Moacir Beggo

São Paulo (SP) – Em clima de festa pelo Patrono da Ecologia, São Francisco de Assis, um grupo de frades do Convento São Francisco fez nesta quarta-feira, 1º de outubro, uma celebração franciscana no Parque Zoológico de São Paulo, onde com os funcionários, visitantes e vocacionados agradeceram a Deus pela grande obra da criação.

A celebração aconteceu exatamente no lago onde está a imagem de São Francisco de Assis, que foi doada pela Província Franciscana da Imaculada Conceição, quando celebrou 300 anos de fundação, em 1975. Frei Gustavo Medella presidiu a celebração e lembrou que os frades se sentiam em casa por estar no ambiente de cultivo da educação, da consciência do respeito pela natureza, da formação da juventude, do cuidado com as espécies, dos estudos das espécies. “Porque São Francisco, sabendo-se originário de uma única e universal fonte de amor, que é Deus, considerava todas as criaturas vivas e não-vivas, animadas e inanimadas como seus irmãos e irmãs. Então, nós podemos dizer que estamos aqui em família. É uma grande alegria estar aqui com todos aqueles que têm a missão de levar adiante este trabalho tão bonito na Fundação do Zoológico de São Paulo”, disse o celebrante na acolhida.

Depois da leitura de um trecho da biografia de São Francisco, tirada dos Escritos Franciscanos, Frei Medella refletiu que, com frequência, até por uma questão de necessidade de urgência, há um clamor pelo cuidado da natureza, para que a humanidade tenha possibilidade de sobrevivência no futuro. “É um apelo justo, necessário e legítimo. No entanto, se nós pensarmos com bastante critério, também poderemos chegar à conclusão que muito mais que sermos cuidadores da natureza, é ela que cuida de nós. O que seria de nós se não houvesse a água, que nos hidrata e fecunda o solo? O que seria de nós sem a terra, que produz alimentos? O que seria de nós sem o sol? Não teríamos vida. Portanto, somos cuidados pela natureza, mas essa consciência em diversas vezes nos escapa e nós nos consideramos os cuidadores, os dominadores. É por esse motivo que cuidar da natureza, cuidar da preservação das espécies, respeitar cada ser vivo, é cuidar, respeitar, e atender o ser humano, principalmente, nas suas necessidades”, enfatizou Frei Gustavo, dando os parabéns ao Zoológico de São Paulo por esse “trabalho incansável, que o sei difícil e exige grande dose de idealismo”.

Falando os funcionários, disse que, com o seu trabalho, acreditam naquilo de mais belo no coração do ser humano, naquilo que há de mais nobre na existência de cada pessoa: fomentar esse espírito de carinho, de serviço, de respeito e de cuidado.

“Quanto bem vocês não fazem aos milhares de visitantes que aqui chegam todos os anos, como essa criançada que agora acaba de adentrar nos portões. Continuem com entusiasmo fomentando nos seus interlocutores o respeito pela natureza, o amor pela criação e tenham certeza: vocês estarão sendo construtores do Reino de Deus, vocês estarão sendo colaboradores da primeira hora do sonho de Francisco de Assis, que foi o de levar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo a todo o universo e a toda criatura”, disse Frei Gustavo.

Segundo o frade, professando ou não a fé católica, os funcionários do Zoológico, que se engajam na causa da formação, do cuidado e do respeito, são evangelizadores, discípulos de Francisco de Assis. “Que Deus ilumine e abençoe o trabalho de vocês e que todos nós tenhamos este carinho e respeito por todos os bens da criação”, pediu.

Paulo Bressan, diretor-presidente da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, ficou muito contente com a presença dos frades. Ele lembrou que já é uma tradição desde 1975 a bênção de São Francisco no Zoológico. “Todo ano, se não for com os franciscanos, nós sempre fazemos aqui uma homenagem em sintonia com a filosofia de São Francisco”, disse, lembrando também um ritual da lavagem da estátua de São Francisco, que hoje é um “porto seguro” das aves.

“Essa parceria com vocês é muito importante para nós, para os nossos profissionais, sejam eles técnicos, operacionais, administradores, mas especialmente porque todo este grupo de pessoas trabalha diuturnamente pelo bem-estar dos animais. Então, é uma prática nossa e, se não fosse essa convicção e amor aos animais, não haveria razão de existir”, explicou Bressan.

Segundo ele, não haveria razão de existir se não fosse “para passar isso aos jovens, crianças e até nós, adultos, que precisamos sistematicamente de um reforço nessa linha de pensamento e de postura. Então, para nós, essa participação de vocês, é um estímulo para continuarmos passando essa mensagem de São Francisco, que é muito viva hoje. A gente tem certeza e convicção que esta instituição contribui para isso. Sem dúvida, é um trabalho difícil, mas todos os nossos funcionários o fazem com muito amor”, completou.

Exemplo disso é a funcionária Fernanda Junqueira Vaz. “Estou muito emocionada. Sou devota de São Francisco e é muito bonito ver uma celebração que resgata esse amor que o santo tinha pelos animais”, disse a bióloga, que trabalha no Zoológico desde 1996, quando entrou como estagiária. “Desde pequena gostava de animais, cresci já sabendo que ia trabalhar com animais. Não sabia se cursaria veterinária ou biologia. Mas aí com o tempo vi que seria bióloga mesmo”, contou a moradora de uma vila com o nome de São Francisco, no Butantã.

A estátua de São Francisco de Assis foi inaugurada também em um sábado no Parque Zoológico de São Paulo: 6 de dezembro de 1975. O idealizador foi o guardião do Convento São Francisco, Frei Edgar Weist. A imagem mede 2,20m e pesa cerca de 3 toneladas; é de cimento armado, revestida de uma pátina. Colocada no “Lago dos Cisnes”, a estátua tem um lobo e ovelha aos pés, uma pomba à mão.

São Francisco foi proclamado Patrono da Ecologia pelo Papa João Paulo II no dia 29 de outubro de 1979.