Fraternidades promovem Dia da Escuta em duas cidades
04/09/2015
O último domingo foi marcado pela demonstração de solidariedade aos hansenianos. Diversas fraternidades franciscanas seculares participaram do Dia da Escuta e se dividiram entre duas cidades do Estado do Rio de Janeiro e foram até o Hospital Colônia de Curupaiti, no bairro do Tanque (RJ) e ao Hospital Estadual Tavares de Macedo, no bairro de Venda das Pedras, Itaboraí (RJ) para uma visita aos pacientes hansenianos.
Breve história da Ordem Franciscana Secular A Ordem dos Frades Menores (OFM) nasceu em 1210, e a Ordem de Santa Clara (as Clarissas), em 1212. Foi também nessa época que nasceu a Ordem Franciscana Secular (OFS), tendo como ideal viver o Evangelho em todos os lugares onde se encontravam. Homens e mulheres, casados e solteiros, em meio às famílias, buscando viver o mesmo ideal que tanto atraiu Francisco de Assis. A Ordem foi aprovada pelo Papa Honório III em 1221. Luquésio e Buonadona são considerados os primeiros franciscanos seculares pois, segundo a tradição, esse foi o primeiro casal que São Francisco aceitou na Ordem Secular daquele tempo. |
O encontro é promovido anualmente pelo Regional Sudeste 2, da Ordem Franciscana Secular do Brasil (OFS), com o objetivo de proporcionar aos irmãos e irmãs franciscanos seculares um ambiente de convívio fraterno, e a oportunidade de conhecer histórias de vida de pessoas que ficaram estigmatizadas pela doença e pelo preconceito, mas que dão grandes exemplos de como superar as adversidades da vida.
O domingo começou com um farto café da manhã partilhado pelos irmãos que, com alegria e singeleza de coração, colocavam sobre a mesa seu alimento e se abraçavam revivendo o carisma primitivo da Ordem Franciscana. Após o café, as capelas de Nossa Senhora da Piedade, no Rio de Janeiro, e a de Nossa Senhora Aparecida, em Itaboraí, ficaram pequenas para receber tantos visitantes que participaram das celebrações eucarísticas nas duas cidades.
Ainda durante a manhã, os irmãos foram divididos em grupos guiados por moradores das colônias para a realização das visitas às enfermarias e às casas das famílias. Esse momento enriquecedor foi marcado pela escuta e também pela troca de vivências e tocou fundo na alma de cada irmão em cada gesto de acolhida e de solidariedade, que permitiram enxergar no rosto do irmão sofredor a face de Cristo, de Francisco e de Clara.
Após a visita fraterna os irmãos partilharam o almoço e as sobremesas com muita alegria e espontaneidade, louvando e glorificando a Deus e dando graças pela vocação franciscana e a vida em fraternidade. Os presentes ainda puderam partilhar as ricas experiências vividas durante as visitas e o convívio com os irmãos de outras fraternidades e com os assistentes espirituais que dão frescor e revigoram o do carisma franciscano.
A presença solidária entre os pobres e leprosos está na essência do carisma franciscano. Francisco e Clara de Assis tinham uma predileção pelos leprosos e deles cuidava com inefável amor. O próprio Pai Seráfico superou o preconceito que tinha dos leprosos e assumiu a condição vivida por eles em sua época, sentindo o abandono, exclusão e sofrimento em que viviam e vendo no rosto daqueles enfermos e marginalizados a presença do Senhor.
A mística franciscana nos impulsiona a prosseguir a obra de São Francisco que teve sua conversão determinada pelo encontro com o leproso o qual acolheu com um abraço e um beijo. Esse gesto de Francisco simboliza o modo cristão e franciscano de ver, sentir e estar no mundo de uma nova maneira, pondo-se a serviço das pessoas em situação de vulnerabilidade e daqueles que ainda padecem com a hanseníase apesar do desenvolvimento da ciência e das práticas terapêuticas.
No final da tarde, os presentes se reuniram e compartilharam suas experiências durante as visitas, revelando como os momentos vividos contribuíram para a conversão pessoal e para a necessidade de maior presença entre pessoas mais simples e pobres tal qual viveu São Francisco e tantos santos da ordem seráfica.
O Ministro Arion Fernandes destacou que, mais do que um evento para as fraternidades, o Dia da Escuta se propõe a ser um itinerário vocacional e de conversão para todos os irmãos que desejam abraçar a vocação franciscana secular e conformar suas vidas ao Santo Evangelho. O ministro também agradeceu a acolhida fraterna dada pela Congregação Mariana de Curupaiti que, há 60 anos, presta auxílio material e espiritual aos pacientes do hospital e seus familiares, e a outras pessoas de comunidades pobres adjacentes à colônia.
Por fim, o ministro destacou a importância dessa atividade para as fraternidades locais e também para a Juventude Franciscana, uma vez que a vivência fraterna se concretiza a partir de pequenos gestos de escuta, partilha e de presença solidária entre os pobres, muito amados por Cristo e também por Francisco e Clara de Assis.
“Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: como estivesse em pecado, parecia-me deveras insuportável olhar para leprosos. E o Senhor mesmo me conduziu entre eles e eu tive misericórdia com eles. E enquanto me retirava deles, justamente o que antes me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo. E depois disto demorei só bem pouco e abandonei o mundo” (São Francisco de Assis).