Notícias - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM

Frei Alberto começa ministério presbiteral

28/05/2012

Notícias

Por Moacir Beggo

A celebração da Primeira Missa nem sempre é tranquila para um neossacerdote. Mas para Frei Alberto Eckel Júnior, conhecido por seu interesse e zelo pela liturgia, a Solenidade de Pentecostes o deixou mais à vontade ainda. Quem o viu no domingo (27/05) presidindo a celebração não pensaria que se tratava das Primícias de um jovem sacerdote. E foi assim, com calma, serenidade e tranquilidade que Frei Alberto celebrou a Primeira Missa na Comunidade de São Francisco de Assis, em Indaial. Ao seu lado, ele teve como concelebrante o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que foi escolhido por ele para ser o pregador nesta Missa.

A bela igreja de São Francisco de Assis, que é assistida por Frei Márcio Machado, da Terceira Ordem Regular franciscana, tornou-se uma casa franciscana naquele domingo solene de Pentecostes. A começar pelo pároco, frades, noviços e seminaristas participaram em peso desta celebração. O povo também lotou a igreja para homenagear o seu mais jovem presbítero.

Como pregador nestas Primícias, uma tradição na Província, Frei Fidêncio perguntou como associar este lema da Ordenação Presbiteral – “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37) – ao Mistério da Solenidade litúrgica de Pentecostes? Ele mesmo respondeu lembrando São Francisco: “Ao admoestar os seus irmãos a “não extinguirem o Espírito do Senhor, e o seu santo modo de operar”, afirma que precisamos ser pessoas sedentas deste Espírito (desta água), pessoas desejosas deste hálito vital de Deus, para estarmos em comunhão contínua com o ‘Manancial da Vida’.”

Segundo o Ministro Provincial, o Espírito Santo impulsiona para a missão de renovar a partir da linguagem unificadora do amor à face da Terra. “Sim, é preciso renovar a face da ‘Mãe-Terra’ e do mundo inteiro que, originalmente, fora santificado pelo sopro divino. É preciso renovar a face da terra, pois nela, não raro, gravitam outros deuses com seus espíritos que imprimem na humanidade de hoje linguagens enigmáticas e confusas, nada diferente do simbolismo da Torre de Babel no Antigo Testamento!”, alertou. Frei Fidêncio terminou sua homilia fazendo uma belíssima oração sobre os dons do Espírito Santo.

Essa tranquilidade e experiência de Frei Alberto com o sagrado já vem de longe, como revelaram os pais na emocionante homenagem no final da celebração. Segundo eles, foi um susto quando o menino Alberto decidiu ir para o seminário. “Estávamos com os olhos tapados”, confessou a mãe. Desde então começaram a “dar uma de detetive” para saber como nasceu esse desejo no menino de ser padre. Com a ajuda dos primos, que revelaram estar “cansados de tantas Missas rezadas” por Frei Alberto, os pais acharam o grande segredo de Frei Alberto: um sacrário confeccionado de madeira velha por ele mesmo com a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Enquanto a mãe revelava o segredo durante a Missa, os irmãos Thiago e Thayse trouxeram este brinquedo em procissão até o altar. “Aí então, meu filho, caiu a ficha: tua vocação é estar a serviço de Deus, como padre, seguindo o exemplo de São Francisco”, acrescentou, lembrando que Frei Nélson Hillesheim fez o acompanhamento vocacional. “Por isso, hoje, teus pais, dizemos mais uma vez a você: Vai meu filho, vai onde precisarem de ti! E conta sempre com agente. Mas nunca perca a pureza do coração, a simplicidade, a humildade, e sobretudo a alegria de servir, tendo como referência e modelo Nossa Mãezinha do céu, Maria. Conte sempre com a gente e voe, voe alto a serviço do Senhor! E nunca se esqueça: nós amamos você!”, completou.

Por último, Frei Márcio agradeceu a presença de todos os frades durante a Semana Missionária e, lembrando a Oração de São Francisco, disse que ele recebeu mais do que deu nesta semana que antecedeu a ordenação e Primeira Missa de Frei Alberto. Frei Alberto ficou uma semana em Indaial, mas depois retornou para a sua fraternidade, no Convento da Penha, em Vila Velha (ES).


ÍNTEGRA DA HOMILIA

 “Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis,
e acendei neles o fogo do Vosso amor.
Enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado,
e renovareis a face da terra”.

Caríssimos irmãos e irmãs,

Queridos pais, Alberto e Jociane Mary, e irmãos, Thiago e Thaize,

Caro irmão neossacerdote Frei Alberto.

1. “Enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra”. Assim suplicamos porque acreditamos que o mistério do amor de Deus está centrado na vida. É por isso que, com frequência, invocamos o Espírito Santo porque sabemos que Ele paira sobre todo o universo, qual novo amanhecer de um contínuo Pentecostes, renovando a vida sobre a face da terra.

2. A Sagrada Escritura nos fala que por diferentes modos o Povo de Deus celebrava festivamente as intervenções renovadoras de Deus na história da humanidade e da criação inteira.  E uma dessas comemorações solenes era a festa das Tendas, festa que o Senhor pediu a Moisés como está dito no livro do Levítico (Lv 23,33), onde o povo de Deus, saindo das suas casas e morando em tendas durante sete dias, alegrava-se para recordar suas origens e os quarenta anos de peregrinação no deserto.

3. O Evangelista São João nos conta que numa festas das Tendas, aliás, “no último dia e mais importante da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: SE ALGUÉM TEM SEDE VENHA A MIM E BEBA” (Jo 7,37). Este solene anúncio de Jesus Cristo foi escolhido por Frei Alberto Eckel Junior para ser o lema do seu ministério sacerdotal: “Se alguém tem sede venha a mim e beba”.

4. Alguém poderia me perguntar: como associar este lema da Ordenação Presbiteral e das Primícias Sacerdotais do Frei Alberto ao Mistério da Solenidade litúrgica de Pentecostes?

5. O próprio evangelista São João, ainda comentando a fala de Jesus no auge da Festa das Tendas, diz: “Ora, Jesus disse isto a respeito do Espírito que haveriam de receber os que nele cressem, pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado” (Jo 7,39).

6. O Bispo Santo Irineu nos diz: “Foi por isso que o Senhor prometeu enviar o Paráclito, que os tornaria capazes de receber a Deus. Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa num só pão, nós também que somos muitos, não poderíamos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto”…. Por esse motivo, temos necessidade deste orvalho da graça de Deus para darmos fruto e não sermos lançados ao fogo, e para que também tenhamos um Defensor onde temos um acusador” (Ofício das Leituras de Pentecostes)

7. Quando São Francisco de Assis, ao admoestar os seus irmãos a “não extinguirem o Espírito do Senhor, e o seu santo modo de operar”, afirma que precisamos ser pessoas sedentas deste Espírito (desta água), pessoas desejosas deste hálito vital de Deus, para estarmos em comunhão contínua com o “Manancial da Vida”, tal como nos diz Jesus na sequência da sua fala na mesma Festa das Tendas: “Quem crer em mim, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7, 38).  “A condição primeira para receber o Espírito Santo não são os méritos e as virtudes, mas o desejo, a necessidade vital, a sede” (R. Cantalamessa).

8. “Quem tem sede venha a mim e beba”! Quem bebe, é saciado! Quem desta água se sacia é transformado, é renovado! O Espírito Santo, Dom dado ao ‘mundo universo’ após a glorificação de Jesus e que renovou a vida dos Apóstolos na manhã de Pentecostes, também quer renovar-nos nesta festa solene, quando aqui oferecemos a Deus as primícias sacerdotais de Frei Alberto.

9. Ontem à noite, ao impor as mãos sobre Frei Alberto no momento central do rito da Ordenação, Dom José assim suplicava: “Nós vos pedimos, Pai todo poderoso, constituí este vosso servo na dignidade de Presbítero, renovai em seu coração o espírito de santidade” E: “obtenha o segundo grau da ordem”; “seja exemplo para todos”, “seja cooperador da Igreja para que as palavras do Evangelho possam fecundar os corações dos fiéis para que produzam frutos com a graça do Espírito Santo”.

10. Diria que naquele momento, hora de plenitude na vida deste homem sedento e prostrado num ato de fé, livremente deixou-se renovar pelo Espírito Santo de Deus que um dia o consagrou no Batismo. E mais: Frei Alberto, compenetrado no mistério do amor de Deus do qual brota o verdadeiro manancial da vida, livremente acolheu em si a força renovadora do Espírito Santo, para estar devidamente ungido e preparado para a missão própria que emana do sacerdócio de Jesus Cristo. Pois o Espírito Santo “não deixou jamais tranquilos e sossegados aqueles sobre os quais veio. Aquele a quem o Espírito Santo toca, o Espírito Santo muda!” (R. Canalamessa). Sim, o Espírito Santo transforma! O Espírito Santo impulsiona para a missão.

11. Qual missão? A de renovar a partir da linguagem unificadora do amor a face da terra. Sim, é preciso renovar a face da “Mãe-Terra” e do mundo inteiro que, originalmente, fora santificado pelo sopro divino. É preciso renovar a face da terra, pois nela, não raro, gravitam outros deuses com seus espíritos que imprimem na humanidade de hoje linguagens enigmáticas e confusas, nada diferente do simbolismo da Torre de Babel no Antigo Testamento! Pentecostes foi e quer ser diferente. O Espírito Santo que desceu sobre o embrião da Igreja, unificou os discípulos/as com todas as pessoas presentes em Jerusalém! O espírito Santo congregou raças e povos, línguas e nações na mesma linguagem do amor.

12. Caro Frei Alberto, que o sacerdócio de Cristo que você acolheu para sua vida e missão, seja um Pentecostes que fecunda os corações dos fiéis para que eles produzam frutos com a graça do Espírito Santo, assim como São Paulo: os mais preciosos frutos do Espírito são: “o amor, a alegria, a paz, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio” (Gl 5,22-23)

13. Caríssimos irmãos e irmãs: hoje aqui nos encontramos reunidos para celebrar o Pentecostes da Igreja; aqui nos reunimos com Maria Santíssima, a Mãe de Deus, quais novos discípulos e discípulas, a invocar dos céus os sete dons do Espírito Santo.

Hoje, Frei Alberto, carinhosamente imploramos o Paráclito para que infunda em seu coração os seus divinos dons, a fim de que você “possa fecundar os corações dos fiéis para que produzam frutos com a graça do Espírito Santo”.

Por isso hoje, suplicamos:

• Espírito Santo, derramai sobre este confrade neossacerdote o DOM DA SABEDORIA, a Sabedoria que é irmã da Simplicidade, tão serenamente cantada por São Francisco de Assis na saudação às Virtudes: “Salve, rainha Sabedoria, o Senhor te guarde por tua santa irmã, a pura simplicidade”.

• Espírito Santo, derramai sobre este neossacerdote o DOM DO ENTENDIMENTO para acolher e entender as verdades da salvação, reveladas na Sagrada Escritura e nos ensinamentos da Igreja.

• Espírito Santo, derramai no coração deste neossacerdote O DOM DO CONSELHO. Que ele tenha o discernimento necessário para ajudar e orientar as pessoas que necessitam. Que ele tenha a capacidade de dialogar fraternalmente com todos, de animar os desanimados, unir-se o que está dividido e de levar a esperança aos que sofrem.

• Espírito Santo, derramai no coração deste neossacerdote o DOM DA FORTALEZA para viver no seu cotidiano sacerdotal a “reta fé, a esperança certa e a caridade perfeita”, a fim de ajudar as famílias a se santificarem, aos jovens a terem esperança e a todas as lideranças a lutarem por uma sociedade fraterna e justa.

• Espírito Santo, derramai sobre este neossacerdote O DOM DA CIÊNCIA, que é a verdade da vida nos seus mistérios mais profundos; não a ciência da carne, mas a ciência do Espírito, pois “a letra mata, mas o Espírito vivifica”. Uma ciência que o conduza, “pela palavra e pelo exemplo a restituir tudo ao Senhor, ao qual todo o bem pertence” (Adm 7).

•Espírito Santo, derramai sobre este neossacerdote O DOM DA PIEDADE para que por meio deste dom ele possa amar e servir a Deus com alegria, tal como Francisco de Assis pede aos sacerdotes da Ordem: “Considerai vossa dignidade, irmãos sacerdotes, e sede santos porque ele é santo” (CtO 23).

• Espírito Santo, dai a este irmão O DOM DO TEMOR DE DEUS, pois “onde o temor de Deus está guardando a casa, o inimigo não encontra espaço para entrar” (Adm 27,6). 

Juntos oremos: Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a Luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre da Sua consolação, por Cristo Senhor Nosso. Amém!