou falando da Missa transmitida, que agora muitos irmãos ‘lá de casa estão acompanhando’. Este recurso da Missa transmitida não supõe a missa presencial, mas ajuda muitos a terem a oportunidade de também, ao menos ouvirem a Palavra de Deus, visualizarem o rito, matarem a saudade da Igreja, ou até participarem de uma Missa de um outro lugar para verem aquela celebração”, recordou Frei Gabriel.

“Mas por que eu estou falando de Missa transmitida no dia de Santa Clara? ”, questionou o Guardião. “Porque se vocês acham que fomos os primeiros a assistir Missa transmitida pela televisão, estão muito enganados. A primeira pessoa que assistiu uma Missa transmitida na Igreja é a santa que celebramos hoje: Santa Clara de Assis. Aí vocês olham para mim e falam, mas como assim? Porque lá na idade média, ‘mil duzentos e tanto’, nem rádio tinha, nem energia elétrica e como é que ela assistiu à Missa transmitida? Conta a história que Santa Clara, já no final de sua vida, muito doente, na noite de Natal, queria muito ir na missa com as irmãs, na Basílica de São Francisco, porém a doença não a permitiu e as irmãs todas foram e ela ficou sozinha em casa e conta a história de que ela, assim que começou sua oração, passou a ouvir, mesmo que muito distante da Basílica de São Francisco, os frades cantando os salmos e hinos da missa do dia de Natal. Mesmo de longe, a santa sentiu a emoção de participar daquela celebração lá no seu leito de dor. Ela inclusive, conta os relatos, escutava até os instrumentos musicais e, quando as irmãs retornaram para casa, foram contar para ela como foi a Missa, mas ela mandou que as irmãs silenciassem e contou às irmãs como tudo havia ocorrido, ratificando essa experiência mística que ela realizou. Diante dessa história, devemos ter uma certeza, a do Evangelho que ouvimos, ‘permanecer em mim e eu permanecerei em vós’. As irmãs todas foram para a Missa, mas ficou com Clara Aquele que ela buscou a vida inteira que foi Jesus”, detalhou.
Fazendo uma correlação com o Evangelho, Frei Gabriel disse: “Clara permaneceu a sua vida e Jesus permaneceu com ela o tempo inteiro. Um outro elemento interessante é essa capacidade de visualizar a ação de Deus no dia a dia especialmente num momento de maior angústia. Clara poderia se sentir abandonada, sozinha, mas ao estar com o coração, o ouvido e a voz atentos, percebeu e visualizou o Senhor ali, presente com ela. Portanto, irmãos e irmãs, ela não só assistiu à Missa transmitida, ela participou da Eucaristia, porque participar da Eucaristia não é só a Missa, é ser também alguém que se transforma pela Eucaristia e Clara é assim, se deixou transformar por aquele Jesus que todos os dias recebia no mistério Eucarístico”.

E concluiu: “Santa Clara não só visualizou a Missa, mas ela todos os dias, ao buscar o Corpo do Senhor, também foi se transformando cada vez mais nEle, a partir de sua vida, de tal modo que propõe a todas as suas filhas [Clarissas], e essa dica vale a cada um de nós, que na nossa experiência de fé, podemos rezar de um modo muito interessante, segundo Santa Clara. Devemos perceber Jesus como um espelho e considerando-o e contemplando-o, nos transformarmos naquele que vemos. O milagre dela ter assistido a Missa transmitida não foi só uma coisa qualquer, mas a demonstração de que aquele Senhor que ela em vida procurou o tempo inteiro, se espelhando nele, agora estava com ela e sempre esteve. Para nós fica esse convite: espelhemo-nos no Senhor! Tantas vezes a gente se espelha em pessoas, não é?! Lá nas redes sociais, às vezes, a gente tem alguém que faz uma receita, então a gente passa a seguir aquela pessoa porque ela faz uma receita boa, ou então, a gente se espelha numa outra pessoa para fazer o corte do cabelo, os homens para deixar a barba, ou então para usar algum tipo de roupa. É normal que nos espelhemos em alguns exemplos ou em algumas figuras, mas a partir da perspectiva cristã e inspirados em Santa Clara, espelhemo-nos no Senhor, olhando-o, considerando-o e contemplando-o. tenho certeza que assim como Santa Clara, vamos colher muitos frutos da presença Dele, porque Ele está conosco. Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”, finalizou Frei Gabriel.
Antes da Bênção Final, o frade destacou sua relação de devoção a Santa Clara, tendo inclusive, familiares com o nome da santa, como a sobrinha “Clara” e uma tia “Clarisse”. Ele também lembrou que, recentemente, teve a oportunidade de conhecer locais franciscanos na cidade de Assis, na Itália.
Cristian Oliveira/ASCOM Convento da Penha





